quinta-feira, 28 de julho de 2016

Devemos restaurar a igreja?

O que ele diz sobre o evangelho nos vídeos que enviou está correto. Ele era pastor de uma denominação e aparentemente tem seu próprio trabalho que, queira ou não, é também uma denominação apenas com um nome e uma estrutura diferente. Mas dá para entender que ele é o líder. O fato de ter empunhado a bandeira do “contra as denominações tradicionais” ou fale de regeneração ou restauração da igreja não muda muita coisa.

Tem bastante gente empunhando essa bandeira e saindo das denominações para se reunirem em grupos familiares ou mesmo criarem uma denominação sem denominação. Mas não é essa a vontade de Deus: sair para criar mais grupos independentes. Quando percebemos a confusão existente na cristandade devemos sair a Cristo, e não a nós mesmos, a um líder ou a alguma nova forma de reunir.

Heb 13:13 "Portanto, saiamos até ele [CRISTO], fora do acampamento, suportando a desonra que ele suportou".

A pergunta que devemos fazer não é tanto "como devo me reunir", mas "onde devo me reunir", e a resposta é onde Cristo está no meio (e esse no meio significa o centro da reunião, o imã, o elemento aglutinador).

Quando escrevo sobre "a forma" das reuniões muitos chegam até a se interessar, mas quando falo do fundamento sobre o qual o cristão deve se reunir, isso já elimina alguns candidatos. Um irmão entrou em contato para dizer que concordava com "a forma" de reunir que eu explicava e era isso que ele procurava fazer com as pessoas com as quais se reunia. Entrei no blog dele e lá estava uma foto dele com colarinho eclesiástico e o título "Reverendo" antes do nome. Obviamente ele não entendeu que estar congregado ao nome do Senhor somente é tirar de cena o homem, o clero, e até o "Reverendo".

Voltando aos vídeos que você enviou, embora às vezes seja necessário apontar os descalabros que vemos ao redor como o autor dos vídeos faz, a bandeira do cristão não é denunciar os erros da cristandade, mas promover o conhecimento da Pessoa de Cristo.

O que chama a atenção no segundo vídeo é que o discurso fica muito centrado nele. Tem muito "eu", "eu", "eu"; você não achou que ele fala muito de si mesmo, como se dissesse "eu vou fazer assim, quem quiser que venha comigo"? Tenho aprendido que algo difícil é um clérigo perder a pose de clérigo. Ele foi criado assim e as pessoas o tratam assim. Uma vez clérigo, custa para tirar aquele colarinho duro, seja ele católico ou protestante. Obviamente para Deus nada é impossível.

Não existe na Palavra de Deus nenhuma indicação de que devamos restaurar a Igreja, porque ela é perfeita aos olhos de Deus. Quanto ao testemunho deixado aos homens, esse irá de mal a pior até depois do arrebatamento, quando ficarão na terra apenas os cristãos da boca para fora que seguirão o anticristo. Essa cristandade que fica para a tribulação é a prostituta de Apocalipse, a mulher que aparece montada sobre a besta (e depois é derrubada por ela).

Ainda sobre o que ele diz no vídeo, existe uma diferença entre a Igreja, que é o corpo de Cristo, e a cristandade, que é o testemunho que os homens dão desse corpo. A igreja, o corpo de Cristo, é e sempre será perfeita e sem mácula, porque Deus a fez assim. O testemunho dos homens é que está arruinado e não tem conserto. Não somos exortados a consertar coisa alguma, mas a guardar "a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: há um só corpo e um só Espírito" Ef 4:3, 4. Essa unidade é indestrutível e é obra de Deus, não de homens.

Muitos hoje pregam a regeneração ou restauração da igreja (falando da cristandade ou do testemunho), mas essa regeneração não ocorrerá. Como aconteceu em todas as eras e dispensações (maneiras de Deus tratar os homens), tudo começa bem e acaba mal, porque os homens sempre destroem o que é de Deus.

Vivemos hoje o momento Laodicéia (entenda as 7 igrejas de Apocalipse também como 7 épocas da igreja no mundo), quando o valor é dado ao que é exterior (rica e abastada), mas Cristo está do lado de fora, batendo e buscando a comunhão individual. Não haverá restauração.

São poucos os que saem dos sistemas para voltar ao centro, que é Jesus. Isso sem alarde ou sem sentimentos revolucionários de quem está tentando consertar a cristandade. É importante fazer uma distinção clara disso para não cair no erro de criar mais uma denominação sem nome, que se propõe tão somente a reparar alguns erros do modus operandi das denominações, quando o grande erro está no fundamento que adotam.

Uma boa coisa a fazer quando escutar irmãos pregando contra denominações ou convidando as pessoas a saírem do sistema é perguntar: Acaso ele é um líder procurando por seguidores? A pergunta é muito importante, pois antes mesmo de existirem denominações o apóstolo Paulo alertou os anciãos de Éfeso dos perigos que viriam após sua partida: homens procurando atrair discípulos após si.

Ats 20:29, 30 "Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis [vindos de fora, incrédulos], que não perdoarão o rebanho. E que, dentre vós mesmos [crentes], se levantarão homens que falarão coisas perversas [ou pervertidas, distorcidas], para atraírem os discípulos após si".

Portanto, quando escutar alguém falando mal do atual estado da cristandade, das denominações, da maneira como os cristãos se afastaram da verdade etc e tal, veja se não é alguém querendo começar algo novo em torno de sua própria pessoa, ou seja, um ex-líder ou neo-líder em busca de seguidores. 

segunda-feira, 18 de julho de 2016

A Terceira e Quarta Objeção de Faraó

(Comentário Êxodo 10)

A terceira objeção de Faraó requer atenção especial de nossa parte. "Então, Moisés e Arão foram levados outra vez a Faraó, e ele disse-lhes: Ide, servi ao SENHOR, vosso Deus. Quais são os que hão-de ir? E Moisés disse: Havemos de ir com os nossos meninos e com os nossos velhos; com os nossos filhos, e com as nossas filhas, e com as nossas ovelhas, e com os nossos bois havemos de ir; porque festa ao SENHOR temos. Então ele lhes disse: Seja o SENHOR assim convosco, como eu vos deixarei ir a vós e a vossos filhos; olhai que há mal diante da vossa face. Não será assim; andai agora vós, varões, e servi ao SENHOR; pois isso é o que pedistes. E os lançaram da face de Faraó" (capítulo 10:8 a 11).

De novo vemos como o inimigo procura dar um golpe de morte no testemunho dado ao Deus de Israel. Os pais no deserto e os filhos no Egito! Que terrível anomalia! Isto teria sido apenas libertação parcial, ao mesmo tempo inútil para Israel e desonrosa para o Deus de Israel. Isto não era possível. Se os filhos fossem deixados no Egito, não se podia dizer que os pais os tivessem deixado. Tudo quanto podia dizer-se, em tal caso, era que em parte eles serviam ao Senhor e em parte a Faraó. Porém, o Senhor não podia ter parte com Faraó. Era necessário que possuísse tudo ou nada. Eis aqui um princípio importante para os pais cristãos. Possamos nós tê-lo no íntimo dos nossos corações! É nosso privilégio contar com Deus quanto aos nossos filhos, e criá-los "na doutrina e admoestação do Senhor" (Ef 6:4). Nenhuma outra parte deve satisfazer-nos quanto aos nossos "pequeninos" senão aquela mesma que nós próprios desfrutamos. 

A quarta e última objeção de Faraó relacionava-se com os rebanhos e as manadas. "Então, Faraó chamou a Moisés e disse: Ide, servi ao SENHOR: somente fiquem vossas ovelhas e vossas vacas; vão também convosco as vossas crianças" (capítulo 10:24). Com que perseverança disputou Satanás cada palmo do caminho de Israel para fora do Egito! Em primeiro lugar procurou mantê-los no país; então diligenciou tê-los perto do país; depois esforçou-se por reter parte do povo; e por fim, depois de haver falhado nestas três tentativas, esforçou-se por fazê-los partir sem meios alguns para servir ao Senhor. Já que não podia reter os servidores procurava ficar com os meios que eles tinham para servir, pensando obter o mesmo resultado por um meio diferente. Já que não podia induzi-los a oferecerem sacrifícios no país, queria enviá-los fora do país sem vítimas para os sacrifícios.

C. H. Mackintosh

terça-feira, 5 de julho de 2016

O Tribunal de Cristo

O Senhor guiará os Seus santos à casa do Pai nas alturas. Jo 14.2,3; Hb 2.13.

Após haver levado o Seu povo para a casa do Pai nas alturas, o Senhor os assentará à Sua mesa e os servirá de alegria celestial. Lc 12.37.

O tribunal de Cristo será estabelecido no céu, onde o Senhor se assentará como juiz.*  Existem três razões principais para haver um julgamento. Primeiro, para magnificar a graça de Deus em atender às nossas necessidades como pecadores. Isso mostrará quão grande foi na realidade a nossa dívida em razão do pecado, quando os pecados e falhas de nossa vida forem manifestados. Iremos aprender quão imensa é Sua graça em passar por cima de tudo isso. A segunda razão é para que, em todas as coisas, seja revelada a perfeita sabedoria de Deus. Ele Se identificou com Seu povo. Naquela ocasião Ele responderá a todas as perguntas difíceis que tivemos acerca de nossa vida. Ele mostrará a razão porque as incômodas dificuldades foram necessárias para nossa formação. A terceira razão é para que sejam determinadas quais as recompensas (galardões) dos santos e o lugar que ocuparão no Reino. O resultado disso estimulará o eterno louvor dos santos de Deus. O caráter da sessão não será judicial. Não serão os pecados do crente que estarão em questão. Isto já foi resolvido de uma vez para sempre pela obra completa de Cristo na cruz. O conhecimento disto dá ao crente grande ousadia, uma vez que lhe assegura que não será surpreendido pelo dia do juízo (1 Jo 4.17). O crente pode descansar em perfeita confiança na Palavra de Deus, que é fiel e lhe diz que "não entrará em condenação" (Jo 5.24; Rm 8.1). Mas as ações do crente (2 Co 5.10), sua obra servil executada para o Senhor (1 Co 3.9-15), seus motivos (1 Co 4.4-5; Rm 2.15,16), suas palavras (Mt 12.36,37), e seu exercício pessoal (Rm 14.1-12), será tudo repassado diante do santo olho do Senhor Jesus Cristo. Tudo na vida do crente será manifestado naquele dia, tanto o que praticou antes, como depois de sua conversão**. Isso revelará o que foi o ilimitado amor e a paciente graça do Senhor durante a vida do crente. Os crentes bendirão a mão que os guiou e o coração que planejou tudo enquanto aprendiam que "Seu caminho é perfeito." Sl 18.30.

{*Nota: Existem dois tipos de juiz. Cristo executará juízo no caráter de ambos. Um tipo de juiz é aquele que está no caráter de alguém investido de autoridade para decretar a sentença em juízo sobre um réu culpado, por exemplo, um juiz que atua nas cortes judiciais de um país. O cristão nunca se encontrará perante Cristo neste caráter de Juiz (Jo 5.24; Rm 8.1). O outro tipo é o juiz que atua como um árbitro, tendo conhecimento suficiente para decidir o mérito de um determinado assunto, por exemplo, um juiz de algum concurso ou exposição de arte. Este tipo de juiz avalia a qualidade e beleza de uma determinada obra em exposição. É neste segundo caráter que Cristo é visto como Juiz para com os crentes.}

{**Nota: Alguns poderão discordar disto, mas as Escrituras (2 Co 5.10) declaram claramente que trata-se das ações efetuadas por meio do corpo, e não das ações praticadas após a conversão. Todos nós estávamos no corpo antes de sermos convertidos. Será necessário ter tudo manifestado na vida do crente, para mostrar que a inigualável graça do Senhor é tão grande que a tudo sobrepuja. Onde abundou o pecado a graça abundou ainda muito mais (Rm 5.20). Deve ser também lembrado que os santos estarão glorificados nessa ocasião e não serão manchados pelo conhecimento de tais coisas reveladas. Naquele dia aprenderemos de uma vez para sempre quão má é a carne, e isso tão somente magnificará a graça que nos buscou e nos encontrou. Ninguém estará apontando seu dedo a outrem. Todos terão sido levados para lá com base numa só coisa: graça, e tão somente graça. E então, ao descobrirmos, em meio a tudo isso, que Ele encontrará um motivo para nos galardoar, seremos vencidos por uma compreensão do Seu amor e graça de uma forma muito mais profunda do que jamais poderia ser alcançada se não fosse tudo revelado a nós. Isso irá gerar as mais altas e vibrantes notas de louvor "Àquele que nos ama e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados" (Ap 1.5). }

Quando eu estiver diante do trono presente,
Coberto de adornos que não conquistei;
Então ao Senhor conhecerei plenamente,
Então saberei o quanto tenho e não sei.
Todos receberão uma recompensa. Cada um receberá o louvor vindo de Deus (1 Co 4.5; Mt 25.21-23). Talvez existam sete coroas que serão dadas como recompensa. A coroa incorruptível (1 Co 9.25), a coroa de gozo (1 Ts 2.19), a coroa de justiça (2 Tm 4.8), a coroa da vida (Tg 1.12; Ap 2.10), a coroa da glória (1 Pd 5.4), a coroa de ouro (Ap 4.4) e a coroa dada aos que vencerem (Ap 3.11).

Todos os santos celestiais (representados nos 24 anciãos) tomarão os seus lugares em tronos ao redor do Senhor no céu e, enquanto olham para o Senhor em toda a Sua glória como Criador e Redentor, lançarão suas coroas e a si próprios aos Seus pés em adoração e louvor. Ap 4-5.

B. Anstey

domingo, 3 de julho de 2016

Êxodo 10

A cruz foi, primeiro, Redenção... então a morte da carne.
O Mar Vermelho... a morte de Cristo por nós; o Jordão... nossa morte com Cristo.

ÊXODO 10

Êx 10:1-11 A metade do versículo 3 é o que muitos crentes hoje não estão querendo fazer! Mas é a única "estrada" para a bênção de Deus na vida - veja Tg 4:9-10. Os servos de Faraó argumentam com ele que o Egito estava sofrendo. Eles não se importavam com Deus. Faraó estava querendo deixar os homens de Israel saírem de um modo que tivessem que voltar para seus lares e suas famílias. Faraó não queria a separação total do povo de Deus. Satanás é assim hoje.

Êx 10:12-15 O oitavo castigo. Não resta comida.

Êx 10:16-20 Faraó agora está com pressa, e sua confissão vai além da anterior. Mas ele está interessado somente em se livrar dos problemas (veja a palavra "somente" duas vezes no versículo 17).

Êx 10:21-29 O nono castigo. Há novamente uma grande diferença entre os Egípcios e os Israelitas. Será que existe diferença entre nosso lar e um lar mundano? Moisés não faria concessões de espécie alguma (maravilhoso exemplo para nós), e Faraó sela seu próprio destino ao recusar se submeter a Deus. 

N. Berry. Fonte: http://www.stories.org.br/ex_p.html

segunda-feira, 27 de junho de 2016

O Apostolado de Paulo

A lei e os profetas foram até João; após João o próprio Senhor, em Sua própria Pessoa, oferece o reino a Israel, mas "os Seus não O receberam". Eles crucificaram o Príncipe da vida, mas Deus O ressuscitou dentre os mortos, fazendo-O sentar à Sua direita nos lugares celestiais. Temos então os doze apóstolos. Eles são dotados com o Espírito Santo, e levam o testemunho da ressurreição de Cristo. Mas o testemunho dos doze é desprezado, o Espírito Santo é resistido, Estêvão é martirizado, a oferta final de misericórdia é rejeitada, e agora o tratamento de Deus com Israel como um povo é encerrado por um tempo. As cenas de Siló são encenadas novamente, Icabode é escrito em Jerusalém, e uma nova testemunha é convocada, como nos dias de Samuel. (Leia 1 Samuel 4)

Chegamos agora ao grande apóstolo dos gentios. Ele é como um nascido fora do tempo e fora de seu devido lugar. Seu apostolado não tinha nada a ver com Jerusalém ou com os doze. Era fora de ambos. Seu chamado era extraordinário e vindo direto do Senhor no Céu. Ele tem o privilégio de trazer a novidade: o caráter celestial da igreja - que Cristo e a igreja são um, e que o Céu é seu lar em comum (Efésios 1,2). Enquanto Deus estava tratando com Israel, essas benditas verdades estavam guardadas em segredo em Sua própria mente. "A mim,", diz Paulo, "o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo." (Efésios 3:8-9)

Não podia haver dúvidas sobre o caráter do chamado do apóstolo quanto à sua autoridade divina. "Não da parte dos homens, nem por homem algum", como diz ele em sua Epístola aos Gálatas, "mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos" (Gálatas 1:1). Isto é,  não era "da parte dos homens", quanto à sua fonte, nem de qualquer Sínodo* de homens oficiais. "Nem por homem algum", foi como veio sua comissão. Ele não era apenas um santo, mas um apóstolo por chamado: e esse chamado era por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que O ressuscitou dentre os mortos. Em alguns aspectos, seu apostolado foi ainda de mais alta ordem do que o dos doze. Estes tinham sido chamados por Jesus quando na Terra; aquele tinha sido chamado pelo Cristo ressuscitado e glorificado no Céu. E, sendo seu chamado vindo do Céu, não necessitava nem da sanção nem do reconhecimento dos outros apóstolos. "Mas, quando aprouve a Deus ... revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue, nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco." (Gálatas 1:15-17)

A forma como Saulo foi chamado para apóstolo é digna de nota especial, pois bate de frente com a raiz do orgulho judaico, e pode também ser vista como o golpe mortal à vã noção de sucessão apostólica. Os apóstolos, a quem o Senhor tinha escolhido e nomeado quando estava na Terra, não eram nem a fonte nem o canal, de maneira alguma, da nomeação de Paulo. Eles não lançaram sortes para ele, como fizeram no caso de Matias (Atos 1). Ali eles estavam apenas em terreno judeu, o que pode explicar sua decisão por sorteio. Era um antigo costume, em Israel, descobrir a vontade divina por esses modos. Mas estas enfáticas palavras: "Paulo, apóstolo, não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo", excluem completamente a intervenção do homem sob qualquer forma. A sucessão apostólica é descartada. Somos santos por chamado e servos por chamado. E tal chamado deve vir do Céu. Paulo está diante de nós como um verdadeiro padrão para todos os pregadores do evangelho, e para todos os ministros da Palavra. Nada pode ser mais simples que o terreno que ele toma como pregador, sendo o grande apóstolo que era. "E temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, por isso também falamos." (2 Coríntios 4:13)

Imediatamente após ser batizado e fortalecido, ele começou a confessar sua fé no Senhor Jesus e a pregar nas sinagogas de que Ele era o Filho de Deus. Isto é algo novo. Pedro pregava que Ele tinha sido exaltado à destra de Deus - que Ele tinha sido feito tanto Senhor quanto Cristo, mas Paulo prega uma doutrina mais elevada sobre Sua glória pessoal - "que Ele é o Filho de Deus". Em Mateus 16, Cristo é revelado pelo Pai aos discípulos como "o Filho do Deus vivo". Mas agora Ele é revelado, não apenas a Paulo, mas em Paulo. "Aprouve a Deus ... revelar seu Filho em mim" (Gálatas 1:15-16), disse ele. Mas quem é suficiente para falar dos privilégios e bênçãos daqueles a quem o Filho de Deus é, pois, revelado? A dignidade e segurança da igreja descansa sobre essa bendita verdade, e também sobre o evangelho da glória, que foi especialmente confiado a Paulo, e que ele chama de "meu evangelho".

"Sobre o Filho assim revelado", disse alguém docemente, "paira tudo o que é peculiar ao chamado e glória da igreja - suas santas prerrogativas - aceitação no Amado com perdão dos pecados por meio de Seu sangue - entrada para os tesouros da sabedoria e do conhecimento, de modo a tornar conhecido, a nós, o mistério da vontade de Deus - herança futura nEle e com Ele, no qual todas as coisas nos céus e na Terra serão congregadas - e o presente selo e penhor dessa herança, o Espírito Santo. Tal brilhante sequência de privilégios é escrita pelo apóstolo desta maneira: "bênçãos espirituais nos lugares celestiais"; e assim são elas; bênçãos através do Espírito fluindo e nos ligando a Ele, que é o Senhor nos céus." * (Efésios 1:3-14)

{* Veja mais detalhes sobre esse assunto em John Gifford Bellet, Christian Witness [Testemunho cristão], v. 4, p. 221; William Kelly, Introductory Lectures on Galatians [Estudos introdutó­rios sobre Gálatas], cap. 1}

Mas a doutrina da igreja - o mistério do amor, da graça e do privilégio - não tinha sido revelada até Paulo a ter declarado. O Senhor tinha falado dela quanto ao efeito que teria a presença do Consolador, dizendo: "Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós." (João 14:20). E novamente, quando Ele diz aos discípulos após a ressurreição: "Eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus." (João 20:17). Dessa "sequência brilhante" de bênçãos Paulo foi, especial e caracteristicamente, o apóstolo.

A. Miller. Fonte: http://a-historia-da-igreja.blogspot.com.br/2014/09/o-apostolado-de-paulo.html

quinta-feira, 23 de junho de 2016

A Conversão de Saulo de Tarso

Nenhum evento no progresso da história da igreja a afeta tão profundamente, ou tão felizmente, quanto a conversão de Saulo de Tarso. De principal dos pecadores ele se tornou o principal dos santos - do mais violento opositor de Cristo ele se tornou o mais zeloso defensor da fé - como inimigo e perseguidor do nome de Jesus na Terra, ele era o "principal"; todos os outros, em comparação a ele, eram subordinados (Atos 9; 1 Timóteo 1).

É bastante evidente, a partir do que ele fala sobre si mesmo, que ele acreditava que o judaísmo era não só divino, mas a perpétua e imutável religião de Deus para o homem. Seria difícil explicar a força de seus preconceitos judaicos sobre qualquer outro princípio. Portanto, todas as tentativas de pôr de lado a religião dos judeus, e de introduzir outra, ele considerava como sendo algo do inimigo, devendo ser arduamente combatidas. Ele tinha ouvido o nobre discurso de Estêvão - ele tinha testemunhado sua morte triunfante - mas sua subsequente perseguição aos cristãos mostrou que a glória moral daquela cena não o havia impressionado de maneira séria em sua mente. Ele foi cegado pelo zelo; mas o zelo pelo judaísmo agora era um zelo contra o Senhor. Neste exato momento ele estava "respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor" (Atos 9:1).

Ouvindo que alguns dos santos perseguidos haviam encontrado um abrigo em Damasco, uma antiga cidade da Síria, ele se convenceu a ir até lá e trazê-los de volta a Jerusalém como criminosos. Para este fim, ele recebeu cartas do sumo sacerdote e do conselho de anciãos, de que ele poderia trazê-los presos a Jerusalém para serem punidos (Atos 22, 26). Ele, então, se torna o próprio apóstolo da malícia judaica contra os discípulos de Jesus - ignorantemente, sem dúvida, mas ele se fez o missionário voluntário deles.

Com sua mente forjada até o tom mais violento do zelo perseguidor, ele segue em sua memorável jornada. Inabalável em seu apego fervoroso pela religião de Moisés, e determinado a punir os convertidos ao cristianismo como apóstatas da fé de seus ancestrais, ele se aproxima de Damasco. Mas lá, na plena energia de sua louca carreira, o Senhor Jesus o detém. Uma luz dos céus, mais forte que a luz do sol, brilha em torno dele, e o subjuga com seu brilho ofuscante. Ele cai por terra - com a vontade quebrada, a mente subjugada, o espírito humilhado, e completamente mudado. Seu coração é agora sujeito à voz que fala com ele. Raciocínio, extenuação e auto-justificação não têm lugar na presença do Senhor.

Uma voz da magnífica glória disse-lhe: "Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues." (Atos 9:4-5). Então o Senhor Jesus, mesmo estando no Céu, declara que Ele próprio é ainda identificado com Seus discípulos na Terra. A unidade da igreja com Cristo, sua Cabeça nos céus, a semente da bendita verdade do "um só corpo", é resumida nessas poucas palavras: "Saulo, Saulo, por que me persegues? ... Eu sou Jesus, a quem tu persegues." Estar em guerra contra os santos é o mesmo que estar em guerra contra o próprio Senhor. Que bendita verdade para o crente, mas quão solene para o perseguidor!

A visão que Saulo tinha visto e a terrível descoberta que ele tinha feito o absorveram completamente. Ele fica cego por três dias, e não pode comer nem beber. Então ele entra em Damasco, cego, quebrantado e humilhado pelo solene juízo do Senhor! Quão diferente daquilo que ele pretendia! Ele agora se une à companhia daqueles que ele tinha resolvido exterminar. No entanto, ele entra pela porta, e humildemente toma seu lugar entre os discípulos do Senhor. Ananias, um discípulo fiel, é enviado para confortá-lo. Ele recebe sua vista de volta, é cheio do Espírito Santo, é batizado, e então é alimentado e fortalecido.

Alguns pensam que o Senhor dá, na conversão de Paulo, não somente uma amostra de Sua longanimidade, como em todo o pecador que é salvo, mas também um sinal da futura restauração de Israel. Paulo nos conta, ele próprio, ter obtido misericórdia porque ele fez tudo aquilo em ignorante incredulidade - e tal será a mesma situação de Israel nos últimos dias quando receber misericórdia. Como nosso próprio Senhor orou por eles: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34). Pedro também diz: "E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes" (Atos 3:17)

Mas, como o apostolado de Paulo difere, em muitos aspectos, do apostolado dos doze, será necessário observá-lo mais um pouco. A menos que essa diferença seja compreendida, o verdadeiro caráter da presente dispensação poderá não ser apreendida de maneira tão consistente.

A. Miller. Fonte: http://a-historia-da-igreja.blogspot.com.br/2014/08/a-conversao-de-saulo-de-tarso.html

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Você Duvida da Bíblia?

Você se diz cristão, mas duvida da Bíblia, ou de partes dela?

O que o Senhor disse sobre as Escrituras (Antigo Testamento)?

 

"E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles. [...] E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. [...] E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras." (Lucas 24:15,27,44-45)

Logo, se você crê em Jesus como Senhor e Salvador, então deve reconhecer o Antigo Testamento ("lei de Moisés, profetas e Salmos"), que apenas testifica dEle próprio.


Mas e as epístolas de Paulo? Não tem coisas que são só opiniões dele, ou costumes da época?

 

Vamos ver o que o apóstolo Pedro tem a dizer sobre os escritos inspirados do apóstolo Paulo:

"E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. " (2 Pedro 3:15-16)

Pedro (um judeu que, não fosse a revelação do Espírito Santo, reconheceria somente o Antigo Testamento como Escrituras) chama os escritos de Paulo de Escrituras, colocando-os no mesmo patamar do Antigo Testamento. Ele também chama de "indoutos e inconstantes" aqueles que torcem os escritos de Paulo, o que os leva à sua própria perdição. Portanto, leia a Palavra com o discernimento do Espírito Santo em vez de julgá-la com base na sua própria opinião ou na opinião de certos teólogos que tem por aí. Você não quer ser chamado por Deus de "indouto e inconstante", não é mesmo?

Vamos pegar como exemplo a primeira epístola aos coríntios, que é uma das cartas de Paulo mais rejeitadas pela cristandade em geral. Logo em seu início, o apóstolo deixa claro que as doutrinas (ensino) contidos na epístola não são destinadas somente aos crentes de Corinto:

"Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus), e o irmão Sóstenes, à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso." (1 Coríntios 1:1-2)

Parece que o Espírito Santo previu que os ensinos desta epístola seriam amplamente rejeitados. Repare que que o apóstolo enfatiza "todos os que em todo o lugar", o que descarta a ideia de que esta epístola foi escrita especificamente para os coríntios e no contexto da época. A rejeição por parte da religião não é sem razão. Logo no primeiro capítulo são condenadas as seitas (divisões) e denominações ("está Cristo dividido?") (vv. 10-13). Mais adiante, a sabedoria humana é chamada de aniquilada e fraca (vv. 18-31), em contraste com as soberbas faculdades de teologia e seus títulos honrosos, como "doutor em divindade". No capítulo 2, Paulo diz que "sua pregação não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana" (v. 4), diferente dos soberbos e "sábios" pregadores e "filósofos cristãos" que vemos hoje em dia. O capítulo 5 ensina que não devemos nos associar com aqueles que se dizem irmãos mas, de alguma maneira, estão dando um mal testemunho, pois "um pouco de fermento faz levedar toda a massa" (v. 6). O capítulo 8 nos fala sobre escandalizar, algo muito comum dentro da cristandade (ou você acha que a gritaria e o alvoroço de certas "igrejas" não é um escândalo?).

O capítulo 10 nos fala que não podemos estar em comunhão à mesa do Senhor e ao mesmo tempo estarmos associados a práticas que estão em desacordo com a Palavra. O capítulo 11 nos fala da cobertura para cabeça, tanto em relação aos homens quanto às mulheres, ao orar e profetizar (falar sobre a Palavra de Deus), e também sobre a ceia do Senhor. Ele também enfatiza sobre contendas sobre o assunto: "Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus." (1 Coríntios 11:16). O capítulo 12 fala dos diferentes dons, que são dados por Deus à igreja, e não alcançados por algum cargo ou faculdade teológica. O capítulo 14 ensina a ordem de Deus para as reuniões da igreja, onde não encontramos nenhum tipo de clero ou preletor especial, mas sim "falem dois ou três profetas, e os outros julguem", enfatizando que "se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor" (1 Coríntios 14:37).

Enfim, com tanta coisa que vai contra a religião humana, não é de admirar que esta epístola seja tão rejeitada pela cristandade atualmente.


Mas o que Jesus disse não é mais importante do que as epístolas?

 

Vamos deixar o próprio Senhor responder:

"Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito." (João 14:26)

Você crê que as epístolas foram inspiradas pelo Espírito Santo?


A quem são dirigidas as epístolas afinal?

 

As cartas dos apóstolos são destinadas diretamente à igreja, o corpo de Cristo, composto por todos os que são salvos pela graça somente, pelo Seu sangue derramado na cruz (perceba que a maioria começa com "aos santos...", "aos irmãos..."). Tais escritos são chamados de doutrina (ensino) dos apóstolos, destinados especialmente ao ensino daqueles que são membros do corpo de Cristo.

"E [os crentes, no princípio] perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações." (Atos 2:42)

A doutrina dos apóstolos é também o fundamento sobre qual a igreja é edificada, tendo Cristo como pedra de esquina:

"Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina" (Efésios 2:19-20)
"Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu [Paulo], como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo." (1 Coríntios 3:10-11)

Logo, se você rejeita a doutrina dos apóstolos (o fundamento dos apóstolos), está rejeitando também a Cristo, pois Ele próprio é o fundamento.

Aos apóstolos (especialmente Paulo) foi revelada a dispensação da graça de Deus, ou da igreja, que era até então um mistério não revelado no Antigo Testamento. Com isso a Palavra de Deus foi completada, não havendo nada mais para ser revelado além do que temos na Bíblia hoje em dia:

"Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja; Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir [OU COMPLETAR, verifique outras traduções] a palavra de Deus; O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos [crentes]; " (Colossenses 1:24-26)

Portanto, esqueça a história de pessoas recebendo revelações de Deus exclusivas nos dias atuais, os supostos "profetas". O Espírito Santo não revela nada que vá além do que está na Bíblia, e muito menos do que vai contra ela.


Para finalizar, o que o Senhor Jesus disse de quem não confia em Sua Palavra?

 

"Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada. Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou. " (João 14:23-24)

Será que você ama o Senhor Jesus? Se você O ama, então confia na Palavra, certo? Ou prefere confiar na sua própria opinião ou na opinião do "pastor" ali da esquina? A quem você realmente ama?

Leia mais:

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Atos 9

Estar reunido para o nome do Senhor não se trata da sabedoria de um grupo de indivíduos, mas trata-se do desfrutar daquilo que é prometido em Mt 18:20.

ATOS 9

At 9:1-22 A conversão de Saulo (Paulo). O Senhor Jesus no céu disse a Saulo que as pessoas que ele estava perseguindo eram parte dEle próprio! O Senhor Jesus nunca tinha sido visto por Saulo na Terra. Mas agora Ele é revelado a Saulo da glória do céu. Repare nos versículos 20 e 22 o assunto de sua pregação.

At 9:23-25 Teria a conversão de Paulo um bom efeito sobre os outros Judeus, por ser ele um membro ativo daquela seita? Eles tentam matá-lo! As circunstâncias não convencem pessoas não salvas... somente Cristo, pelo Espírito Santo.

At 9:26-31 Alguns anos haviam se passado quando isto ocorre (Gl 1:15-19). Os crentes andavam no temor do Senhor. Que contraste com uma pessoa não salva (Rm 3:18). Eles não conhecem "o Senhor".

At 9:32-43 Continua a pregação de Pedro. Ele cura Enéias por meio do uso de um nome, não de seu próprio nome. Mesmo que não tenha usado aquele nome ao ressuscitar Tabita (Dorcas) de entre os mortos, repare a quem as pessoas se voltaram (vers. 42).

N. Berry. Fonte: http://www.stories.org.br/at_p.html

domingo, 22 de maio de 2016

Certeza

"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e NUNCA hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai." (João 10:27-29)
... Você acha que pode perder a salvação? Será que o Senhor Jesus mentiu ao dizer "nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão"?

"Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora." (João 6:37)
... Você já foi a Jesus? Se foi, como você pode achar que Ele vai te lançar fora?

"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida." (João 5:24)
... Você CRÊ em Jesus como seu Salvador? Então TEM a vida eterna e NÃO ENTRARÁ em condenação (juízo).

"Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1)
... Você está em Cristo Jesus? Então não há condenação para você, não passará pelo juízo, pois Jesus já passou pelo juízo de Deus em seu lugar!! Sim, Ele já foi totalmente condenado em seu lugar, para que você possa ser livre.

"Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele." (Romanos 8:9)
"E, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor [ou GARANTIA] da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória." (Efésios 1:13-14)
"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre" (João 14:16) 
... Você crê em Cristo como seu Salvador? Então foi selado com o Espírito Santo, já tem o Espírito habitando em você, e tem a garantia da salvação!! Isto mesmo, se você CRÊ já está salvo, e o Espírito já está habitando em você para sempre, não sendo necessário invocá-Lo. O que nos garante isto é a Palavra de Deus, e não algum sinal ou manifestação exterior.

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Efésios 1:3)
"E nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus" (Efésios 2:6)
... "abençoou" e "nos fez assentar" são verbos no passado. E você, já tomou posse dessas coisas? Se você já crê e é salvo pela fé, percebe as bênçãos que já possui em Cristo? Percebe que você já foi abençoado com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo? Como você ainda é capaz de buscar por bênçãos terrenas sabendo disto?

quinta-feira, 19 de maio de 2016

A Segunda Objeção do Faraó

(Comentário Êxodo 8)

A segunda objeção do Faraó participava muitíssimo do caráter e tendência da primeira. "Então, disse Faraó: Deixar-vos-ei ir, para que sacrifiqueis ao SENHOR vosso Deus no deserto; somente que, indo, não vades longe" (capítulo 8:28). Não podendo retê-los no Egito, procurava ao menos retê-los perto das fronteiras, para poder agir contra eles por meio das diversas influências do país. Desta forma o povo podia ser reconduzido e o testemunho mais facilmente aniquilado que se eles nunca tivessem saído do Egito. Aqueles que tornam para o mundo, depois de aparentemente o terem deixado, causam muito mais dano à causa de Cristo do que se nunca se houvessem afastado dele; porque virtualmente confessam que, tendo provado as coisas divinas, descobriram que as coisas terrenas são melhores e satisfazem mais.

E isto ainda não é tudo. O efeito moral da verdade sobre as consciências dos incrédulos é tristemente embaraçado pelo exemplo dos professos que regressam às coisas que aparentemente haviam deixado. Não é que tais casos concedam autorização a ninguém para rejeitar a verdade de Deus, tanto mais que cada um é responsável por si mesmo e terá de prestar contas dos seus atos a Deus. Contudo, o efeito produzido é, como em tudo mais, mau. "Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado" (2 Pe 2:20-21).

Por esse motivo, se as pessoas não estão dispostas a ir longe, é melhor não partirem. O inimigo sabia isto bem; daí a sua segunda objeção. Uma posição de proximidade satisfaz admiravelmente os seus propósitos. Aqueles que ocupam esta posição não são nem uma coisa nem outra; com efeito, qualquer que seja a sua influência, conduz, infalivelmente, para o lado mau.

É muito importante ver claramente que o fim de Satanás em todas estas objeções era pôr obstáculos ao testemunho que só podia ser rendido ao nome do Deus de Israel por meio de uma peregrinação de três dias através do deserto. Isto era, em boa verdade, ir muito longe — ir muito mais longe do que Faraó podia imaginar, ou até onde lhe era possível seguir Israel. Que grande bênção seria se todos os que fazem profissão de sair do Egito se separassem dele pelo espírito do seu entendimento e pela elevação do seu caráter; se conhecessem a cruz e a sepultura de Cristo como os limites estabelecidos entre eles e o mundo! Ninguém pode colocar-se nesse terreno na energia da sua natureza. O Salmista pôde dizer: "E não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente" (Sl 143:2). O mesmo acontece a respeito da separação verdadeira e efetiva do mundo. "Nenhum vivente" pode realizá-la. É somente como "morto com Cristo", e ressuscitado também nele, pela fé, no poder de Deus (Cl 2:12), que o homem pode ser justificado diante de Deus e separado do mundo. Eis o que podemos chamar "ir muito longe". Permita Deus que todos os que fazem profissão de cristãos e se chamam por este nome possam assim afastar-se! Então a sua lâmpada dará uma luz constante, a sua trombeta dará um sonido inteligível e a sua conduta será elevada; a sua  experiência será rica e profunda; a sua paz correrá como um rio; os seus afetos serão celestiais e as suas vestes imaculadas. E, acima de tudo, o nome do SENHOR Jesus será glorificado neles pelo poder do Espírito Santo, segundo a vontade de Deus Pai.

C. H. Mackintosh

domingo, 8 de maio de 2016

Êxodo 9

Deus não usa nenhuma escritura para provar Seu amor por nós que não aponte para a cruz.


ÊXODO 9

Êx 9:1-7 O quinto castigo (ou praga). O Senhor separa até os animais; mas Faraó ainda não acredita e não irá dar ouvidos.

Êx 9:8-12 O sexto castigo. Começando agora a chegar mais perto ao tocar os corpos dos Egípcios inclusive de seus "fazedores de milagres". Ainda assim nenhuma mudança ocorre em Faraó!

Êx 9:13-26 O sétimo castigo. Com um aviso especial dado mais pessoalmente a Faraó. Ele tinha seu lugar de autoridade dada por Deus (veja Rm 13:1), mas estava pensando muito de si mesmo e não estava obedecendo a Palavra de Deus. Ele devia sua própria vida a Deus (vers. 16-17) mas não queria admitir isso. Alguns de seus servos mostraram crer em Deus pelas suas atitudes (vers. 20). Se os líderes se voltam contra Deus, não podemos seguir seu exemplo, mas agir por fé por nós mesmos.

Êx 9:27-35 A primeira confissão de pecado vinda de Faraó, mas será que sentia isso? Moisés podia ver que Faraó não estava do lado de Deus, mas Moisés agindo com misericórdia roga outra vez por aqueles que não podiam rogar por eles mesmos. O Senhor é honrado e Faraó se torna mais responsável do que nunca por suas tolas ações.
 

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O Eunuco Etíope Recebe o Evangelho

(Comentário Atos 8)

Filipe é agora chamado a deixar sua feliz e interessante obra em Samaria e descer até Gaza - um deserto - e lá pregar o evangelho a uma única pessoa. Certamente há, nesse fato, uma lição da mais profunda importância para o evangelista, e uma que não podemos deixar passar sem alguma breve observação.

O pregador, em tal cenário de despertar e conversão como houve em Samaria, necessariamente torna-se muito interessado na obra. Deus está colocando seu selo sobre o ministério da Palavra, e sancionando as reuniões em Sua presença. O obra do Senhor prospera. O evangelista é cercado de respeito e afeição, e seus filhos na fé naturalmente procuram por ele para obter mais luz e instrução para seus caminhos. "Como poderia ele deixar tal campo de trabalho?", muitos perguntariam, "Seria correto partir?". Apenas, respondemos, se o Senhor chamasse Seu servo a fazer isso, como Ele fez no caso de Filipe. Mas como alguém pode saber hoje em dia, visto que anjos e o Espírito não nos falam como falavam com Filipe? Embora um cristão, hoje em dia, não seja chamado dessa forma, ele deve procurar e esperar pela orientação divina. A fé deve ser seu guia. As circunstâncias não são seguras como guias; elas podem até nos repreender e nos corrigir em nosso andar, mas é o olho de Deus que deve ser nosso guia. "Guiar-te-ei com os meus olhos", essa é a promessa, "instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir" (Salmos 32:8).

Somente o Senhor sabe o que é melhor para Seus servos e para Sua obra. O evangelista, em tal cenário, correria o risco de sentir sua própria importância pessoal. Daí o valor, se não a necessidade, da mudança do lugar de serviço. 

"Levanta-te", falou o anjo do Senhor a Filipe, "e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração, regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías. E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro." (Atos 8:27-29)

É bela a obediência imediata e incondicional de Filipe nesse momento. Ele não faz nenhum questionamento sobre a diferença entre Samaria e Gaza - entre sair de um amplo campo de trabalho e partir para um lugar deserto para falar com uma única pessoa sobre a salvação. Mas o Espírito de Deus estava com Filipe. E o único desejo do evangelista deveria ser de sempre seguir a direção do Espírito. A partir da falta de discernimento espiritual, um pregador poderia permanecer no mesmo lugar após o Espírito ter terminado seu trabalho ali, e assim o serviço é vão.

Deus, em Sua providência, cuida de Seu servo. Ele envia um anjo para direcioná-lo quanto à estrada que ele havia de tomar. Mas quando se trata do evangelho e do lidar com almas, o Espírito toma a direção. "E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro." Não sabemos de nada, em toda a história da igreja, mais interessante que essa cena no caminho para Gaza. O anjo e o Espírito de Deus acompanham o evangelista: o primeiro representando a providência de Deus em indicar exatamente a estrada a tomar, e o último representando o poder espiritual direcionando o lidar com as almas. Assim como era, assim é agora, embora tendemos a adotar mais o hábito de pensar na orientação do Espírito do que na direção de providência. Que possamos confiar em Deus para tudo! Ele nunca muda!

O evangelho agora encontra seu caminho, na pessoa do tesoureiro da rainha, para o centro da Abissínia. O eunuco crê, é batizado, e segue seu caminho cheio de alegria. O que ele procurava, em vão, em Jerusalém, tendo seguido uma longa jornada até lá, ele encontra no deserto. Um belo exemplo da graça do evangelho! A ovelha perdida é encontrada no deserto, e águas vivas brotam de lá. O eunuco é também um belo exemplo de uma alma ansiosa. Quando sozinho e ocioso, ele lê o profeta Isaías.  Ele reflete sobre a profecia do sofrimento sem resistência do Cordeiro de Deus. Mas o momento de luz e libertação era chegado. Filipe explica o profeta: o eunuco é ensinado por Deus - ele crê: imediatamente deseja o batismo e retorna para casa, cheio das novas alegrias da salvação. Será que ele ficaria calado sobre o que encontrou quando lá chegasse? Certamente não, um homem de tal caráter e influência teria muitas oportunidades de disseminar a verdade. Mas, como tanto as Escrituras quanto a história são omissas quanto aos resultados de sua missão, não nos aventuremos além.

O Espírito é ainda visto em companhia de Filipe e o leva para longe. Ele se encontra, então, em Azoto, e evangeliza todas as cidades até Cesareia.

Mas uma nova era na história da igreja começa a despontar. Um novo obreiro entra em cena: o mais notável, em muitos aspectos, que já serviu ao Senhor e à Sua igreja. 

A. Miller. Fonte: http://a-historia-da-igreja.blogspot.com.br/2014/08/o-eunuco-etiope-recebe-o-evangelho.html

domingo, 24 de abril de 2016

As Duas Ordenanças: O Que Há de Comum Entre Elas?

Existem duas ordenanças apenas que foram dadas pelo Senhor Jesus para os que creem nele. Uma é o batismo, feito uma só vez na vida da pessoa. Outra é a ceia do Senhor, celebrada a cada primeiro dia da semana ou "dia do Senhor" como vemos os discípulos fazerem. Mas existe algo de comum nessas duas ordenanças que poucos percebem: o nome.

O batismo não é feito por uma organização ou clérigo, mas por um irmão em Cristo, e é a Jesus que a pessoa é batizada, e não a uma religião ou denominação. Os que "foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar" (1 Co 10:2) estavam identificados com Moisés. Os que foram batizados por João Batista ficaram identificados com João, e conheciam "somente o batismo de João" (At 18:25).

"João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus." (Jo 19:4-5). Repare que o batismo de João não era um batismo cristão, por isso as pessoas precisaram ser novamente batizadas "em nome do Senhor Jesus", ou seja, segundo a fórmula ensinada por Jesus em sua ordenança de batizar "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28:19).

Mas o que a ceia do Senhor tem a ver com isso? Isso mesmo, ela é do Senhor, e não da igreja X ou Y, ou do pastor A ou B. No batismo somos associados a Jesus e a tudo o que isso representa, e na ceia lembramos do Senhor e anunciamos sua morte. Assim como o batismo não é a uma religião ou denominação, mas "em nome do Senhor", a ceia deve ser celebrada como congregados "em nome do Senhor", e não em algum outro nome ou denominação religiosa. Agora você nunca mais vai se esquecer de que é a Jesus que somos batizados e é a Jesus que devemos estar congregados para celebrar a ceia.

E a "igreja A" ou "igreja B"? Elas não são "Jesus", são?
 
M. Persona

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Jerusalém e Samaria Unidas pelo Evangelho

(Comentário Atos 8)

O amargo ciúme que existia entre judeus e samaritanos tinha sido, por muito tempo, proverbial; tanto que lemos: "os judeus não se comunicam com os samaritanos". Mas agora, em conexão com o Evangelho da paz, essa raiz de amargura desaparece. No entanto, na sabedoria dos caminhos de Deus, os samaritanos devem esperar pela mais elevada bênção do Evangelho até que os crentes judeus - os apóstolos da igreja em Jerusalém - impusessem suas mãos sobre eles, e oferecessem orações por eles. Nada pode ser mais profundamente interessante do que esse fato, quando tomamos em consideração a rivalidade religiosa que tinha sido, por tanto tempo, manifesta por ambos. Se Samaria não tivesse recebido essa lição oportuna de humildade, ela poderia ter sido descartada, mais uma vez, por manter sua orgulhosa independência de Jerusalém. Mas o Senhor não teria deixado assim. Os samaritanos tinham crido, se regozijado, e foram batizados, mas ainda não tinham recebido o Espírito Santo. "Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo (porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo." (Atos 8:14-17)

Identificação é a grande ideia da imposição de mãos, e unidade é a consequência do dom/dádiva do Espírito Santo. Esses são fatos importantes em conexão com o progresso da igreja. Samaria é, então, trazida à feliz associação com seu antigo rival, e feita uma só com a igreja em Jerusalém. Não há, na mente de Deus, pensamentos sobre uma assembleia ser independente da outra. Se elas tivessem sido abençoadas separada e independentemente, sua rivalidade poderia se tornar maior que nunca. Mas não deveria mais ser assim: "Nem neste monte nem em Jerusalém" (João 4:21), mas uma só Cabeça no Céu, um só corpo na Terra, um só Espírito, uma só família redimida adorando a Deus em espírito e em verdade, porque o Pai procura os que assim O adoram*.

{* Veja Lecture 6 de Atos 2, 8, 10, 19. Lectures on the New Testament Doctrine of the Holy Spirit, por W. Kelly. }

Para saber mais sobre a origem da mistura de povos e sobre a adoração de Samaria, leia 2 Reis 17. Eles eram apenas "metade" judeus, apesar de se gabarem por sua relação com Jacó. Eles consideravam os cinco livros de Moisés sagrados, mas subestimavam o restante da Bíblia. Eles eram circuncidados, guardavam a lei de maneira não muito fiel, e esperavam a vinda de um Messias. A visita pessoal do bendito Senhor a Samaria é do mais profundo e tocante interesse (João 4). Da fonte na qual Ele descansou diz-se que "ficava em um vale entre as duas famosas montanhas Ebal e Gerizim, onde foi lida a lei. Sobre este último estava o templo rival dos samaritanos, que por tanto tempo afligiu os judeus mais zelosos por sua ousada oposição ao único santuário escolhido, no Monte Moriá."

A. Miller. Fonte: http://a-historia-da-igreja.blogspot.com.br/2014/08/jerusalem-e-samaria-unidas-pelo.html

sábado, 16 de abril de 2016

Os Triunfos do Evangelho em Samaria

(Comentário Atos 8)

Filipe, o diácono, evidentemente próximo a Estêvão em zelo e energia, desce à Samaria. O Espírito Santo opera por meio dele. Na sabedoria dos caminhos do Senhor, a desprezada Samaria é o primeiro lugar, fora da Judeia, onde o Evangelho foi pregado por Suas testemunhas escolhidas. "E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia. E havia grande alegria naquela cidade." (Atos 8:5-6,8). Muitos creram e foram batizados, tanto homens quanto mulheres. Até mesmo Simão Mago, o feiticeiro, experimentou a presença de um poder muito acima do seu próprio, e se curvou à força e corrente da obra do Espírito nos outros, embora a verdade não houvesse penetrado em seu próprio coração e consciência. Mas, como agora já viajamos a essa outra parte do país, este pode ser o momento apropriado para dizermos algumas palavras sobre sua história.

A Terra Santa, uma nação interessante, que se destaca entre as outras nações da Terra, tanto moral quanto historicamente, é em tamanho muito pequena. "É como um pedaço de um país, de tamanho próximo ao do País de Gales, com menos de 225 quilômetros de comprimento, e quase 64 quilômetros, em média, de largura"*. A parte norte é a Galileia; o centro, Samaria; o sul, a Judeia. Mas embora fisicamente tão pequena, ela foi o teatro dos acontecimentos mais importantes na história do mundo. Lá, o Salvador nasceu, viveu e foi crucificado - e lá Ele foi sepultado e ressuscitado. E lá, também, Seus apóstolos e mártires viveram, testificaram e sofreram. E lá o evangelho foi pregado pela primeira vez, e lá a primeira igreja foi plantada.

{*Dicionário Bíblico de Smith}

A terra ocupada por Israel se encontra entre os antigos impérios da Assíria e do Egito. Daí a frequente referência no Antigo Testamento ao "rei do Norte" e ao "rei do Sul". Devido a essa posição, Israel foi muitas vezes o campo de batalha desses dois poderosos impérios, e sabemos que ainda será o cenário de seu último e mortal conflito (Daniel 11). Os homens têm sido tão supersticiosos sobre a Terra Santa que ela tem sido objeto de ambição nacional, e quase sempre motivo de guerras religiosas desde os dias dos apóstolos. Quem poderia estimar quanto sangue foi derramado, e o tesouro que foi desperdiçado por essas planícies sagradas? - e tudo, podemos acrescentar, sob o nome do zelo religioso, ou melhor, sob as bandeiras da cruz e da lua crescente. Para ali os peregrinos de todas as eras têm viajado para que pudessem adorar no "santo sepulcro" e cumprir seus votos. Também tem sido a grande atração para viajantes de todo tipo e de todas as nações, e o grande empório de "relíquias milagrosas". O cristão, o historiador e o antiquário têm procurado diligentemente e feito conhecidas suas descobertas. Desde os dias de Abraão, esse tem sido o lugar mais interessante e atraente da face da Terra. E para o estudante da profecia, sua história futura é ainda mais interessante que seu passado. Ele sabe que o dia se aproxima, quando toda aquela terra será povoada pelas doze tribos de Israel, e cheia da glória e majestade de seu Messias. Então eles serão conhecidos como o povo metropolitano da Terra. Retornemos, agora, a Samaria, com sua nova vida e alegria.

Os samaritanos, por meio da bênção de Deus, prontamente creram no Evangelho pregado por Filipe. O efeito da verdade, recebida com simplicidade, foi imediato e do mais bendito caráter. "Havia grande alegria naquela cidade", e muitos foram batizados. Tais devem ser sempre os efeitos do Evangelho, quando crido, a menos que haja algum obstáculo com relação a nós mesmos. Onde há genuína simplicidade de fé, deve haver paz e alegria genuínas, e uma feliz obediência. O poder do Evangelho sobre um povo que tinha, durante séculos, resistido às reivindicações do judaísmo, foi então demonstrado. O que a lei não podia fazer a este respeito, o Evangelho realizou. "Samaria foi uma 'conquista'", disse alguém, "que toda a energia do judaísmo não tinha sido capaz de fazer. Foi um novo e esplêndido triunfo do Evangelho. O domínio espiritual do mundo pertencia à igreja."

A. Miller. Fonte: http://a-historia-da-igreja.blogspot.com.br/2014/07/os-triunfos-do-evangelho-em-samaria.html

sexta-feira, 8 de abril de 2016

A Perseguição e Dispersão dos Discípulos

(Comentário Atos 8)

Após a morte de Estêvão uma grande perseguição começou (Atos 8). Os líderes judeus pareciam ter ganho uma vitória sobre os discípulos, e estavam determinados a prosseguir com seu aparente triunfo com a maior violência. Mas Deus, que está acima de todos, e que sabe como conter as crescentes paixões dos homens, anulou a posição deles para o cumprimento de Sua própria vontade.

O homem ainda não tinha aprendido a verdade do provérbio, que "o sangue dos mártires é a semente da igreja." No caso do primeiro e mais nobre dos mártires, o provérbio foi plenamente verificado. Mas em todas essas vinte centenas de anos os homens têm sido lentos para aprender, ou crer, nesse simples fato histórico. A perseguição, geralmente falando, tinha feito aumentar a causa que procuravam reprimir. Isso tem se provado verdadeiro na maioria dos casos,  em qualquer tipo  de perseguição  ou  de oposição. Resistência, decisão e firmeza são criadas por tal tratamento. Verdadeiramente, mentes tímidas podem ser levadas à apostasia por um tempo sob a perseguição; mas quão comumente tais, com o mais profundo arrependimento, e de modo a recuperar sua antiga posição, suportaram com a maior alegria os mais agudos sofrimentos, e mostraram em seus últimos momentos a maior fortaleza! Mas a perseguição, de uma forma ou de outra, deve ser esperada pelos seguidores de Jesus. Eles são exortados a tomar sua cruz diariamente e segui-Lo. Isto testa a sinceridade de nossa fé, a pureza de nossos motivos, a força de nossa afeição por Cristo, e a medida de nossa confiança nEle.

Aqueles que não são verdadeiros de coração para Cristo com certeza irão cair em tempos de afiada perseguição. Mas o amor pode perdurar até o fim, quando não houver mais nada a fazer. Vemos isso perfeitamente no próprio bendito Senhor. Ele suportou a cruz - que era de Deus: Ele desprezou a vergonha - que foi do homem. Foi em meio à vergonha e sofrimentos da cruz que toda a força do Seu amor apareceu, e na qual Ele triunfou sobre tudo. Nada poderia afastar Seu amor do objeto deste, ou seja, do Pai, pois era mais forte que a morte. Nisso, assim como em todas as coisas, Ele nos deixou um exemplo, de que devemos andar em Seus passos. Que possamos sempre ser encontrados seguindo-O de perto!

Da história da igreja em Atos aprendemos que o efeito do martírio de Estêvão foi a imediata propagação da verdade que seus perseguidores estavam tentando impedir. As impressões produzidas por tal testemunho, e tal morte, devem ter sido avassaladoras para seus inimigos, e convincentes para os imparciais e indecisos. O último recurso da crueldade humana é a morte. No entanto, é maravilhoso dizer que a fé cristã, em sua primeira dificuldade, provou-se mas forte que a morte em sua forma mais assustadora. O inimigo foi testemunha disso, e sempre se lembraria. Estêvão estava sobre a Pedra, e as portas do inferno não podiam prevalecer contra Ela.

Toda a igreja em Jerusalém, na ocasião, foi dispersa; mas eles iam por toda a parte pregando a Palavra. Como a nuvem que voa com o vento, levando sua chuva fresca a terras secas, assim os discípulos foram expulsos de Jerusalém pela tempestade da perseguição, levando as águas da vida às almas sedentes de terras distantes. "E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos" (Atos 8:1). Alguns historiadores pensam que o fato dos apóstolos permanecerem em Jerusalém quando os discípulos fugiram prova, da parte deles, maior firmeza e fieldade na causa de Cristo, mas estamos dispostos a julgar o fato de modo diferente, e a considerá-lo uma falha em vez de fieldade. A comissão do Senhor a eles era: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28:19). E eles tinham sido ensinados: "Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra" (Mateus 10:23). Até onde a história das Escrituras nos informa, a comissão nunca foi realizada pelos doze. No entanto, Deus era poderoso em Paulo, para com os gentios, e em Pedro para com os judeus.

O Espírito Santo agora vai além de Jerusalém, para manifestar poder em terras estrangeiras - que solene verdade! Mas aquela cidade culpada preferia a dominação de Roma à ressurreição em poder de seu próprio Messias. "Que faremos?", diziam os judeus, "porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação." (João 11:47-48). Eles rejeitaram o Messias em Sua humilhação, e agora eles rejeitam o testemunho do Espírito Santo sobre Sua exaltação. A iniquidade deles era completa, e a ira se aproximava deles até o fim. Mas, por ora, nossa tarefa, seguindo o curso da história da igreja, é acompanhar o Espírito Santo em seu caminho a Samaria. Seu caminho é a linha prateada da graça salvadora para almas preciosas.

A. Miller. Fonte: http://a-historia-da-igreja.blogspot.com.br/2014/07/capitulo-3-perseguicao-e-dispersao-dos.html

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Atos 8

Nunca existe poder coletivo sem fidelidade individual. 

ATOS 8

At 8:1-3 Acontece uma boa mudança. A igreja (assembleia), formada principalmente por crentes Judeus, começa agora a se espalhar para os Gentios. Mas a perseguição se espalha também. Nenhuma dificuldade pode permanecer quando Deus está ali, e nós crentes não podemos resistir a nossos inimigos quando Ele não está ali. Até o martírio de Estêvão, Jerusalém havia sido o único centro - (Dt 12:13-14). Agora Israel havia rejeitado o Espírito Santo por meio do assassinato de Estêvão, portanto a mensagem do evangelho do amor e da graça de Deus saiu a todas as nações.

At 8:5-25 Deus usa outro dos homens escolhidos para servir as mesas no capítulo 6.

At 8:9-25 Simão "creu", mas vemos mais tarde que foi apenas em sua cabeça, pois ele demonstra estar numa condição de perdido. Deve ser com o coração - Rm 10:10. Os milagres o haviam afetado. As pessoas dizem com frequência que se vissem creriam. Foi exatamente o que Simão fez, mas não era real.

At 8:26-40 Outro exemplo da mudança. O homem da Etiópia recebe a Cristo e segue seu caminho regozijando, ainda que sem Filipe. Quando estamos desfrutando de Cristo, não ficamos dependendo de contatos externos.

N. Berry. Fonte: http://www.stories.org.br/at_p.html

sábado, 2 de abril de 2016

"Está na Bíblia!"

"Está na Bíblia!". Esta é uma frase que muitas pessoas usam para defender uma ideia, prática ou lei dizendo ser baseada na Bíblia, geralmente tentando justificar que algo do Antigo Testamento, que foi endereçado para o povo de Israel, é aplicável para os cristãos na presente era.

Não adianta dizer que algo está na Bíblia sem conhecer o contexto. Na Bíblia também está escrito: "Não há Deus" (Salmos 14:1). Mas se você for ler o versículo inteiro (o contexto), vemos do que se trata: "Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem."

É ignorância também achar que tudo o que está na Bíblia é endereçado diretamente aos cristãos. A maior parte da Bíblia (todo o Antigo Testamento e algumas partes dos Evangelhos) trata de um outro povo: os judeus. Não compreender ou ignorar a distinção entre a igreja (cristãos) e Israel (judeus) é não "manejar bem a Palavra da Verdade" (2 Tm 2:15). Esse "manejar bem", em outras traduções (como a versão mais utilizada em língua inglesa, a King James), pode ser traduzido como "dividir corretamente". É necessário "dividir corretamente a Palavra da Verdade" se quiser compreendê-la. E é claro, a compreensão verdadeira só pode vir do Espírito Santo, somente Ele (e não uma religião ou denominação e seus líderes) pode ensinar: "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito." (João 14:26).

quinta-feira, 31 de março de 2016

O que é o Mundo?

Tudo isto é bastante claro; porém, prezado leitor, aonde nos conduz quanto a este mundo? Seguramente, fora dele, e isto de um modo completo. Estamos mortos para o mundo e vivos para Cristo. Somos participantes ao mesmo tempo da Sua rejeição pelo mundo e da Sua aceitação no céu; e o gozo desta faz-nos considerar como nada a provação daquela. Ser lançado fora do mundo, sem saber que tenho um lugar e uma parte no céu, seria insuportável para mim; porém, quando as glórias do céu enchem a visão da alma, é necessário muito pouco da terra.

Mas, pode perguntar-se, "Que é o mundo?". Seria difícil encontrar um termo tão mal definido como "o mundo" ou "a mundanidade"; pois em geral nós somos propensos a fazer a mundanidade um ou dois pontos acima do lugar onde nos achamos situados espiritualmente. A Palavra de Deus, porém, define com perfeita precisão o que significa o termo "o mundo", quando o designa como aquilo que "não é do Pai" (l Jo 2:15 e 16). Por isso, quanto mais profunda for a minha comunhão com o Pai, mais penetrante será a minha compreensão daquilo que é mundano. É esta a forma divina de ensino. Quando mais vos deleitardes no amor do Pai, tanto mais desprezareis o mundo. Mas quem é aquele que revela o Pai? É o filho. Como? Pelo poder do Espírito Santo. Pelo que, quanto mais habilitado eu estiver, no poder do Espírito, não contristado, a deleitar-me na revelação que o Filho nos tem dado do Pai, tanto mais exato será o meu discernimento quanto àquilo que é do mundo. É à medida que o reino de Deus ganha terreno no coração, que o nosso juízo quanto à mundanidade se torna mais reto. Não é fácil definir o que é mundanismo. É, como alguém disse, "sombreado gradualmente desde o branco ao preto carregado". Isto é verdadeiro. Não se pode estabelecer um limite e dizer: "é aqui que começa o mundanismo"; porém a sensibilidade viva e delicada da natureza divina recua perante ele; e tudo que nós necessitamos é andar no poder dessa natureza, a fim de nos mantermos alheios a toda a espécie de mundanismo. "Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne" (Gl 5:16). Andai com Deus, e não andareis com o mundo. As distinções frias e as regras rígidas para nada servem. É o poder da vida divina que nós precisamos. Precisamos de compreender a significação espiritual do "caminho de três dias no deserto", o qual nos separa para sempre não apenas dos fornos de tijolo e dos exatores do Egito, mas também dos seus templos e altares.

C. H. Mackintosh

sexta-feira, 25 de março de 2016

A Paz: Fora do Mundo

É por causa de não haverem apropriado estas verdades fundamentais, com simplicidade de fé, que muitos filhos de Deus lamentam não possuir uma paz segura e passam por contínuos altos e baixos na sua vida espiritual. Cada dúvida no coração de um crente é uma desonra para a palavra de Deus e o sacrifício de Cristo. É porque não permanece, desde já, naquela luz que brilhará no tribunal de Cristo, que anda sempre aflito com dúvidas e temores. Contudo, estas dúvidas e incertezas, que muitos têm de deplorar, são apenas consequências insignificantes comparativamente, tanto mais que apenas afetam a sua experiência. Os efeitos que produzem sobre o seu culto, o seu serviço e o seu testemunho são muito mais graves, visto que a glória do Senhor é afetada. Mas, ah! nesta pouco se pensa, geralmente falando, simplesmente porque o objetivo principal, o fim e o alvo, com a maioria dos cristãos, é a salvação pessoal. Todos somos inclinados a considerar como essencial tudo que se relaciona conosco; enquanto que aquilo que diz respeito à glória de Cristo em nós e por nosso intermédio é considerado como não essencial.

Contudo, é bom compreendermos claramente que a mesma verdade que dá paz segura à alma, põe-na também em estado de poder oferecer um culto inteligente, um serviço aceitável, e um testemunho eficaz.

No capítulo quinze da primeira epístola aos Coríntios, o apóstolo apresenta a morte e a ressurreição de Cristo como o grande fundamento de todas as coisas. "Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (versículos 1 a 4). Eis o evangelho, numa declaração rápida e compreensível. O fundamento da salvação é um Cristo morto e ressuscitado. "O qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação" (Rm 4:25). Ver Jesus, com os olhos da fé, pregado na cruz e assentado no trono, é uma visão que deve dar paz sólida à consciência e perfeita liberdade ao coração. Nós podemos olhar para o sepulcro e vê-lo vazio; podemos olhar par cima e ver o trono ocupado, e, assim, continuar o nosso caminho cheios de gozo. O Senhor Jesus liquidou todas as coisas na cruz a favor do Seu povo; e a prova desta liquidação é que está à destra de Deus. Um Cristo ressuscitado é a prova eterna de uma redenção efetuada; e se a redenção é um fato consumado, então a paz do crente é uma realidade estabelecida. Nós não fizemos a paz, nem nunca a poderíamos ter feito. De fato, todos os nossos esforços nesse sentido só serviriam para manifestar com maior evidência que éramos transgressores da paz. Porém, Cristo, havendo feito a paz pelo sangue da Sua cruz, tomou o Seu lugar nas alturas, triunfando sobre todos os Seus inimigos. Por Ele Deus anuncia a paz. A palavra do evangelho transmite esta paz: e a alma que crê o evangelho tem a paz estabelecida diante de Deus, porque Cristo é a sua paz (veja-se At 10:36; Rm 5:1, Ef 2:14; Cl l:20). Desta maneira Deus satisfez não só as Suas exigências, como abriu um caminho divinamente justo mediante o qual o Seu amor infinito pode descer até ao mais culpado da geração culpada de Adão.

Quanto ao resultado prático, a cruz de Cristo não só tirou os pecados do crente como quebrou para sempre os laços que o prendiam ao mundo, e, com base neste fato, ele tem o privilégio de considerar o mundo como uma coisa crucificada, e de ser considerado pelo mundo como um que foi crucificado. Tal é a posição do crente e do mundo — o mundo está crucificado para o crente e o crente para o mundo. Esta é a verdadeira e elevada posição do crente. O juízo que este mundo fez de Cristo foi expresso pela posição em que o mundo deliberadamente o colocou. O mundo foi convidado a fazer a sua escolha entre Cristo e um assassino. Pôs o assassino em liberdade, e pregou Cristo na cruz entre dois malfeitores. Portanto, se o crente segue as pisadas de Cristo e se compenetra com o Seu espírito, e o manifesta, ocupará o mesmíssimo lugar que Cristo tem na estima do mundo; e desta forma não somente conhecerá que, quanto à sua posição diante de Deus, está crucificado com Cristo, mas será levado também a realizar este fato na sua vida e na sua experiência diária.

Contudo, posto que a cruz tem assim quebrado eficazmente a ligação entre o crente e o mundo, a ressurreição introduziu-o debaixo do poder de novos laços e novas relações. Se vemos na cruz o juízo do mundo, quanto a Cristo, na ressurreição vemos o juízo de Deus.

O mundo crucificou-O; porém, "Deus exaltou-o soberanamente" (Fp 2:9). O homem deu-Lhe o lugar mais baixo, mas Deus deu-Lhe o lugar mais elevado; e embora o crente seja chamado a gozar plena comunhão com Deus, em seus pensamentos a respeito de Cristo, ele pode, por sua parte, considerar o mundo como uma coisa crucificada. Assim, pois, se o crente está sobre uma cruz e o mundo noutra, a distância moral entre os dois é na verdade considerável. E se a distância é considerável em princípio, também deveria sê-lo na prática. O mundo e o cristão não deveriam ter nada absolutamente em comum; e nada terão em comum, exceto quando o cristão nega o seu Senhor e Mestre. O crente mostra-se infiel a Cristo na mesma proporção em que tem comunhão com o mundo.

 C. H. Mackintosh

sábado, 19 de março de 2016

O Caminho de Três Dias

A resposta que Moisés deu à primeira objeção de Faraó é realmente notável: "E Moisés disse: Não convém que façamos assim, porque sacrificaríamos ao SENHOR, nosso Deus, a abominação dos egípcios; eis que, se sacrificássemos a abominação dos egípcios perante os seus olhos, não nos apedrejariam eles?" (capítulo 8:26 - 27). O caminho de "três dias" é verdadeira separação do Egito. Nada menos que isto podia satisfazer a fé. O Israel de Deus tem que ser separado da terra e da morte e das trevas pelo poder da ressurreição. As águas do Mar Vermelho têm de correr entre os remidos do Senhor e o Egito, antes que eles possam oferecer sacrifícios ao Senhor. Se tivessem ficado no Egito, teriam que sacrificar ao Senhor os mesmos objetos abomináveis do culto dos egípcios (¹). Isto não pode ser. No Egito não podia haver tabernáculo, nem templo, nem altar. Em toda a extensão do país não havia lugar para nenhuma destas coisas. De fato, como veremos adiante, Israel não entoou um cântico sequer de louvor até que toda a congregação foi reunida no pleno poder da redenção levada a cabo na costa Cananéia do Mar Vermelho. O mesmo é exatamente agora. É preciso que o crente saiba onde foi colocado para sempre pela morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo, antes de poder ser um adorador inteligente, um servo aprovado, ou uma testemunha eficaz.

(¹) A palavra "abominação" diz respeito àquilo que os egípcios adoravam.


Não se trata aqui da questão se somos filhos de Deus, e, portanto, se somos salvos. Muitos filhos de Deus estão muito longe de conhecer os resultados plenos, quanto a si próprios, da morte e ressurreição de Cristo. Não compreendem esta verdade preciosa: que a morte de Cristo tirou os seus pecados para sempre, e que eles são os felizes participantes da Sua vida de ressurreição, com a qual o pecado nada mais tem que fazer. Cristo foi feito maldição por nós, não por ter nascido sob a maldição de uma lei quebrantada, mas sendo pendurado no madeiro (comparem-se atentamente Dt 21:23; Gl 3:13). Nós estávamos sob a maldição, porque não tínhamos guardado a lei; porém Cristo, o Homem perfeito, havendo engrandecido a lei e tornando-a honrosa, devido ao fato de a haver cumprido perfeitamente, foi feito maldição por nós sendo pendurado no madeiro. Assim, na Sua vida Ele engrandeceu a lei de Deus; e na Sua morte levou a nossa maldição. Portanto, agora não há para o crente maldição nem ira nem condenação: e embora tenha de comparecer no tribunal de Cristo, este tribunal ser-lhe-á tão favorável então como agora o é o trono da graça. O tribunal manifestará a sua verdadeira condição, isto é, que nada existe contra ele: o que ele é, foi Deus quem o realizou. Ele é obra de Deus. Deus tomou-o no estado de morte e condenação e fê-lo exatamente como queria que ele fosse. O Próprio Juiz apagou os seus pecados e é a sua justiça, de forma que o tribunal não deixará de lhe ser favorável; mais ainda, será a declaração pública, autorizada e plena, feita ao céu, à terra e ao inferno, de que aquele que é lavado de seus pecados no sangue do Cordeiro é tão limpo quanto Deus pode torná-lo (veja-se Jo 5:24; Rm 8:1; 2 Co 5:5,10,11; Ef 2:10). Tudo que era preciso fazer, o Próprio Deus o fez, e certamente Ele não condenará a Sua própria obra. A justiça que era pedida, Deus a proveu; e, portanto, não achará nenhum defeito nesse suprimento. A luz do tribunal de Cristo será bastante radiante para dissipar todas as neblinas e nuvens que pudessem obscurecer as glórias imaculadas e as virtudes eternas que pertencem à cruz e para mostrar que o crente está "todo limpo" (Jo 13:10; 15:3; Ef 5:27).

C. H. Mackintosh

terça-feira, 15 de março de 2016

A Religião

(Continuação de As Quatro Objeções de Faraó - A Primeira Objeção)

Este esforço para induzir o povo de Israel a sacrificar a Deus no Egito revela um princípio muito mais importante do que poderíamos, à primeira vista, supor. O inimigo regozijar-se-ia se conseguisse obter, de qualquer modo, e de uma vez para sempre, em quaisquer circunstâncias, até mesmo a aparência de sanção divina para a religião do mundo. Ele não põe dificuldades a uma religião desta espécie. O seu intento é alcançado tão eficientemente por meio daquilo que é chamado "o mundo religioso" como de qualquer outro modo; e, por isso, quando consegue que um verdadeiro cristão acredite na religião do mundo, obtém um grande triunfo.

É um fato bem conhecido que nada há que provoque tanta indignação como este princípio divino de separação deste presente século mau. Podemos ter as mesmas  opiniões, pregar as mesmas doutrinas e fazer o mesmo trabalho: porém, se procurarmos, ainda que seja na mais pequena medida, agir segundo a ordem divina, que é: "Destes afasta-te" (2 Tm 3:5), "saí do meio deles" (2 Co 6:17), podemos estar certos de encontrar a mais violenta oposição. Como se explica isto? Principalmente devido ao fato que os cristãos, estando separados da vã religião, rendem um testemunho a Cristo que nunca poderiam dar enquanto estivessem ligados com ela.

Existe um grande diferença entre Cristo e a religião do mundo. Um pobre hindu, envolvido em trevas, pode falar da sua religião, mas nada sabe de Cristo. O apóstolo não diz: "se há algum conforto na religião" (Fp 2:1); embora os devotos de uma religião qualquer achem incontestavelmente nela aquilo que lhes parece ser consolação. Paulo, pelo contrário, achou a sua consolação em Cristo, depois de haver experimentado plenamente a inutilidade da religião, ainda que na sua forma mais bela e imponente (comparem-se Gl l:13-14; Fp 3:3-ll).

É verdade que o Espírito Santo fala-nos da "religião pura e imaculada" (Tg 1:27); porém o homem descrente não pode, de modo nenhum, participar dela; porque como poderá ter parte naquilo que é "puro e imaculado" ? Esta religião é do céu, a fonte de tudo que é puro e excelente; está exclusivamente diante de nosso "Deus e Pai"; serve para exercício das funções da nova natureza, com a qual são dotados todos aqueles que creem no nome do Filho de Deus (Jo l: 12 e 13; Tg 1:18; 1 Pe 1:23; l Jo 5:1). Finalmente, define-se pelos dois principais aspectos da benevolência e santidade pessoal "visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações" (Tg 1:27).

Se examinarmos a lista dos verdadeiros frutos do Cristianismo, veremos que estão todos classificados sob estes dois pontos principais; e é profundamente interessante notar que, quer nos voltemos para o capítulo 8 do Êxodo ou o primeiro de Tiago, a separação do mundo é apresentada como uma qualidade indispensável no verdadeiro serviço a Deus.

Nada que seja manchado com o contato "deste século mau" pode ser aceitável diante de Deus, nem receber da Sua mão o selo "puro e imaculado". "Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso" (2 Co 6:17-18).

Não havia no Egito nenhum lugar de reunião para o Senhor e o Seu povo redimido; sim, para eles, a redenção e a separação eram uma e a mesma coisa. Deus havia dito: "desci para livrá-los" (Êx 3:8) e nada senão isto podia satisfazê-Lo ou glorificá-Lo. Uma salvação que deixasse o povo no Egito não podia ser salvação de Deus. Além disso, devemos recordar que o desígnio do Senhor, com a salvação de Israel, assim como na destruição de Faraó, era para que o Seu nome fosse anunciado em toda a terra (capítulo 9:16); e que declaração poderia haver desse nome ou caráter, se o Seu povo tivesse de Lhe prestar culto no Egito? Ou não teria havido nenhum testemunho ou seria um testemunho falso. Portanto, era necessário, para que o caráter de Deus fosse plena e fielmente declarado, que o Seu povo fosse inteiramente libertado e completamente separado do Egito; e é, essencialmente, necessário, agora, para que um testemunho claro e sem equívoco seja dado ao Filho de Deus, que todos que são realmente Seus sejam separados deste presente século mau. Tal é a vontade de Deus; e para este fim Cristo entregou-Se a Si mesmo. "Graça e paz, da parte de Deus Pai e da de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai, ao qual seja dada glória para todo o sempre Amém!" (Gl 1:3-5).

Os Gálatas começavam a dar crédito a uma religião carnal e mundana — uma religião de ordenações —, uma religião de "dias e meses, de tempos e de anos"; e o apóstolo começa a sua epístola dizendo-lhes que o Senhor Jesus Cristo Se deu a Si mesmo com o propósito de libertar o Seu povo todo desse sistema. O povo de Deus deve ser separado, não com base na sua santidade mas porque é o Seu povo, e para que possa responder inteligentemente ao fim que Deus propusera pondo-o em relação Consigo e associando-o com o Seu nome. Um povo que continuasse a viver no meio das abominações e contaminações do Egito não podia ser um testemunho do Deus santo; nem tampouco, agora, todo aquele que se associa com as contaminações de uma religião mundana e corrompida não pode ser uma testemunha fiel e poderosa de um Cristo crucificado e ressuscitado.

C. H. Mackintosh

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