(Comentário Gênesis 24 - Parte 2)
A Igreja goza de vida divina; ela encontra-se em justiça divina; e a esperança que a anima é a esperança de justiça (ver passagens citadas no texto anterior). Isto emana do fato de ela ser um com Aquele que ressuscitou de entre os mortos. Ora nada pode dar tanta segurança ao coração como a convicção que a existência da Igreja é essencial para a glória de Cristo: "... a mulher é a glória do varão" (1 Co 11:7). Outro tanto, a Igreja é chamada "a plenitude daquele que cumpre tudo em todos" (Ef 1:23). Esta última expressão é notável. A palavra traduzida "plenitude" quer dizer o complemento, aquilo que, sendo acrescentado a alguma coisa mais, faz um todo. Encarando o assunto sob este ponto de vista não é de admirar que a Igreja tivesse sido o objeto dos pensamentos eternos de Deus. Quando a contemplamos como o corpo, a noiva, a companheira, a outra metade do Seu Filho unigênito, vemos que houve, pela graça, uma razão maravilhosa para Deus ter assim pensado nela antes da fundação do mundo (Ef 1.4).
Rebeca era necessária para Isaque, e, portanto, ela era o assunto de conselho secreto, enquanto estava ainda em absoluta ignorância quanto ao seu destino. Todo o pensamento de Abraão era acerca de Isaque. "Põe agora a tua mão debaixo da minha coxa para que eu te faça jurar pelo SENHOR, Deus dos céus e Deus da terra, que não tomarás para meu filho mulher das filhas dos cananeus, no meio dos quais habito." (vv. 2-3) Aqui vemos que o ponto importante era: mulher para meu filho. "Não é bom que o homem esteja só." (Gn 2.18) Isto descobre uma profunda e bem-aventurada vista da Igreja. Nos desígnios de Deus ela é necessária para Cristo; e na obra consumada de Cristo foi feita provisão divina para a sua chamada à existência. Deus quer "fazer as bodas de Seu Filho", e a Igreja é a noiva escolhida — ela é o objeto do propósito do Pai, o objeto do amor do Filho e do testemunho do Espírito Santo. Ela vai ser participante de toda a dignidade e glória do Filho, assim como é participante de todo esse amor de que Ele tem sido o objeto eterno. Escutai as Suas Palavras: "E Eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim" (Jo 7:22-23).
Isto resolve toda a questão. As palavras que acabo de reproduzir dão-nos os pensamentos do coração de Cristo a respeito da Igreja. Ela está destinada a ser como Ele é, e não somente isto, mas ela é-o agora; como o apóstolo João nos diz: "Nisto é perfeita a caridade (amor) para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo" (1 Jo 4:17). Isto dá plena confiança à alma. "... no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu filho Jesus Cristo" (1 Jo 5:20). Não existe aqui fundamento para a incerteza. Tudo está seguro para a noiva no Noivo. Tudo que pertencia a Isaque ficou sendo de Rebeca, porque Isaque era dela; e do mesmo modo tudo que é de Cristo é facultado à Igreja: "... tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus" (1 Co 3:21-23).
Cristo é Cabeça da Igreja sobre todas as coisas (Ef 1:22). Será Seu gozo, em toda a eternidade, exibir a Igreja na glória e beleza com que Ele a dotou, pois a sua glória e beleza serão apenas o Seu reflexo. Os anjos e os principados verão na Igreja a manifestação maravilhosa da sabedoria, do poder, e da graça de Deus em Cristo.
C. H. Mackintosh. Fonte: http://www.scribd.com/doc/105168410/Notas-Sobre-o-Pentateuco-Genesis-C-H-Mackintosh
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