sábado, 19 de março de 2016

O Caminho de Três Dias

A resposta que Moisés deu à primeira objeção de Faraó é realmente notável: "E Moisés disse: Não convém que façamos assim, porque sacrificaríamos ao SENHOR, nosso Deus, a abominação dos egípcios; eis que, se sacrificássemos a abominação dos egípcios perante os seus olhos, não nos apedrejariam eles?" (capítulo 8:26 - 27). O caminho de "três dias" é verdadeira separação do Egito. Nada menos que isto podia satisfazer a fé. O Israel de Deus tem que ser separado da terra e da morte e das trevas pelo poder da ressurreição. As águas do Mar Vermelho têm de correr entre os remidos do Senhor e o Egito, antes que eles possam oferecer sacrifícios ao Senhor. Se tivessem ficado no Egito, teriam que sacrificar ao Senhor os mesmos objetos abomináveis do culto dos egípcios (¹). Isto não pode ser. No Egito não podia haver tabernáculo, nem templo, nem altar. Em toda a extensão do país não havia lugar para nenhuma destas coisas. De fato, como veremos adiante, Israel não entoou um cântico sequer de louvor até que toda a congregação foi reunida no pleno poder da redenção levada a cabo na costa Cananéia do Mar Vermelho. O mesmo é exatamente agora. É preciso que o crente saiba onde foi colocado para sempre pela morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo, antes de poder ser um adorador inteligente, um servo aprovado, ou uma testemunha eficaz.

(¹) A palavra "abominação" diz respeito àquilo que os egípcios adoravam.


Não se trata aqui da questão se somos filhos de Deus, e, portanto, se somos salvos. Muitos filhos de Deus estão muito longe de conhecer os resultados plenos, quanto a si próprios, da morte e ressurreição de Cristo. Não compreendem esta verdade preciosa: que a morte de Cristo tirou os seus pecados para sempre, e que eles são os felizes participantes da Sua vida de ressurreição, com a qual o pecado nada mais tem que fazer. Cristo foi feito maldição por nós, não por ter nascido sob a maldição de uma lei quebrantada, mas sendo pendurado no madeiro (comparem-se atentamente Dt 21:23; Gl 3:13). Nós estávamos sob a maldição, porque não tínhamos guardado a lei; porém Cristo, o Homem perfeito, havendo engrandecido a lei e tornando-a honrosa, devido ao fato de a haver cumprido perfeitamente, foi feito maldição por nós sendo pendurado no madeiro. Assim, na Sua vida Ele engrandeceu a lei de Deus; e na Sua morte levou a nossa maldição. Portanto, agora não há para o crente maldição nem ira nem condenação: e embora tenha de comparecer no tribunal de Cristo, este tribunal ser-lhe-á tão favorável então como agora o é o trono da graça. O tribunal manifestará a sua verdadeira condição, isto é, que nada existe contra ele: o que ele é, foi Deus quem o realizou. Ele é obra de Deus. Deus tomou-o no estado de morte e condenação e fê-lo exatamente como queria que ele fosse. O Próprio Juiz apagou os seus pecados e é a sua justiça, de forma que o tribunal não deixará de lhe ser favorável; mais ainda, será a declaração pública, autorizada e plena, feita ao céu, à terra e ao inferno, de que aquele que é lavado de seus pecados no sangue do Cordeiro é tão limpo quanto Deus pode torná-lo (veja-se Jo 5:24; Rm 8:1; 2 Co 5:5,10,11; Ef 2:10). Tudo que era preciso fazer, o Próprio Deus o fez, e certamente Ele não condenará a Sua própria obra. A justiça que era pedida, Deus a proveu; e, portanto, não achará nenhum defeito nesse suprimento. A luz do tribunal de Cristo será bastante radiante para dissipar todas as neblinas e nuvens que pudessem obscurecer as glórias imaculadas e as virtudes eternas que pertencem à cruz e para mostrar que o crente está "todo limpo" (Jo 13:10; 15:3; Ef 5:27).

C. H. Mackintosh

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