quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

O Monte Horebe e o Evangelho

(Comentário Êxodo 34 - O MONTE HOREBE E O EVANGELHO)

No capítulo 34, Deus dá as segundas tábuas da lei, não para serem quebradas, mas para serem guardadas na arca, sobre a qual, como já observamos, Jeová tomaria o Seu lugar como Senhor de toda a terra no governo moral. "Então, ele lavrou duas tábuas de pedra, como as primeiras; e levantou-se Moisés pela manhã de madrugada, e subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe tinha ordenado; e tomou as duas tábuas de pedra na sua mão. E o Senhor desceu numa nuvem e se pôs junto a ele; e ele apregoou o nome do Senhor. Passando, pois, o Senhor perante a sua face, clamou: Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos até à terceira e quarta geração" (versículos 4 a 7). Lembremo-nos que Deus é visto aqui no Seu governo moral do mundo e não como é visto na cruz — não como brilha na face de Jesus Cristo —, não como é proclamado no evangelho da Sua graça. Eis uma exibição de Deus no evangelho: "E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo, por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, NÃO LHES IMPUTANDO os seus pecados e pôs em nós a palavra da reconciliação" (2 Coríntios 5:18-19). Não ter "ao culpado por inocente" e não "imputar o pecado" são termos que nos apresentam duas ideias de Deus totalmente diferentes. Visitar "a iniquidade" e tirá-la certamente não é a mesma coisa. A primeira é Deus agindo em Seu governo; a segunda é Deus no evangelho. Em 2 Coríntios 3, o apóstolo põe em contraste o "ministério" mencionado em Êxodo 34 com "o ministério" do evangelho. O leitor fará bem em estudar esse capítulo com atenção. Aprenderá com essa lição que todo aquele que considera o ponto de vista do caráter de Deus dado a Moisés, no Monte Horebe, como explicando o evangelho, deve ter realmente uma compreensão muito imperfeita do que é o evangelho. Não é possível descobrir os segredos profundos do coração do Pai nem na criação, nem mesmo no governo moral. Poderia o filho pródigo ter achado o seu lugar nos braços d'Aquele que Se revelou no Monte Sinai? Poderia João ter inclinado sua cabeça no coração d'Ele? Seguramente que não. Porém, Deus revelou-Se na face de Jesus Cristo; Ele nos revelou, com harmonia divina, todos os Seus atributos na obra da cruz. Foi ali que "a misericórdia e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram" (Sl 85:10). O pecado é completamente tirado e o pecador que crê perfeitamente é justificado "PELO SANGUE DA CRUZ". Quando vemos Deus assim revelado, temos apenas, à semelhança de Moisés, de inclinar a cabeça à terra e adorar — atitude que convém a um pecador perdoado e recebido na presença de Deus!

C. H. Mackintosh

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