segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Moisés Desanimado e a Resposta do Senhor

(Comentário Êxodo 8)

A prova mais dolorosa para Moisés não foi motivada pelo juízo que Faraó fez da sua missão. O servo fiel e consagrado de Cristo deve esperar sempre ser considerado pelos homens deste mundo como um simples entusiasta visionário. O ponto de vista donde o contemplam é tal que não nos permite esperar deles outra coisa. Quanto mais fiel for o servo ao seu Mestre divino, quanto mais seguir as Suas pisadas, quanto mais conforme for à Sua imagem, tanto mais, possivelmente, será considerado, pelos filhos deste mundo, como um que "está fora de si". Portanto, este juízo nem deve surpreendê-lo nem desanimá-lo. Porém é uma coisa infinitamente mais penosa para ele quando o seu serviço e o seu testemunho são mal interpretados, desprezados ou rejeitados por aqueles que são os próprios objetos deste serviço e testemunho. Quando isto acontece ele tem muita necessidade de estar com Deus, no segredo dos Seus pensamentos, no poder da comunhão, para ter o seu espírito fortalecido na realidade imutável da sua carreira e serviço. Em circunstâncias tão difíceis, se não se está plenamente persuadido da missão divina, e consciente da presença divina, a queda será quase certa.

Se Moisés não tivesse sido amparado assim, o seu coração teria fraquejado inteiramente quando o agravamento da opressão do poder de Faraó arrancou aos oficiais dos filhos de Israel palavras de desalento e desânimo como estas: "O SENHOR atente sobre vós e julgue isso, porquanto fizestes o nosso cheiro repelente diante de Faraó e diante de seus servos, dando-lhes a espada nas mãos para nos matar" (versículo 21). Isto era muito triste; e Moisés assim o sentiu, pois que "tornou ao SENHOR e disse: Senhor! Por que fizeste mal a este povo? Por que me enviaste? Por que desde que entrei a Faraó para falar em teu nome, ele maltratou a este povo; e, de nenhuma maneira livraste o teu povo" (versículos 22 a 23). No próprio momento em que a libertação parecia estar perto, as coisas tomaram um aspecto muito desanimador; assim como acontece com a natureza, em que a hora mais escura da noite é com frequência aquela que precede imediatamente o amanhecer. Assim será  certamente nos últimos dias da história de Israel: a hora da mais profunda obscuridade e da mais espantosa angústia, precederá a aparição repentina do "Sol da Justiça" (Ml 4:1-2), emergindo detrás das nuvens, e trazendo salvação debaixo das suas asas para curar eternamente a filha do Seu povo (Jr 6:148:11).

A Resposta do SENHOR


Pode muito bem perguntar-se até que ponto o "por que " de Moisés foi ditado por uma verdadeira fé ou uma vontade mortificada. Contudo, o Senhor não repreende Moisés por esta objeção motivada pela grandeza da aflição do momento. "Agora verás o que hei de fazer a Faraó; porque, por mão poderosa, os deixará ir, sim, por mão poderosa os lançará de sua terra" (capítulo 6:1), foi a Sua bondosa resposta.

Esta resposta está cheia de graça peculiar. Em vez de censurar a insolência daquele que se atreve a duvidar dos caminhos inescrutáveis do grande EU SOU, o misericordioso Senhor procura aliviar o espírito cansado do Seu servo mostrando-lhe o que em breve ia fazer. Esta maneira de agir é digna de Deus, de quem desce toda a boa dádiva e todo o dom perfeito (Tg 1:5, 17), "Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó" (Sl 103:14).

Nem tampouco é só em Seus atos, mas, sim, em Si Mesmo, em Seu próprio nome e caráter, que Ele quer fazer conhecer ao coração o seu alívio: é nisso que está a bem-aventurança plena, divina, e eterna. Quando o coração pode encontrar em Deus o seu alívio, quando pode refugiar-se no lugar seguro que lhe oferece o Seu nome, quando achar no Seu caráter a resposta a todas as suas necessidades, então está verdadeiramente muito acima da região da criatura —pode abandonar as promessas tentadoras do mundo é considerar as pretensões altivas do homem pelo seu justo valor. O coração dotado com o conhecimento prático de Deus não só pode olhar para o mundo e dizer "tudo é vaidade", mas pode também por os seus olhos em Deus e dizer: "todas as minhas fontes estão em ti" (Sl 87:7).


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