domingo, 16 de junho de 2013

A Elevação de José Sobre Toda a Terra do Egito

(Comentário Gênesis 41)

José foi tirado da cova e do cárcere, nos quais havia sido lançado por causa da inveja de seus irmãos, e do falso juízo de um gentio, para ser dominador de toda a terra do Egito; e não somente isto, mas para ser o meio de bênção, e o mantenedor da vida, para Israel e toda a terra. Tudo isto é ilustrativo de Cristo. De fato, um símbolo não podia ser mais perfeito. Vemos um homem posto, para todos os efeitos, no lugar da morte pelos homens, e então levantado pela mão de Deus e colocado em lugar de dignidade e glória. "Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, tomando-O vós, O crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela" (At 2:22-24).

Porém, há dois pontos na história de José, que, com o que já foi dito, tornam o símbolo notavelmente perfeito: refiro-me ao seu casamento com uma mulher estrangeira no capítulo 41, e a entrevista que tem com seus irmãos, em capítulo 45. A ordem dos acontecimentos é a seguinte: José apresenta-se aos seus irmãos como um que é enviado do pai; eles rejeitam-no, e, tanto quanto está neles, põem-no no lugar da morte; Deus tira-o dali, e exalta-o a uma posição da mais alta dignidade: assim exaltado, ele arranja uma noiva; e quando seus irmãos, segundo a carne, se prostram perante ele completamente humilhados, ele dá-se-lhes a conhecer, tranquiliza os seus corações e leva-os à bênção; então torna-se o meio de bênção para eles e todo o mundo


Asenate, Esposa de José: Imagem da Igreja Unida a Cristo

Desejo apenas fazer alguns comentários acerca do casamento de José e da restauração de seus irmãos. A noiva estrangeira ilustra a Igreja. Cristo apresentou-Se aos judeus, e, sendo rejeitado por eles, tomou o Seu lugar nas alturas e enviou o Espírito Santo para formar a Igreja, que é composta de judeus e gentios, para ser unida com Ele na glória celestial. A doutrina da Igreja já foi tratada quando dos nossos comentários sobre o capítulo 24 (leia: Parte 1, Parte 2, Parte 3, Parte 4), mas restam ainda dois ou três pontos a notar aqui. A esposa egípcia de José teve parte íntima com ele na sua glória. Sendo parte de si próprio, ela compartilhou de tudo que era seu. Além disso, ela ocupava um lugar de intimidade e aproximação dele somente conhecido dela. Assim é com a Igreja, a esposa do Cordeiro: ela está unida com Cristo para ser participante, ao mesmo tempo, da Sua rejeição e glória. E a posição de Cristo que dá caráter à posição da Igreja, e a sua posição deveria caracterizar sempre a sua conduta. Se somos reunidos para Cristo, é conforme Ele está exaltado em glória, e não humilhado aqui. "Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora, já não o conhecemos desse modo" (2 Co 5:16). O centro de reunião da Igreja é Cristo na glória. "E eu quando for levantado da terra todos atrairei a mim" (Jo 12:32).

Existe muito mais de valor prático na compreensão deste princípio do que pode parecer à primeira vista. O intuito de Satanás, bem como a tendência de nossos corações é sempre levar-nos a ficar aquém do objetivo de Deus em todas as coisas, e sobre tudo no que diz respeito ao centro da nossa união como cristãos. É um sentimento vulgar que "o sangue do Cordeiro é a união dos santos", isto é, que é o sangue que forma o seu centro de união. Ora que é o sangue infinitamente precioso de Cristo que nos põe individualmente como adoradores na presença de Deus, é bem-aventuradamente verdadeiro. O sangue, portanto, forma a base divina da nossa comunhão com Deus. Porém tratando-se do centro da nossa união como Igreja, devemos ter em vista o fato que o Espírito Santo nos reúne para a Pessoa de um Cristo ressuscitado e glorificado; e esta grande verdade dá o caráter—caráter elevado e santo—à nossa união como cristãos. Se tomarmos outra posição, que não esta, então, formamos inevitavelmente uma seita ou ismo. Se nos reunirmos em volta de uma ordenação, por muito importante que seja, ou em torno de uma verdade, por mais indiscutível, fazemos de alguma coisa o nosso centro, que não Cristo.

Por isso é muito importante ponderar as consequências práticas que resultam da verdade de sermos reunidos para um Cristo ressuscitado e glorificado no céu. Se Cristo estivesse na terra, seríamos reunidos para Ele aqui; mas, visto que está oculto nos céus, a Igreja toma o seu caráter da posição que Ele tem ali. Por isso, Cristo podia dizer: "Não são do mundo, como eu do mundo não sou", e também, "e por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade". (Jo 17:16-19). Assim também em 1 Pedro 2:4-5: "Chegando-vos para ele, a pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo". Se somos reunidos para Cristo, temos de ser reunidos para Ele como Ele é, e onde Ele está; e quanto mais o Espírito de Deus conduzir as nossas almas à compreensão disto, tanto mais veremos o caráter da conduta que nos convém. A noiva de José foi unida a si, não na cova nem no cárcere, mas na dignidade e glória da sua posição no Egito; e, no seu caso, não podemos ter dificuldade em perceber a grande diferença entre as duas posições.

Além disso, lemos, "e nasceram a José dois filhos (antes que viesse o ano da fome)" (capítulo 41:50). Aproximava-se uma época de tribulações; mas antes disso veio o fruto da sua união. Os filhos que Deus lhe deu foram chamados à existência antes deste tempo de provação. Assim será com respeito à Igreja. Todos os seus membros serão chamados, o corpo será acabado e ligado à Cabeça no céu, antes da "grande tribulação" que há-de vir sobre toda a terra.

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