sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

A Pia de Cobre

(Comentário Êxodo 30 - O CULTO, A COMUNHÃO E A ADORAÇÃO)

Nos versículos 17 a 21 temos a "pia de cobre com a sua base" — o vaso da purificação e a sua base. Estas duas coisas são sempre mencionadas conjuntamente (veja-se capítulos 30:28; 38:8; 40:11). Era nessa pia que os sacerdotes lavavam as mãos e os pés, e desta forma mantinham aquela pureza que era essencial ao cumprimento de suas funções sacerdotais. Não significava, de modo nenhum, uma nova questão de apresentação do sangue, mas simplesmente um ato mediante o qual se mantinham aptos para o serviço sacerdotal e o culto. "E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés. Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor" (versículo 20). 

Não pode haver verdadeira comunhão com Deus se a santidade pessoal não for diligentemente mantida. "Se dissermos que temos comunhão com ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade" (1 João 1:6). Esta santidade pessoal só pode proceder da ação da Palavra de Deus nas nossas obras e nos nossos caminhos: "... pela palavra dos teus lábios me guardei das veredas do destruidor" (Salmos 17:4). As nossas constantes falhas no ministério sacerdotal podem ser devidas ao fato de negligenciarmos o uso conveniente da pia de cobre. Se os nossos caminhos não forem submetidos à ação purificadora da Palavra de Deus — se continuarmos em busca ou na prática de alguma coisa que, segundo o testemunho da nossa própria consciência, é claramente condenada pela Palavra de Deus, o nosso caráter sacerdotal certamente carecerá de energia. A perseverança deliberada no mal e o verdadeiro culto sacerdotal são coisas completamente incompatíveis. "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (João 17:17). Se houver em nós impureza, não podemos desfrutar da presença de Deus. O efeito de Sua presença será então de convencer-nos do mal pela sua santa luz. Porém, quando, mediante a graça, podemos purificar os nossos caminhos, acautelando-nos segundo a Palavra de Deus, então estamos moralmente capacitados a desfrutar de Sua presença.

O leitor perceberá imediatamente que se abre aqui um vasto campo de verdade prática e como a doutrina da pia de cobre é largamente apresentada no Novo Testamento. Oh! que todos aqueles que têm o privilégio de pôr os pés nos átrios do santuário com vestidos sacerdotais e de se aproximarem do altar de Deus, para exercer o sacerdócio, mantenham as mãos e os pés limpos pelo uso da verdadeira pia de cobre! 

Talvez seja interessante notar que a pia de cobre com a Sua base era feita "dos espelhos das mulheres que se ajuntaram, ajuntando-se à porta da tenda da congregação" (capítulo 38:8). Este fato é cheio de significado. Somos sempre propensos a ser como o homem que "contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era" (Tiago 1:23). O espelho da natureza nunca poderá nos dar uma vista clara e permanente da nossa verdadeira condição. "Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito" (Tiago 1:25). Aquele que recorre continuamente à Palavra de Deus e a deixa falar ao seu coração e a sua consciência será mantido na atividade santa da vida divina.

C. H. Mackintosh

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