(Comentário Gênesis 39, 40, 41)
Lendo atentamente estas porções interessantes de inspiração percebemos uma cadeia notável de atos providenciais, convergindo todos para um ponto, a saber, a exaltação do homem que havia estado na cova, e ao mesmo tempo trazendo à luz, gradualmente, um número de objetos secundários. "Os pensamentos de muitos corações" estavam para ser "revelados"; mas José estava para ser exaltado. "Chamou a fome sobre a terra; fez mirrar toda a planta do pão. Mandou adiante deles um varão, que foi vendido por escravo: José, cujos pés apertaram com grilhões e a quem puseram em ferros, até ao tempo em que chegou a sua palavra: a palavra do SENHOR O provou. Mandou o rei, e o fez soltar; o dominador dos povos o soltou. Fê-lo Senhor de sua casa, e governador de toda a sua fazenda para, a seu gosto, sujeitar os seus príncipes e instruir os seus anciãos" (Sl 105:16-22).
É bom ver que o fim era exaltar aquele que os homens haviam rejeitado; e então produzir nesses mesmos homens a mágoa do seu pecado na rejeição. E como tudo isto é admiravelmente conseguido! Circunstâncias triviais e importantes, prováveis e improváveis, são usadas no desenrolar dos propósitos de Deus. No capítulo 39 Satanás emprega a mulher de Potifar, e no capítulo 40 serve-se do copeiro-mor do Faraó. Aquela foi usada para meter José no cárcere; e este para o conservar lá, por causa do seu esquecimento ingrato; mas foi tudo em vão. Deus estava atrás dos bastidores dirigindo com a Sua mão as molas do encadeamento das circunstâncias, e a seu tempo tirou dali o homem do Seu desígnio e encaminhou os seus pés para um lugar espaçoso. Ora isto é sempre prerrogativa de Deus. Ele está acima de tudo e pode usar tudo para cumprimento dos Seus inescrutáveis desígnios. É agradável podermos seguir assim a mão do nosso Pai em todas as coisas. Agradável saber que toda a sorte de agentes está ao Seu soberano dispor: anjos, homens, e demônios — todos estão debaixo da Sua mão onipotente, e todos são criados para cumprir os Seus propósitos.
Neste capítulo tudo isto se nos apresenta de um modo notável. Deus visita o lar de um capitão gentio, o palácio de um rei pagão, sim, e o seu quarto, e faz com que as próprias visões que ele tem em seu leito contribuam para o cumprimento dos Seus desígnios. Nem tão-pouco são só indivíduos e as suas circunstâncias que são usados para o progresso dos propósitos de Deus; mas o próprio Egito e todos os países circunvizinhos são postos em cena; em suma, toda a terra foi preparada pela mão de Deus para ser o teatro no qual pudesse ser mostrada a glória e grandeza de um que "fora separado de seus irmãos". Tais são os caminhos de Deus; e é um dos mais felizes e altos privilégios de exercício da alma de um santo seguir assim os atos admiráveis de seu Pai Celestial. Como a providência de Deus é forçosamente trazida à luz nesta história profundamente interessante de José! Olhai, por um momento, para o cárcere do capitão da guarda. Vede ali um homem "em ferros", acusado de um crime abominável — proscrito e escória da sociedade; e todavia vede-o, quase num momento, elevado à mais alta distinção; e quem poderá negar que Deus está em tudo isto?
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