quarta-feira, 6 de março de 2019

A Contenda do Povo com Moisés

(Comentário Êxodo 17)

"Depois, toda a congregação dos filhos de Israel partiu do deserto de Sim pelas suas jornadas, segundo o mandamento do Senhor, e acamparam em Refidim; e não havia ali água para o povo beber. Então, contendeu o povo com Moisés, e disseram: Dá-nos água para beber. E Moisés lhes disse: Por que contendeis comigo? Por que tentais ao Senhor?" Não conhecêssemos nós alguma coisa do mal humilhante de nossos corações e ficaríamos embaraçados quanto à razão da insensibilidade espantosa de Israel para com a bondade, a fidelidade e os Atos poderosos do Senhor. Acabavam de ver cair pão do céu para alimentar seiscentas mil pessoas no deserto, e ei-los agora, prontos a "apedrejar" Moisés por os ter trazido para esse mesmo deserto, para os matar de sede. Nada pode exceder a incredulidade terrível e maldade do coração humano senão a graça superabundante de Deus. É só nessa graça que alguém pode encontrar alívio sob a sensação, sempre crescente, da sua natureza perversa, que as circunstâncias tendem a manifestar. Houvesse Israel sido transportado diretamente do Egito a Canaã, e não teria sido feita uma tão triste exibição do que é o coração humano; e, como consequência, eles não teriam sido exemplos ou figuras tão admiráveis para nós. De fato, os quarenta anos de peregrinação no deserto oferecem-nos um volume de avisos, admoestações e instruções úteis além de toda a concepção. Aprendemos, entre outras coisas, a propensão constante do coração para suspeitar de Deus. Confia em tudo, menos em Deus. Prefere apoiar-se numa teia de aranha em vez do braço do Deus onipotente, sábio e generoso; e a mais pequena nuvem é mais que suficiente para ocultar da sua vista a luz do Seu bendito rosto. É pois com razão que as Escrituras falam dele como sendo "mau e infiel", sempre pronto para "se apartar do Deus vivo" (Hb 3:12).

É interessante notar as duas interrogações feitas pela incredulidade, neste capítulo e no precedente. São precisamente idênticas àquelas que se levantam em nós e à nossa volta, diariamente: "Que comeremos? E que beberemos?" (Mateus 6:31). Não vemos que o povo fizesse a terceira pergunta desta categoria, "com que nos vestiremos'?" Porém, estas são as interrogações do deserto: "O quê?" "Onde?" "Como?". A fé tem apenas uma resposta compreensível para todas as três, a saber: DEUS! Que resposta perfeita e preciosa! Ah, se o autor e o leitor destas linhas conhecessem perfeitamente o seu poder e a sua plenitude! Necessariamente precisamos recordar, quando passamos pela provação, que não vem sobre nós tentação senão humana, "mas, fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar" (1 Coríntios 10:13). Sempre que somos postos à prova, podemos estar certos que, com a prova, há também uma saída, e tudo que precisamos é uma vontade submissa ao Senhor e um olhar simples para vermos a saída.

C. H. Mackintosh

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