(Comentário Romanos 8)
"Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus." (Rm 8.18,19) Quem podia, melhor do que Paulo, considerar este assunto? Prisões e cadeias o esperavam em cada cidade -- uma vida de constante de sofrimento com Aquele a Quem tanto amava servir; e ainda assim ele diz: "As aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada". Deveras, "a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus". Que solução para o espantoso paradoxo de toda a criação! Os gemidos dos campos de batalha cessarão; a miséria, a pobreza e a degradação das multidões; os sofrimentos da criação, tudo chegará ao fim.
"Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do corpo." (Rm 8.22) Repare que não é para a salvação de nossas almas que esperamos, e ansiamos, mas pela redenção do corpo. Isto pode ser tanto para os que estão na sepultura, como para os que serão transformados em um momento. Isto acontecerá na vinda do Senhor. No que diz respeito ao corpo, nem mesmo nós estamos livres do sofrimento, e de gemermos, até a vinda de nosso Senhor. Ainda não vimos Sua vinda e, por conseguinte, só podemos aguardar e ter esperança. Trata-se de um erro fatal supor que isso tudo signifique que não sabemos que temos a salvação; pelo contrário, sabemos que temos vida eterna -- "Aquele que crê no Filho TEM a vida eterna". (Jo 3.36) Não há espera para tal. Mas podemos aguardar em paciência pela redenção do corpo.
"E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu decreto". (Rm 8.28) Sabemos disso porque Deus é sempre por nós. É isto que é apresentado até o final do capítulo. "Daqueles que são chamados por Seu decreto." Deus não nos chamou por causa de qualquer bem que pudesse existir em nós, ou de qualquer desejo de nossa parte. Notemos atentamente qual foi o Seu propósito, pois Seu chamado é o resultado de Seu decreto ou propósito.
Não devemos alterar nem uma só palavra a fim de adaptar isto aos pensamentos ou raciocínios humanos. "E aos que predestinou a estes também chamou: e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou." (Rm 8.30) Aqui é tudo de Deus, que não pode falhar. Esta é a Sua ordem. Predestinados, chamados, justificados, glorificados. De eternidade a eternidade. Que sequência maravilhosa! Que consolo inestimável para os tão sofridos filhos de Deus! Porventura Ele não nos chamou? Então isto prova que nos predestinou; e Ele nos justificou; e não deixará de nos levar para a glória. A fé certamente confiará nEle. A incredulidade com prazer deixaria que Satanás introduzisse raciocínios que eliminassem toda esta verdade fundamental. "Que diremos pois a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm 8.31) Sim, se Deus é assim por nós, quem ou o quê pode ser contra nós? Veja como aprouve a Deus nos persuadir disto.
"Aquele que nem mesmo a Seu próprio Filho poupou, antes O entregou por todos nós, como nos não dará também com Ele todas as coisas?" (Rm 8.32) Alguma dúvida? Fica assim manifesto que todas as coisas devem cooperar para o nosso bem, já que Deus não poupou nem Seu próprio Filho. Que amor eterno e infinito teve Ele ao entregá-Lo por todos nós! Podemos esperar seja o que for, tendo em vista a imensidão e o caráter deste amor.
Como já vimos nesta epístola, já que é Deus, em Sua justiça, Aquele que é o Justificador, o Deus que justifica, "quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?" (Rm 8.33) Quem os condenará? Se Deus é nosso Justificador, poderá alguma criatura nos condenar? Foi Deus Quem demonstrou a Sua aceitação pelo nosso resgate ao ressuscitar Jesus de entre os mortos para nossa justificação. Deus O entregou por todos nós; e Ele O ressuscitou de entre os mortos para a justificação de nós todos; e Ele é a imutável justiça de todos os eleitos de Deus. "Quem os condenará?" (Rm 8.34) Deus não pode nos condenar sem condenar a Ele que foi levantado de entre os mortos para ser nossa justiça. Nossa justificação não poderia ser mais perfeita, pois tudo vem de Deus. Nossa justificação, portanto, é de Deus, e é completa e estabelecida eternamente.
Resta apenas mais uma questão. Poderá qualquer circunstância alterar o amor de Cristo, ou alterar o amor de Deus em Cristo para conosco? Há tantos que duvidam que o amor de Cristo possa permanecer, caso não o mereçamos continuamente, que esta acaba sendo uma questão de grande importância. Será que não se trata de um grande erro supor que alguma vez tenhamos merecido, merecemos, ou iremos merecer esse amor? Será que são os nossos méritos, o que o Espírito de Deus coloca diante de nós?
Leia do versículo 34 ao 39. Veja quão belo e simples é: Ele coloca Cristo diante de nós. Vamos acompanhar a Palavra, uma sentença após a outra. "É Cristo Quem morreu." (Rm 8.34) Será que Ele morreu por nós porque merecíamos o Seu amor? Poderia existir um amor como este, e, ainda por cima, amor por nós quando mortos em delitos e pecados? "Ou antes, Quem ressuscitou dentre os mortos." (Rm 8.34) Contemple-O, o Ressuscitado de entre os mortos, como o princípio da nova criação. E isto com o propósito expresso de nossa justificação. E tudo isso, quando o que merecíamos era só a eterna ira.
Então vem o inimigo, que enganou Eva, e diz: "Tudo isso é verdade se você nunca pecar mais após a sua conversão, mas se algum cristão pecar, certamente o pecado o separará do amor de Cristo". Veja se seu escudo não está abaixado quando o diabo lança insinuações assim contra você. A resposta preciosa é esta: "Também intercede por nós". (Rm 8.34) Sim, "vivendo sempre para interceder por eles". (Hb 7.25) Imagine de quantos pecados esta intercessão nos preserva!
Mas será que se um crente, um filho de Deus, por causa de seu descuido, pecar, será que Ele irá, ainda assim, em seu infinito e imutável amor, interceder pela causa daquele que caiu? "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E Ele é a propiciação pelos nossos pecados." (1 Jo 2.1,2) Sim, mesmo então, em imutável amor, Ele é o mesmo Jesus, que "também intercede por nós". Assim, tudo provém de Deus e não pode falhar. Leia agora toda a lista apresentada por estes versículos, e fiquemos persuadidos, como estava o apóstolo, de que NADA "nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor". (Rm 8.39) Não há condenação para aqueles que Deus justifica, aqueles que Ele tem por justos. E não há separação do infinito e eterno amor de Deus para conosco, em Cristo Jesus nosso Senhor.
Charles Stanley. Fonte: http://pt.scribd.com/doc/104720029/Vida-Atraves-Da-Morte
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