"Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça." (Rm 6.14) Tendo, assim, vida em Cristo, podemos agora encarar o pecado em nosso velho e pecaminoso "eu" como um inimigo, todavia um inimigo que não deveria ter domínio. Que libertação isto traz! Para aquele que conhece a total vileza da velha natureza, não há palavras que possam expressar completamente a grandeza da libertação do reino do pecado. Pode haver uma súbita tentação -- sim, falhas até -- mas o pecado não deverá ter domínio -- não deverá reinar. Mas por que o pecado não deve reinar? "Pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça." (Rm 6.14). Na mesma proporção que o gratuito favor de Deus, por meio de Cristo Jesus, é conhecido e desfrutado, está a libertação da escravidão do pecado, e podermos viver uma vida santa. A lei não pode dar poder àqueles que se encontram sob ela, mas pode apenas amaldiçoá-los.
No momento em que você torna o favor de Deus condicional, seja com respeito à lei de Moisés, ou aos preceitos do evangelho, você começa pelo lado errado, e cedo acabará encontrando nada mais além de miséria e dúvidas. Você dirá: Não guardo os mandamentos de Deus como deveria; ou, Não amo a Cristo como deveria; será que sou realmente um cristão? Ora, será que isso é lei ou graça? Está claro que é lei. E a Palavra diz que o pecado não terá domínio sobre você, pois você não está debaixo desse princípio, mas debaixo da graça. Certamente não poderá haver santidade de vida, a menos que o coração esteja perfeitamente livre, descansando no desimpedido, gratuito e incondicional favor de Deus.
Porventura Ele não me levantou, um ímpio pecador que merecia o inferno? Não entregou, em puro e imerecido amor, Seu Filho para morrer por nossos pecados? Acaso não O ressuscitou de entre os mortos para nossa justificação? E não nos deu eterna redenção pelo Seu sangue? Será que não temos assim paz com Deus, em conformidade com tudo aquilo que Deus é? Não estamos identificados com Cristo em todos os méritos de Sua morte; e mais ainda, vivos nEle para Deus? E não foi isso tudo por graça, livre e absoluta graça, a graça dAquele que não muda? Sim, e agora estou vivo para Deus e posso me considerar, considerar meu velho homem, morto. E estou, assim, livre de mim mesmo, para viver para Deus. E, dispondo de toda a imutável graça para mim, não estou, portanto, no terreno da lei, ou das condições para vida, salvação ou libertação, mas estou absolutamente debaixo da livre e eterna graça. Oh, agora sou livre para servir o Senhor, em verdadeira separação do mal e em completa aversão ao mal.
Não há dúvida de que muitos dirão a você que uma doutrina assim irá levá-lo a pecar do jeito que gosta sua velha natureza. "Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum", ou, longe de nós tal pensamento. (Rm 6.15) Aqueles que falam assim nunca conheceram o que é a graça de Deus, ou o que é a verdadeira liberdade -- não liberdade para pecar, mas liberdade do pecado. Note bem que estas palavras não são para aqueles que estão procurando experimentar, na prática, que estão mortos para o pecado, ou mortos com Cristo e vivos para Deus. No batismo, eles professaram que estão mortos e sepultados com Cristo, identificados com Ele na morte. Consideram-se a si mesmos mortos para o pecado, e estão assim justificados do pecado e vivos para Deus.
Oh, que verdade maravilhosa, e quase esquecida! Morte para o pecado -- a única libertação do pecado. Mas que libertação poderia existir sem vida em Cristo para Deus? Como pode você andar em novidade de vida, se você não tem novidade de vida? Se sua velha natureza estivesse colocada debaixo da lei, então, com certeza, o pecado teria o domínio. Mas porque Deus deu a você uma nova vida -- que é um dom gratuito vindo dEle -- e colocou você em Sua própria graça, imutável e desimpedida graça, "pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça?" (Rm 6.15) Longe de nós tal pensamento.
Temos certeza de que todos aqueles que gostariam de colocar você debaixo da lei, nunca conheceram verdadeiramente o que é a graça de Deus. E não se esqueça de que tudo isso demonstra a ligação que há entre a graça e a santidade prática, ou a justiça no andar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário