"De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim." (Rm 7.17) Isto é uma grande descoberta. Aprendo que há uma natureza, o pecado, que ainda se encontra em mim, apesar de eu poder olhar por cima dele como algo distinto de mim mesmo, de meu novo "EU". "Bem", digo eu, "O que é que há, então, nessa velha natureza, no velho EU?" Não há nem um pouquinho de bem em mim, isto é, em minha carne, ou minha velha natureza. "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum: e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem." (Rm 7.18)
Trata-se de algo por demais humilhante descobrir que eu, como filho de Adão, não tenho nenhum poder para fazer o bem -- sim, muito pelo contrário! "Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço." (Rm 7.19) É este o verdadeiro caráter da velha natureza, mesmo quando a nova natureza deseja fazer o bem e ser santa -- sim, já que a nova natureza é santa, por ser nascida de Deus. De modo que não é a nova natureza, o novo "EU", que pratica o mal, quando a velha natureza está fazendo exatamente aquilo que a nova natureza condena.
"Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu" -- não mais eu como uma nova criatura que sou, -- "mas o pecado que habita em mim" (Rm 7.20). Há, portanto, dois princípios, ou naturezas, no homem nascido de Deus. O princípio da velha e depravada natureza é chamado de uma lei.
"Acho então esta lei em mim: que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo." (Rm 7.21) É este o invariável princípio da velha natureza -- "quando quero fazer o bem, o mal está comigo". "Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus." (Rm 7.22) Certamente isto prova que, sem dúvida alguma, existem duas naturezas; pois como poderia a velha natureza, que é pecado, se deleitar na lei de Deus? Todavia, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus". (Rm 7.22) "Bem", dirá você, "parece ser uma contradição". É exatamente isto que as duas naturezas são uma para a outra. Veja o versículo 23: "Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros."
Portanto, negar a existência das duas naturezas em um homem nascido de novo é negar o ensino claro da Palavra de Deus. Porventura Jesus não falou que "o que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito"? (Jo 3.6) Trata-se, portanto, de um completo novo nascimento; de uma nova natureza, uma nova criação, que é do Espírito e que é espiritual. Aquilo que é nascido de uma carne ou natureza pecaminosa é, ou seja, permanece sendo, carne e pecado. E aprendemos aqui que se estamos sob a lei, isto é, se estamos no terreno da carne, debaixo da lei com vistas ao aperfeiçoamento da carne, como milhares de pessoas estão, então descobrimos que, na guerra travada pelas duas naturezas, acabamos presos "debaixo da lei do pecado que está nos meus membros". (Rm 7.23) Trata-se de uma realidade terrível, mas iremos acabar conhecendo a malignidade de nossa velha natureza na prática, se não crermos no que Deus diz acerca dela. Todavia, se for este o caso, ou seja, de um homem nascido de Deus, sob a lei, não conhecendo a distinção entre as duas naturezas, ele estará sentindo-se extremamente miserável, se for sincero e estiver buscando ardentemente por justiça e santidade de vida. É exatamente o que encontramos aqui (na narração do apóstolo Paulo).
"Miserável homem que eu sou!" (Rm 7.24) E agora já não é mais "Quem me ajudará a melhorar a carne?", mas sim, "quem me livrará do corpo desta morte?" Sim, o velho homem, o corpo desta morte, deve ser abandonado. Precisamos ter um Libertador, e este Libertador é Cristo.
"Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor." (Rm 7.25) Poucas palavras, mas oh!, que gloriosa vitória e livramento! Após chegar à plena descoberta de minha completa incapacidade, e da imutável malignidade da velha natureza, os olhos são agora levantados para Cristo, e o coração dilata-se no pleno gozo da gratidão.
Há um erro que é cometido com frequência aqui, e devemos nos precaver cuidadosamente contra ele. É comum que se diga, ou que se insinue, que o que vimos acerca da velha natureza, a carne, a lei do pecado nos membros, é verdadeiro acerca do crente antes que ele consiga a libertação; mas que depois sua velha natureza muda ou é erradicada -- ou que, em todos os seus aspectos, melhora muito; que é, de repente ou gradualmente, santificada etc. etc., e que não há mais uma natureza má nos santos que são libertos, ou santificados. Será que é assim, ou não? Deixemos que as próprias palavras que se seguem, as quais vêm depois de nossa libertação e ações de graças, respondam a esta importante questão.
"Assim que eu mesmo com o entendimento" (ou o novo homem) "sirvo à lei de Deus, mas com a carne" (ou a velha natureza), "à lei do pecado." (Rm 7.25) Não nos encontramos mais no terreno da carne, como vivendo sob a lei e procurando aprimorar a carne -- não nos encontramos mais na carne. Mas, o fato de que a carne permanece no santo libertado -- na mesma pessoa que, com o novo entendimento, ou natureza, serve a lei de Deus, é algo declarado com a maior ênfase possível. Mas a carne, e a lei do pecado, ainda permanecem em mim. Podemos discordar, discutir, ridicularizar, mas aqui está a verdade da Escritura, e é algo que cada crente descobre ser verdade. Assim nos vemos na necessidade de sermos guardados irrepreensíveis, em nosso espírito, alma e corpo. (Leia 1 Tessalonicenses 5.23.) Coloque a velha natureza sob a lei, tente encontrar algo de bom nela e, imediatamente, você experimentará o que está descrito aqui.
Uma só questão mais, antes de deixarmos este assunto. Como pode haver tantos cristãos passando por esta experiência? Simplesmente porque, apesar de nascidos de Deus, estão, por meio de ensinos falsos ou incorretos, colocados debaixo da lei, e nunca conheceram o verdadeiro caráter da libertação.
Charles Stanley. Fonte: http://www.scribd.com/doc/104720029/Vida-Atraves-Da-Morte
Nenhum comentário:
Postar um comentário