segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Mara: as Águas Amargas

(Comentário Êxodo 15)

Os versículos finais deste capítulo mostram-nos Israel no deserto. Até aqui parece que tudo lhes havia corrido bem. Terríveis juízos haviam caído sobre o Egito, mas Israel fora perfeitamente excluído; o exército do Egito jazia morto nas praias do mar, mas Israel estava em triunfo. Tudo isto era bastante; mas, enfim, o aspecto das coisas depressa mudou! Os hinos de louvor foram depressa substituídos pelas palavras de descontentamento. "Então, chegaram a Mara; mas não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas: por isso, chamou-se o seu nome Mara. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?" (versículos 23 a 24).

"E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto. E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera que nós morrêssemos pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes tirado para este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão" (capítulo 16:2-3).

Oh! prezado leitor, certifiquemo-nos de que compreendemos estas coisas plena e claramente.

Eis aqui as provações do deserto. "Que havemos de comer?" e "que havemos de beber?" As águas de Mara puseram à prova o coração de Israel e mostraram o seu espírito murmurador; mas o Senhor mostrou-lhes que não havia amargura que Ele não pudesse dulcificar com a provisão da Sua graça: "...e o Senhor mostrou-lhe um lenho que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces: ali lhes deu estatutos e uma ordenação, e ali os provou". Que formosa figura d'Aquele que foi, em graça infinita, lançado às águas da morte, para que essas águas nada mais nos pudessem dar senão doçura, para todo o sempre. Verdadeiramente, podemos dizer: "Na verdade já passou a amargura da morte", e nada mais nos resta senão as doçuras eternas da ressurreição.

O versículo 26 põe diante de nós o caráter importante desta primeira etapa dos remidos de Deus no deserto. Encontramo-nos em grande perigo, nesta hora, de cair num espírito mal disposto, impaciente de murmuração. O único remédio contra este mal é conservarmos os olhos postos em Jesus —"olhando para Jesus" (Hebreus 12:2). Bendito seja o Seu nome, Ele sempre Se mostra à altura das necessidades do Seu povo; e eles, em vez de se queixarem das suas circunstâncias, deviam fazer delas o motivo de se aproximarem mais d'Ele. É assim que o deserto se torna útil para nos ensinar o que Deus é. É uma escola na qual aprendemos a conhecer a Sua graça constante e os Seus amplos recursos. "E suportou os seus costumes no deserto por espaço de quase quarenta anos" (Atos 13:18).

O homem espiritual reconhecerá sempre que vale a pena ter águas amargas para Deus as dulcificar: "... também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência, e a experiência, a esperança" (Romanos 5:3-5).

C. H. Mackintosh

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