sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Cristo, nosso Mediador

(Comentário Êxodo 32 - APOSTASIA)

O Senhor havia dito a Moisés: "O teu povo, que fizeste subir", porém Moisés responde ao Senhor, "o teu povo, que tu tiraste...". Era o povo do Senhor, apesar de tudo; e o Seu nome, a Sua glória, e o Seu juramento estavam ligados com o seu destino. Logo que o Senhor Se liga com um povo, o Seu caráter é emprenhado e a fé esperará sempre n'Ele sobre este sólido fundamento. Moisés esquece-se completamente de si. A sua alma está inteiramente ocupada com pensamentos acerca da glória do Senhor e do Seu povo. Que servo abençoado! Como há tão poucos como ele! E quando o contemplamos nessa cena, percebemos que está infinitamente abaixo do bendito Mestre. A diferença entre eles é infinita! Moisés desceu do monte. "E vendo o bezerro e as danças, acendeu-se o furor de Moisés e arremessou as tábuas das suas mãos e quebrou-as ao pé do monte" (versículo 19). O concerto foi violado e os seu memorial foi feito em pedaços; e, então, havendo, em justa indignação, executado o juízo, "disse ao povo: Vós pecastes grande pecado; agora, porém, subirei ao Senhor; porventura, farei propiciação por vosso pecado".

Quão diferente é tudo isto do que vemos em Cristo! Veio do seio do Pai não com as tábuas da lei em Suas mãos, mas com a lei em Seu coração: não veio para conhecer a condição do povo, mas com perfeito conhecimento do que essa condição era. Demais, em vez de destruir os acordos do concerto e executar o juízo, engrandeceu a lei e honrou-a e levou sobre a Sua adorável Pessoa, na cruz, o juízo do Seu povo; e, havendo cumprido tudo, voltou para o céu, não com um "porventura farei propiciação por vossos pecados", mas para depositar sobre o trono da Majestade nas alturas os acordos imperecíveis de uma expiação realizada. Isto constitui uma diferença imensa e verdadeiramente gloriosa. Graças a Deus, não temos necessidade de seguir com ansiedade o nosso Mediador para saber se cumprirá a nossa redenção e se apaziguará a justiça ofendida. Não, Ele já fez tudo. A Sua presença nas alturas declara que toda a obra foi consumada. Nos limites deste mundo, prestes a partir, e com toda a calma de um vencedor consciente da vitória — embora tivesse ainda que atravessar a cena mais sombria —, pôde dizer: "Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer" (João 17:4). Bendito Salvador! Bem podemos adorar-Te e exaltar-Te no lugar de glória e honra com que a justiça eterna Te coroou. O lugar mais elevado no céu pertence-Te, e os Teus santos esperam apenas o tempo em que "ao nome de Jesus se dobre todo o joelho... e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai" (Filipenses 2:10-11).

No fim deste capítulo o Senhor proclama os Seus direitos no governo moral nas seguintes palavras: "Aquele que pecar contra mim, a este riscarei eu do meu livro. Vai, pois, agora, conduze este povo para onde te tenho dito; eis que o meu anjo irá adiante de ti; porém, no dia da minha visitação, visitarei, neles, o seu pecado". Eis aqui Deus no governo, não Deus no evangelho. Aqui Deus fala de riscar o pecador; no evangelho vê-Se tirando o pecado. A diferença é grande! O povo deve ser conduzido, por intermédio de Moisés, pela mão de um anjo. Este estado de coisas era bem diferente daquele que havia existido desde o Egito ao Sinai. Israel perdera todo o direito baseado na lei, e por isso só restava a Deus retroceder à Sua soberania e dizer: "...terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia."

C. H. Mackintosh

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