quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A Lei e a Graça

(Comentário Gênesis 16)

Podemos pensar em Agar o seu filho como figuras do concerto das obras e de todos os que são desse modo trazidos à escravidão (veja G1 4:22-25). "A carne" é, nesta passagem importante, posta em contraste com "a promessa"; e deste modo não temos apenas a ideia divina do que significa o termo "carne", mas também quanto aos esforços de Abraão para obter a semente por meio de Agar, em vez de descansar na "promessa" de Deus. Os dois concertos são simbolizados por Agar e Sara, e são diametralmente opostos um ao outro: um engendra a escravidão, tanto mais que levantou a questão quanto à competência do homem para "fazer" e "não fazer", e fez a vida inteiramente dependente dessa competência. "O homem que fizer estas coisas por elas viverá" (G1 3:12). Este era o concerto de Agar. Porém o concerto de Sara revela Deus como o Deus da promessa, a qual promessa é inteiramente independente do homem e baseada na boa vontade e aptidão de Deus para a cumprir. 

Quando Deus faz uma promessa não há "se" ligado com ela. Ele fá-la incondicionalmente, e está decidido a cumpri-la; e a fé descansa n'Ele, em perfeita liberdade de coração. Não é preciso esforço da natureza para conseguir o cumprimento de uma promessa divina. Foi aqui, precisamente, que Abraão e Sara falharam. Eles fizeram um esforço da natureza para conseguir um determinado fim, o qual estava absolutamente assegurado por uma promessa de Deus. Este é o grande erro da incredulidade. Por meio da sua atividade impaciente levanta uma neblina obscura em volta da alma, que impede os raios da glória divina de a alcançarem. "Não fez ali muitas maravilhas por causa da incredulidade deles" (Mt 13:58). Uma característica eficaz da fé é que sempre deixa o campo livre para Deus Se revelar; e, verdadeiramente, quando Ele Se revela, o homem deve tomar o lugar de um feliz adorador.

O erro pelo qual os Gálatas se deixaram arrastar foi o acréscimo de alguma coisa da natureza àquilo que Cristo já tinha realizado por eles na cruz. O evangelho que lhes havia sido pregado, e que eles tinham recebido, era a apresentação simples da graça de Deus, perfeita e incondicional. Jesus Cristo havia, evidentemente, sido representado perante eles como crucificado (G1 3:1). Isto não era apenas uma promessa divina, mas sim uma promessa divina e gloriosamente consumada. Cristo crucificado correspondia perfeitamente tanto às exigências de Deus como às necessidades do homem. Porém os falsos ensinadores transtornavam tudo isto, ou procuravam transtorná-lo, dizendo: "...Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos" (At 15:1). Isto, como Paulo lhes disse, era, na realidade, tornar Cristo de nenhum efeito.

C. H. Mackintosh. Fonte: http://www.scribd.com/doc/105168410/Notas-Sobre-o-Pentateuco-Genesis-C-H-Mackintosh

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