domingo, 2 de dezembro de 2012

Abraão Demonstra Sua Fé Mediante Suas Obras

(Comentário Gênesis 22)


"Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito."
Hebreus 11:17


"Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? "

Tiago 2:21

"Porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único" (Gênesis 22.12). Notemos a frase, "agora sei". A prova nunca havia sido feita antes. Existia, sem dúvida, e Deus sabia isto. Porém, o ponto importante aqui é que Deus acha o Seu conhecimento do fato sobre a evidência tirada do altar do Monte Moriá. A fé é sempre comprovada pela ação, e o temor de Deus por meio dos frutos que resultam dela. Quem poderia pensar pôr em dúvida a sua fé? Tirai a fé, e Abraão aparecerá no Monte Moriá como um assassino e um doido. Tomai a fé em conta, e ele aparece ali como um adorador consagrado — um homem temente a Deus e justificado. Porém a fé tem que ser provada. "Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras?" (Tg 2:14)

E aqui quero referir a harmonia perfeita que existe entre Tiago e Paulo sobre o assunto da justificação. Na realidade, existe, como podia esperar-se, a maior e mais perfeita harmonia entre estes dois apóstolos sobre o assunto da justificação; com efeito, um é a contra-parte ou o expoente do outro. Paulo dá-nos o princípio íntimo, e Tiago a revelação desse princípio; aquele apresenta a vida oculta, este a vida manifestada; o primeiro vê o homem na sua relação com Deus, o último encara-o na sua relação com o seu semelhante. Bom, nós precisamos de ambos: o íntimo não serviria sem o exterior; e o exterior seria inútil e impotente sem o íntimo. "Abraão foi justificado" quando "creu em Deus"; e "Abraão foi justificado" quando "ofereceu Isaque, seu filho". No primeiro caso temos o segredo de Abraão, e no último o seu reconhecimento público pelo céu e pela terra. E conveniente notarmos esta distinção. Não se ouviu nenhuma voz do céu quando "Abraão creu em Deus", embora no parecer de Deus ele fosse ali, então, "considerado justo"; mas quando ele ofereceu o seu filho sobre o altar, Deus pôde dizer, "agora sei"; e todo o mundo teve uma prova poderosa e incontestável do fato de que Abraão era um homem justificado.

Assim será sempre. Onde quer que existir o princípio íntimo haverá a atuação exterior; porém todo o valor desta resulta da sua ligação com aquele. Desligai, por um momento, a atuação de Abraão, conforme é estabelecida por Tiago, da fé de Abraão, como é estabelecida por Paulo, e que virtude justificadora terá ela?  Nenhuma absolutamente. Todo o seu valor, a sua eficácia, a sua virtude emanam do fato que era uma manifestação exterior daquela fé, por virtude da qual ele havia sido contado justo perante Deus. Mas temos dito o bastante quanto à harmonia admirável entre Paulo e Tiago, ou antes, quanto à unidade da voz do Espírito Santo, quer essa voz seja proferida por Paulo ou por Tiago.

Voltemos agora para o nosso capítulo. É interessante vermos aqui como a alma de Abraão é levada a uma nova descoberta do caráter de Deus por meio da prova da sua fé. Quando podemos suportar a provação da própria mão de Deus, é certo levar-nos a alguma nova experiência com respeito ao Seu caráter, a qual nos faz conhecer quão valiosa é a provação. Se Abraão não tivesse estendido a sua mão para imolar o seu filho, ele nunca teria conhecido as ricas e excelentes profundidades desse título que ele aqui dá a Deus, a saber: "O Senhor proverá". É só quando somos realmente postos à prova que descobrimos o que Deus é. Sem provação podemos ser apenas teóricos, e Deus não nos quer assim: Ele quer que entremos nas profundidades vivas que há nEle Próprio — as realidades divinas de comunhão pessoal com Ele. Com que sentimentos e convicções diferentes deve Abraão ter retrocedido do Monte Moriá para Berseba! Do monte do Senhor ao poço do juramento! Quão diferentes eram agora os seus pensamentos acerca de 
Deus! Que pensamentos diferentes acerca de Isaque! Como eram diferentes os seus pensamentos quanto a tudo!

Na verdade, nós podemos dizer: "Bem-aventurado o varão que sofre a tentação" (Tg 1:12). É uma honra dada pelo próprio Senhor e a bem-aventurança da experiência a que ela conduz não pode ser facilmente calculada. É quando aos homens, para empregarmos a linguagem do Salmo 107:27, se "esvai toda a sabedoria" que eles podem descobrir o que Deus é. Oh! que Deus nos dê graça para podermos sofrer a provação, e a obra de Deus poder ser vista e o Seu nome glorificado em nós!

C. H. Mackintosh. Fonte: http://www.scribd.com/doc/105168410/Notas-Sobre-o-Pentateuco-Genesis-C-H-Mackintosh

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