domingo, 17 de março de 2013

O Conhecimento do Deus da Graça

(Comentário Gênesis 29, 30 e 31)

Ora, é segundo o verdadeiro caráter de Jacó, de lugar em lugar da sua extraordinária história, que se obtém uma maravilhosa vista da graça divina. Ninguém senão Deus poderia suportar uma pessoa como Jacó assim como ninguém senão Deus teria tratado com uma pessoa assim. Graça começa pelo ponto mais baixo. Recebe o homem como ele é, e trata com ele no pleno conhecimento do que ele é. É de grande importância compreender este aspecto da graça no ponto de decisão de alguém; habilita-nos a levar, com firmeza de coração, as descobertas posteriores de vileza pessoal, que tão frequentemente abalam a confiança e perturbam a paz dos filhos de Deus.

Muitos não compreendem desde o princípio a ruína completa da sua natureza, tal qual se manifesta na presença de Deus, embora os seus corações hajam sido atraídos pela graça, e as suas consciências tranquilizadas, de algum modo, pela aplicação do sangue de Cristo. Por isso, à medida que vão avançando na sua carreira, começam a fazer descobertas mais profundas do mal em seus corações, e, sendo deficientes na sua compreensão da graça de Deus, e da eficácia e extensão do sacrifício de Cristo, levantam imediatamente a questão acerca de serem filhos de Deus. Deste modo são tirados a Cristo e atirados para cima de si próprios, e então ou se entregam às ordenações, de modo a manterem o seu tom de devoção, ou caem outra vez inteiramente no mundanismo e na carnalidade. Estas consequências são desastrosas, e o resultado de não se ter o coração estabelecido na graça.

É isto que torna o estudo da história de Jacó tão interessante e útil. Ninguém pode ler estes três capítulos sem ser despertado pela graça maravilhosa que pôde cuidar de um como Jacó, e não apenas cuidar dele, mas dizer, depois da descoberta plena de tudo que havia nele, que não "viu iniquidade em Israel, nem contemplou maldade em Jacó" (Nm 23:21). Deus não diz que não havia perversidade e iniquidade em Jacó. Uma tal afirmação não daria confiança ao coração — a própria coisa, sobre todas as coisas, que Deus quer dar. Nunca daria ânimo ao coração de um pobre pecador dizer-lhe que nele não havia pecado — porque, enfim, ele sabe muito bem que há —, porém, se Deus diz, com base no sacrifício perfeito de Cristo, que não vê pecado sobre si, isso dá, infalivelmente, paz ao seu coração e à consciência. Se Deus tivesse escolhido Esaú, não teríamos tido, de modo nenhum, uma tal demonstração da graça; é por esta razão, que ele não aparece perante nós na luz amável em que vemos Jacó. Quanto mais o homem se afunda, mais a graça de Deus se eleva. À medida que o meu débito aumenta, nos meus cálculos, de cinquenta para quinhentos talentos, do mesmo modo, a minha apreciação da graça, e a experiência do amor que, não tendo nós nada com que pagar, pôde liberalmente perdoar-nos tudo (Lc. 7:42), se elevam.

Bem podia o apóstolo dizer, "... bom é que o coração se fortifique com graça e não com manjares, que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram" (Hb 13:9).

C. H. Mackintosh. Fonte: http://www.scribd.com/doc/105168410/Notas-Sobre-o-Pentateuco-Genesis-C-H-Mackintosh

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