Ao mesmo tempo que o nascimento de Isaque enchia Sara de riso, introduzia um elemento inteiramente novo na casa de Abraão. O filho da livre precipitou o desenrolar do caráter do filho da escrava. Na verdade, Isaque provou, em princípio, ser para a família de Abraão aquilo que a nova natureza é na alma dum pecador. Não se tratava de Ismael modificado, mas de Isaque nascido. O filho da escrava nunca podia ser nada mais senão isso. Pelo contrário, por muito fraco e desprezado que Isaque fosse, ele era o filho da livre. A sua posição e o seu caráter, a sua situação e perspectiva, eram do Senhor. "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito" (Jo 3:6).
A regeneração não é mudança da velha natureza, mas a introdução de uma nova. Nem tão-pouco a introdução desta nova natureza altera, no mínimo, o caráter verdadeiro e essencial da velha natureza. Esta continua a ser o que era; e não é, de modo nenhum, melhorada; pelo contrário, dá-se a plena manifestação do seu caráter pecaminoso em oposição ao novo elemento;"... a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro" (G1 5:17).
A regeneração não é mudança da velha natureza, mas a introdução de uma nova. Nem tão-pouco a introdução desta nova natureza altera, no mínimo, o caráter verdadeiro e essencial da velha natureza. Esta continua a ser o que era; e não é, de modo nenhum, melhorada; pelo contrário, dá-se a plena manifestação do seu caráter pecaminoso em oposição ao novo elemento;"... a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro" (G1 5:17).
O nascimento de Isaque não melhorou Ismael, mas apenas ocasionou a verdadeira oposição deste ao filho da promessa. Pôde ter uma conduta pacífica e irrepreensível até Isaque ter feito a sua aparição; mas então mostrou o que era perseguindo e ridicularizando o filho da ressurreição. Qual era logo o remédio? Melhorar Ismael? De modo nenhum; mas, "Deita fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não herdará como meu filho, com Isaque" (versículos 8-10). Aqui estava o único remédio. "Aquilo que é torto não se pode endireitar" (Ec 1:15); portanto, é preciso livrarmo-nos inteiramente do que é torto e ocuparmo-nos com aquilo que é divinamente reto. É tempo perdido procurar endireitar uma coisa torta. Por isso todos os esforços tendentes a melhorar a natureza são completamente fúteis.
Ora o erro em que caíram as igrejas da Galácia (*e muitas seitas "cristãs" dos dias atuais) foi a aceitação daquilo que apelava para a natureza."... Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos" (At 15:1). aqui vemos como a salvação se tornava dependente de alguma coisa que o homem podia ser, fazer, ou guardar. Isto importava em deitar por terra toda a obra gloriosa da redenção, a qual, como o crente sabe, assenta exclusivamente sobre o que Cristo é e o que Ele fez. Tornar a salvação dependente, de qualquer maneira, de alguma coisa inerente ao homem, ou a fazer pelo homem, é pô-la inteiramente de lado. Por outras palavras, Ismael tem que ser posto fora, e todas as esperanças de Abraão devem depender daquilo que Deus fez, e deu, na pessoa de Isaque. Escusado será dizer que isto não deixa nada em que o homem possa gloriar-se. Se a bem-aventurança presente ou futura dependesse até mesmo de uma alteração divina na natureza, a carne podia gloriar-se. Embora a minha natureza fosse melhorada, seria alguma coisa de mim, e deste modo Deus não teria toda a glória.
Em resumo, pois, a escrava representa o concerto da lei; e o seu filho representa todos os que são das "obras da lei", ou se fundamentam nesse princípio. Isto é muito claro. A escrava só gera para a escravidão, e nunca pode dar à luz um homem livre. Como poderia?- A lei nunca podia dar liberdade, visto que enquanto o homem vivesse ela dominava sobre ele (Rm 7:1). Eu nunca poderei ser livre enquanto estiver sob o domínio de alguém. Assim, enquanto vivo debaixo da lei esta tem domínio sobre mim; e nada
senão a morte pode libertar-me do seu domínio.
Esta é a doutrina bendita de Romanos 7. "Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei, pelo corpo de Cristo, para que sejais doutro, daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus." (Rm 7:4) Isto é liberdade, porque, "Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (Jo 8:36). "De maneira que, irmãos, somos filhos não da escrava, mas da livre" (G1 4:31).
Sem dúvida, haverá nisto tudo um esforço para deitar fora este elemento de escravatura, porque o legalismo é próprio dos nossos corações. "E pareceu esta palavra mui má aos olhos de Abraão, por causa de seu filho." Contudo, por muito má que seja, é conforme com a mente divina que permaneçamos firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não tornemos a metermo-nos debaixo do jugo da servidão (G1 5:1).
Possamos nós, prezado leitor, compreender tão inteira e praticamente a bem-aventurança da provisão de Deus por nós em Cristo, que acabemos com todos os pensamentos acerca da carne, e tudo que ela pode ser, fazer ou produzir. Existe tal plenitude em Cristo que torna todo o apelo à natureza supérfluo e vão.
* Nota do editor
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