terça-feira, 23 de abril de 2013

Jacó e Siquém

(Comentário Gênesis 34)

Não é que Jacó não fosse, em geral, um homem de fé; era, certamente, e como tal, tem um lugar entre "uma tão grande nuvem de testemunhas" de Hebreus 11. Porém mostrou um triste fracasso em não andar no exercício habitual desse princípio divino. Poderia a fé levá-lo a dizer, "ficarei destruído, eu e minha casa?" Não, evidentemente. A promessa de Deus no capítulo 28:14-15 devia ter banido qualquer temor do seu espírito. "...te guardarei... não te deixarei." Isto devia ter tranquilizado o seu coração. Porém, o fato é que a sua mente estava mais ocupada com o perigo que corria entre os homens de Siquém do que com a sua segurança nas mãos de Deus. Devia ter sabido que nem um só cabelo da sua cabeça poderia ser tocado, e, portanto, em vez de se preocupar com Simeão e Levi, ou as consequências do seu ato precipitado, devia julgar-se a si próprio naquela posição. Se não se tivesse fixado em Siquém, Diná não teria sido desonrada, e a violência de seus filhos não teria sido manifestada. Vemos constantemente crentes passando por profunda dor e dificuldades por causa da sua própria infidelidade; e então, em vez de se julgarem a si próprios, começam a ponderar as circunstâncias e lançam sobre elas a culpa.

Quantas vezes vemos pais crentes, por exemplo, em aflição de alma quanto à travessura, rebeldia e mundanidade dos seus filhos; e, ao mesmo tempo, eles são os próprios culpados por não andarem em fidelidade perante Deus quanto às suas famílias. Foi assim com Jacó. Estava em terreno moral baixo, em Siquém; e, visto que lhe faltava aquela sensibilidade refinada que o teria levado a detectar o baixo terreno, Deus, em verdadeira fidelidade, usou as suas circunstâncias para o castigar. "Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gl. 6:7). E um princípio do governo moral de Deus—um princípio de cuja aplicação ninguém pode escapar; e é uma misericórdia para os filhos de Deus serem obrigados a ceifar os frutos dos seus erros. É uma misericórdia ser-se ensinado, de qualquer modo, da amargura de deixar ou não de contar com o Deus vivo. Temos de aprender que este não é o nosso repouso; porque, bendito seja Deus, Ele não nos daria um repouso manchado. Ele quer que descansemos em e com Ele Próprio. Tal é a Sua graça; e quando os nossos corações duvidam, ou fracassam, a Sua palavra é "Se voltares..., diz o Senhor, para mim voltarás" (Jr. 4:1).

A humildade falsa, a qual é apenas o fruto da incredulidade, leva o extraviado ou apóstata a tomar uma posição inferior, desconhecendo o princípio ou medida da restauração de Deus. O filho pródigo procurava ser tomado como um servo, desconhecendo que, tanto quanto lhe dizia respeito, ele não tinha mais direito ao título de servo que ao de filho; e, além disso, seria inteiramente indigno do caráter do pai colocá-lo numa tal posição. Devemos vir a Deus no princípio e segundo a maneira digna d'Ele Mesmo, ou então não vir.

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