Porventura você permanece no livre, pleno e eterno favor de Deus; ou está procurando alcançá-la por meio das obras? Era exatamente isto o que Israel estava fazendo, porém "o que Israel buscava não o alcançou". (Rm 11.7) Com toda a sua ira contra Deus, como foi revelada em Cristo, eles estavam, ao mesmo tempo, sendo zelosos da lei, e procurando justiça pelas obras. Rejeitando o livre favor de Deus, nunca poderiam obtê-la pelas obras. Por isso sua cidade foi destruída e eles foram dispersos ou mortos. "Mas os eleitos o alcançaram" (Rm 11.7), ou seja, o livre favor de Deus no qual permaneceram.

Mas será que a atual rejeição da graça de Deus por parte de Israel, e sua consequente cegueira, levam Deus a alterar Seus propósitos e Sua promessa? Devemos agora olhar cuidadosamente para o lado dispensacional desta questão. Deus transformou a queda deles em grande bênção para os gentios. E, se assim foi, quão maior não será a bênção da sua plenitude? (Romanos 11.12.) O mundo gentio foi abandonado à crassa idolatria, como vimos no capítulo 1. Mas agora, se a rejeição de Israel como nação resultou na "reconciliação do mundo" (Rm 11.15), o que será quando Deus os receber, senão vida dentre os mortos? O apóstolo não está falando aqui da vocação, ou privilégios celestiais, da igreja, mas de privilégios terrenos [para Israel].
Quando Deus chamou Abraão, e o separou de entre as nações, este tornou-se a oliveira de bênção e promessa sobre a Terra. Sua descendência veio a ser aquela árvore de privilégios, da qual Abraão era a raiz. Portanto, não é uma questão de ramos em Cristo, mas de ramos da oliveira da promessa ou dos privilégios. Trata-se, também, da questão da santidade relativa, ou separação do mundo. Alguns dos ramos naturais foram quebrados, mas não todo o Israel; alguns apenas. E, levando adiante esta figura, os gentios foram enxertados nesta oliveira de privilégios.
Trata-se de algo totalmente contrário à natureza enxertar a oliveira brava na boa. Na natureza, é sempre a boa oliveira, a boa macieira, que é enxertada na brava. Mas Deus tomou o pobre gentio, a planta "brava", e o enxertou na boa árvore abraâmica do privilégio. E mais ainda, o apóstolo não os deixa ignorar esta verdade dispensacional, de que "o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito, de Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades". (Rm 11.25,26) Deste modo, o período do "não há diferença" (Rm 10.12) chegará ao fim; o propósito de Deus em tirar para Si um povo de entre os gentios deverá se cumprir; então todo o Israel será salvo, conforme está escrito. Aí, então, todas as promessas que cabem a eles se cumprirão. Toda a nação de Israel, outrora dispersa, será reunida em sua própria terra, e serão então nascidos de Deus, conforme está escrito. É este o propósito de Deus, embora sejam eles os inimigos mais acirrados no tempo presente; Deus escolheu fazer assim.
Uma palavra mais, um solene aviso antes de terminarmos este capítulo. Se a cristandade gentia não permanecer em Sua benignidade, também ela será quebrada. Será que houve antes uma época em que a benignidade de Deus, o Seu livre favor, tenha sido mais evidentemente rejeitada do que no presente momento? Nunca antes, desde os dias dos apóstolos, a livre graça de Deus foi pregada tanto, e nunca também foi tão rejeitada. Há pouco tempo visitamos uma grande cidade onde foi construído um bom e amplo salão para a pregação do puro evangelho da graça de Deus. Estava fechado. Um outro grande edifício estava ocupado por aqueles que, como Israel na Antiguidade, procuram alcançar a justiça pelas obras, pelos rituais, e, disfarçadamente, pela missa. O local estava lotado, com pessoas, sentadas e em pé. Será que Deus irá suportar isso para sempre? Certamente o fim está próximo. Os ramos gentios devem ser quebrados. Foi assim que o Espírito explicou acerca deste período de "não há diferença" nestes três capítulos, Romanos 9, 10 e 11. Depois de seu fim haverá a dispensação do reino de Cristo, como foi anunciado pelos profetas. E nesse tempo todo o Israel será salvo, como objeto de Sua misericórdia. "Glória pois a Ele eternamente. Amém." (Rm 11.36)
Com isto termina a parte doutrinária desta maravilhosa revelação da justiça de Deus, em Seu proceder para com o homem. A leitura desta epístola de nada valerá se não for validada pelo Espírito Santo em nossos corações. Será que Ele, como vimos nas maravilhosas páginas desta epístola, tem usado assim a Sua Palavra? Será que reconhecemos verdadeiramente que somos pecadores ímpios e tão arruinados? Será que aprendemos que nunca houve, e nem pode haver, qualquer coisa boa na carne? Será que cremos em Deus que ressuscitou Jesus nosso Senhor de entre os mortos, O qual foi entregue por nossas ofensas? Será que nós, individualmente, já nos conscientizamos dessas ofensas e as reconhecemos como tendo sido transferidas para nosso santo Substituto? Será que posso dizer que Ele ressuscitou de entre os mortos para a MINHA justificação? Se assim for, certamente estamos justificados pela fé, e temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. E agora, permanecendo neste livre e abundante favor de Deus, como devemos andar? Sim, depois de completamente libertos, e possuindo o Espírito de vida, qual deveria ser o fruto disso? Os capítulos que restam dão a resposta a estas questões.
C. Stanley. Fonte: http://pt.scribd.com/doc/104720029/Vida-Atraves-Da-Morte
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