Nenhum
evento no progresso da história da igreja a afeta tão profundamente, ou
tão felizmente, quanto a conversão de Saulo de Tarso. De principal dos pecadores ele
se tornou o principal dos santos - do mais violento opositor de Cristo
ele se tornou o mais zeloso defensor da fé - como inimigo e perseguidor
do nome de Jesus na Terra, ele era o "principal"; todos os outros, em
comparação a ele, eram subordinados (Atos 9; 1 Timóteo 1).
É
bastante evidente, a partir do que ele fala sobre si mesmo, que ele
acreditava que o judaísmo era não só divino, mas a perpétua e imutável
religião de Deus para o homem. Seria difícil explicar a força de seus
preconceitos judaicos sobre qualquer outro princípio. Portanto, todas as
tentativas de pôr de lado a religião dos judeus, e de introduzir outra,
ele considerava como sendo algo do inimigo, devendo ser arduamente
combatidas. Ele tinha ouvido o nobre discurso de Estêvão - ele tinha
testemunhado sua morte triunfante - mas sua subsequente perseguição aos
cristãos mostrou que a glória moral daquela cena não o havia
impressionado de maneira séria em sua mente. Ele foi cegado pelo zelo; mas o zelo pelo judaísmo agora era um zelo contra o Senhor. Neste exato momento ele estava "respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor" (Atos 9:1).
Ouvindo
que alguns dos santos perseguidos haviam encontrado um abrigo em
Damasco, uma antiga cidade da Síria, ele se convenceu a ir até lá e
trazê-los de volta a Jerusalém como criminosos. Para este fim, ele
recebeu cartas do sumo sacerdote e do conselho de anciãos, de que ele
poderia trazê-los presos a Jerusalém para serem punidos (Atos 22, 26).
Ele, então, se torna o próprio apóstolo da malícia judaica contra os
discípulos de Jesus - ignorantemente, sem dúvida, mas ele se fez o
missionário voluntário deles.
Com sua mente forjada até o tom mais violento do zelo perseguidor, ele segue em sua memorável jornada. Inabalável em seu apego fervoroso pela religião
de Moisés, e determinado a punir os convertidos ao cristianismo como
apóstatas da fé de seus ancestrais, ele se aproxima de Damasco. Mas lá,
na plena energia de sua louca carreira, o Senhor Jesus o detém. Uma luz
dos céus, mais forte que a luz do sol, brilha em torno dele, e o subjuga
com seu brilho ofuscante. Ele cai por terra - com a vontade quebrada, a
mente subjugada, o espírito humilhado, e completamente mudado. Seu
coração é agora sujeito à voz que fala com ele. Raciocínio, extenuação e auto-justificação não têm lugar na presença do Senhor.
Uma voz da magnífica glória disse-lhe: "Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues." (Atos 9:4-5). Então o Senhor Jesus, mesmo estando no Céu, declara que Ele próprio é ainda identificado com Seus discípulos na Terra. A unidade da igreja com Cristo, sua Cabeça nos céus, a semente da bendita verdade do "um só corpo", é resumida nessas poucas palavras: "Saulo, Saulo, por que me persegues? ... Eu sou Jesus, a quem tu persegues."
Estar em guerra contra os santos é o mesmo que estar em guerra contra o
próprio Senhor. Que bendita verdade para o crente, mas quão solene para
o perseguidor!
A
visão que Saulo tinha visto e a terrível descoberta que ele tinha feito
o absorveram completamente. Ele fica cego por três dias, e não pode
comer nem beber. Então ele entra em Damasco, cego, quebrantado e
humilhado pelo solene juízo do Senhor! Quão diferente daquilo que ele
pretendia! Ele agora se une à companhia daqueles que ele tinha resolvido
exterminar. No entanto, ele entra pela porta, e humildemente toma seu lugar entre os discípulos do Senhor.
Ananias, um discípulo fiel, é enviado para confortá-lo. Ele recebe sua
vista de volta, é cheio do Espírito Santo, é batizado, e então é
alimentado e fortalecido.
Alguns
pensam que o Senhor dá, na conversão de Paulo, não somente uma amostra
de Sua longanimidade, como em todo o pecador que é salvo, mas também um
sinal da futura restauração de Israel. Paulo nos conta, ele
próprio, ter obtido misericórdia porque ele fez tudo aquilo em ignorante
incredulidade - e tal será a mesma situação de Israel nos últimos dias
quando receber misericórdia. Como nosso próprio Senhor orou por eles: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34). Pedro também diz: "E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes" (Atos 3:17)
Mas,
como o apostolado de Paulo difere, em muitos aspectos, do apostolado
dos doze, será necessário observá-lo mais um pouco. A menos que essa
diferença seja compreendida, o verdadeiro caráter da presente
dispensação poderá não ser apreendida de maneira tão consistente.
A. Miller. Fonte: http://a-historia-da-igreja.blogspot.com.br/2014/08/a-conversao-de-saulo-de-tarso.html
A. Miller. Fonte: http://a-historia-da-igreja.blogspot.com.br/2014/08/a-conversao-de-saulo-de-tarso.html
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