sábado, 1 de dezembro de 2018

Resgatados pelo Sangue de Cristo

(Comentário Êxodo 13)

O anjo destruidor passou pela terra do Egito para destruir todos os primogênitos; porém os primogênitos de Israel escaparam por meio da morte de um substituto enviado por Deus. Por consequência, estes aparecem perante nós, neste capítulo, como um povo vivo, consagrado a Deus. Salvos por meio do sangue do cordeiro, eles têm o privilégio de consagrar as suas vidas Aquele que as redimiu. Assim, era só como redimidos que possuíam vida. Foi somente a graça de Deus que fez com que houvesse diferença a favor deles, e dera-lhes o lugar de homens vivos na Sua presença. No seu caso, certamente, não havia lugar para jactância; porque, quanto aos seus méritos ou dignidade pessoal, aprendemos neste capítulo que foram postos ao mesmo nível das coisas impuras e inúteis. "Porém tudo que abrir a madre da jumenta resgatarás com cordeiro; e, se o não resgatares cortar-lhe-ás a cabeça; mas todo o primogênito do homem entre teus filhos resgatarás" (versículo 13). Havia duas classes de animais, a saber: os limpos e os imundos; e o homem é contado aqui com os últimos. O cordeiro tinha de responder pelos imundos; e se o jumento não fosse resgatado, a sua cabeça tinha de ser cortada; de forma que o homem não redimido era posto ao mesmo nível do animal imundo, e isto, também, numa condição que não podia ser mais insignificante e obscura. Que quadro humilhante do homem na sua condição natural! Oh! se os nossos pobres e orgulhosos corações pudessem compreender melhor esta verdade! Então regozijar-nos-íamos sinceramente com o privilégio glorioso de sermos lavados da nossa culpa no sangue do Cordeiro de Deus e de termos deixado para sempre a nossa vileza pessoal na sepultura, onde foi posto o nosso Substituto.

Cristo era o Cordeiro limpo, sem mácula. Nós éramos imundos. Mas, adorado seja para todo o sempre o Seu nome incomparável, Ele tomou o nosso lugar; e foi feito pecado na cruz e tratado como tal. Aquilo que nós devíamos sofrer por todos os séculos incontáveis da eternidade, sofreu-o Ele por nós na cruz. Ali, e então, Ele sofreu tudo que nós merecíamos, para que nós pudéssemos gozar para sempre aquilo que Lhe é devido. Ele recebeu o que nós merecíamos, para que nós pudéssemos receber os Seus méritos. Aquele que era puro tomou, por um pouco de tempo, o lugar dos imundos, a fim de que os imundos pudessem tomar para todo o sempre o lugar dos puros. Assim, embora quanto à natureza sejamos representados pela figura repugnante de um jumento com a cabeça partida, pela graça somos representados por um Cristo ressuscitado e glorificado no céu. Que contraste maravilhoso! Deita por terra a glória do homem e glorifica as riquezas do amor de redenção. Reduz ao silêncio a jactância vazia do homem e põe na sua boca um cântico de louvor a Deus e ao Cordeiro, que ressoará nas cortes do céu através dos séculos eternos (¹).

(¹) É interessante notarmos que por natureza temos o grau de um animal imundo; pela graça estamos ligados com Cristo, o Cordeiro imaculado. Não pode haver mais baixo que o lugar que nos pertence por natureza e nada mais elevado que o lugar que nos pertence por graça. Pensai, por exemplo, num jumento com a cabeça decepada - eis o que vale um homem sem Deus. Pensai no "precioso sangue de Cristo": eis o que vale um homem redimido. "Para vós, os que credes, é precioso" (1 Pedro 2:7). Quer dizer, todos quantos são lavados no sangue participam da preciosidade de Cristo. Assim como Ele é "a pedra viva", eles são "pedras vivas"; do mesmo modo que Ele é "a pedra preciosa", eles são "pedras preciosas". Os remidos recebem vida e dignidade d'Ele e n'Ele. São como Ele é. Cada pedra do edifício é preciosa, porque é comprada nada menos nada mais que com "o sangue do Cordeiro". Deus permita que o Seu povo conheça melhor o seu lugar e os seus privilégios em Cristo!

É forçoso recordar aqui as palavras do apóstolo Paulo aos Romanos: "Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos; sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte não mais terá domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado, mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências. Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus; como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça" (Rm 6:8-14). Não só estamos resgatados do poder da morte e da sepultura, mas unidos Àquele que nos resgatou pelo preço enormíssimo da Sua própria vida, para que pudéssemos, na energia do Espírito Santo, consagrar a nossa nova vida, com todas as suas faculdades, ao Seu serviço, de forma a que o Seu nome precioso seja glorificado em nós, segundo a vontade de Deus, nosso Pai.

C. H. Mackintosh

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