terça-feira, 10 de setembro de 2013

A Descida para o Egito e a Morte de Jacó

(Comentário Gênesis 46 a 50)

O fim da carreira de Jacó encontra-se em agradável contraste com todas as cenas da sua história. Faz-nos lembrar uma tarde serena, depois de um dia tempestuoso: o sol, que durante o dia esteve oculto da vista por neblinas, nuvens, e nevoeiros, põem-se em majestade e brilho, dourando com os seus raios o céu ocidental, e mostrando a perspectiva agradável de uma manhã clara. Assim acontece com o nosso velho patriarca. A superioridade, a avidez, a astúcia, a atividade, os expedientes, a chicana, os temores egoístas — todas essas nuvens carregadas da natureza e da terra parece terem passado, e ele manifesta-se em toda a calma elevada da fé, para dar bênçãos e transmitir dignidades, naquela santa habilidade que só a comunhão com Deus pode conceder. 

No capítulo 48:11 temos um lindo exemplo do modo como o nosso Deus sempre Se eleva acima de todos os nossos pensamentos, e Se mostra melhor do que todos os nossos temores. "E Israel disse a José: Eu não cuidara ver o teu rosto; e eis que Deus me fez ver a tua semente também"

À vista da natureza, José estava morto; enquanto que para Deus ele estava vivo e sentado no lugar de mais elevada autoridade, a seguir ao trono. "As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam" (1 Co 2:9). Permita Deus que as nossas almas possam elevar-se na compreensão de Deus e dos Seus caminhos. 

É interessante notar o modo como os títulos "Jacó" e "Israel" são introduzidos no fim do livro do Gênesis; como por exemplo, "E um deu parte a Jacó e disse: Eis que José, teu filho, vem a ti. E esforçou-se Israel e assentou-se sobre a cama" (capítulo 48:2). Então acrescenta-se imediatamente: "E Jacó disse a José: O Deus Todo-Poderoso me apareceu em Luz". Ora nós sabemos que nada há na Sagrada Escritura sem o seu significado específico, e por isso esta troca de nomes encerra alguma instrução. Em geral, pode observar-se que "Jacó" mostra a profundidade até onde Deus desceu; e "Israel" a altura a que Jacó foi elevado. 

Embora os olhos estejam obscurecidos, a visão da fé é penetrante. Ele não vai ser enganado quanto à posição destinada a Efraim e Manassés nos desígnios de Deus. Não tem que estremecer, como seu pai Isaque, em capítulo 27:33, "estremeceu de um estremecimento muito grande", em face de um erro quase fatal. Antes pelo contrário. A sua resposta ao filho menos instruído é, "eu sei meu filho, eu sei". O poder de senso não tem, como no caso de Isaque, obscurecido a sua visão espiritual. Aprendera na escola da experiência a importância de se manter agarrado aos propósitos divinos, e a influência da natureza não pode afastá-lo deles.

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