quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

A Ordem de Deus para Marchar

(Comentário Êxodo 14)

Contudo, quando Deus, na Sua muita misericórdia, abre o caminho, a fé pode andar nele; então deixa o caminho do homem, para andar no caminho de Deus.

"Então, disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem" (versículo 15). É quando aprendemos a estar "quietos" que podemos, efetivamente, ir para diante. Tentar ir para diante sem termos aprendido a estar "quietos" é ter a certeza de cairmos no ridículo da nossa loucura e fraqueza. E, portanto, verdadeira sabedoria, em todas as ocasiões de dificuldade e perplexidade, permanecermos tranquilos—esperando unicamente em Deus, que certamente nos abrirá um caminho; e então poderemos "marchar" em paz e tranquilidade. Não existe a incerteza quando é Deus quem nos abre o caminho; pelo contrário, todo o caminho de nossa própria invenção será um caminho de dúvida e hesitação. O homem natural pode avançar, com certa aparência de firmeza e decisão, no seu próprio caminho; porém, um dos elementos da nova natureza é a desconfiança em si própria, em contraste com a confiança em Deus como seu próprio elemento. É quando os nossos olhos têm visto a salvação de Deus que podemos seguir este caminho; contudo não poderemos vê-lo claramente antes de sermos convencidos da inutilidade dos nossos próprios e fracos esforços.

A expressão "verei a salvação de Deus" encerra beleza e força peculiar. O próprio fato de sermos chamados para ver a salvação de Deus é prova de que a salvação está completa. Ensina-nos que a salvação é uma obra realizada e revelada por Deus, para ser vista e gozada por nós. Não é uma obra em parte de Deus e em parte do homem. Se fosse assim, não poderia ser chamada a salvação de Deus. Para poder ser chamada a salvação de Deus é preciso que seja desprovida de tudo que pertence ao homem. O único efeito possível dos esforços humanos será obscurecer aos nossos olhos a salvação de Deus.

"Dize aos filhos de Israel que marchem".

O próprio Moisés parece ter ficado perplexo, como se depreende da interrogação "Por que clamas a mim?" Moisés podia dizer ao povo "estai quietos e vede o livramento do Senhor", enquanto o seu próprio espírito clamava a Deus angustiado. Todavia, de nada vale clamar quando devemos atuar; do mesmo modo que de nada servirá atuar quando devemos estar em expectativa. E contudo tal é sempre o nosso método. Intentamos avançar quando devemos estar quietos, e ficamos quietos quando devemos avançar. No caso de Israel, podia perguntar-se: "Para onde devemos ir?" Segundo as aparências, havia uma barreira intransponível no caminho a qualquer movimento. Como poderiam eles atravessar o mar? Esta era a dificuldade que a natureza jamais poderia resolver. Contudo, podemos estar certos que Deus nunca dá um mandamento sem, ao mesmo tempo, comunicar o poder para lhe obedecermos. O verdadeiro estado do coração pode ser posto à prova pelo mandamento; porém a alma que, pela graça, estiver disposta a obedecer receberá poder do alto para o fazer. Quando Cristo mandou ao homem com a mão mirrada que a estendesse, ele poderia naturalmente ter dito: "Como posso eu estender um braço que está morto para mim?" Contudo, ele não levantou nenhuma objeção, porque com o mandamento, e da mesma origem, veio o poder para obediência.

C. H. Mackintosh

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