domingo, 7 de junho de 2020

A Imposição das Mãos: Identificação com a Vítima

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Vamos considerar agora o ato típico da imposição das mãos. Este ato era comum tanto ao holocausto como à oferta de expiação do pecado; porém, no caso do primeiro identificava o ofertante com a oferta sem mancha; no caso do segundo implicava a transferência do pecado do ofertante para a cabeça da oferenda. Era assim no tipo; e, quando consideramos o Antítipo (Cristo), aprendemos uma lição da natureza mais consoladora e edificante — uma verdade que, se fosse mais bem compreendida e plenamente realizada, proporcionaria uma paz muito mais constante do que aquela que geralmente se goza.

Qual é, pois, a doutrina exposta no ato da imposição das mãos? É esta: Cristo "foi feito pecado por nós para que nós fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Coríntios 5:21). Ele tomou a nossa posição com todas as suas conseqüências para que nós pudéssemos ter a d'Ele com todas as suas consequências. Foi tratado como pecado sobre a cruz para que nós pudéssemos ser tratados como justiça na presença da santidade infinita. Foi retirado da presença de Deus porque levou o pecado sobre Si, por imputação, para que nós pudéssemos ser recebidos na casa de Deus e em Seu seio, porque, por imputação, temos uma perfeita justiça. Teve de suportar a ocultação do semblante de Deus para que nós pudéssemos gozar da luz desse semblante. Teve de passar três horas de trevas para que nós pudéssemos andar na luz eterna. Foi desamparado por Deus por um tempo, para que nós pudéssemos gozar a Sua presença para sempre. Tudo que nos era imposto, como pecadores arruinados, foi posto sobre Si para que tudo que Lhe era devido, como Realizador da redenção, pudesse ser nosso. Tudo foi contra Si quando foi pendurado no madeiro de maldição para que nada pudesse haver contra nós. Identificou-se conosco, na realidade da morte e do juízo, para que nós pudéssemos ser identificados Consigo, na realidade da vida e justiça. Bebeu o cálice da ira — o cálice do terror — para que nós pudéssemos beber o cálice da salvação — o cálice do favor infinito. Foi tratado conforme os nossos méritos para que nós pudéssemos ser tratados segundo os d'Ele.

Tal é a maravilhosa verdade ilustrada pelo ato cerimonial da imposição das mãos. Depois de o adorador ter posto a sua mão sobre a cabeça do holocausto, já não se tratava da questão do que ele era ou do que merecia: tornava-se inteiramente uma questão do que a oferta era segundo o juízo do Senhor. Se a oferta era sem mancha, o ofertante era-o também; se a oferta era aceite também o era o ofertante. Estavam perfeitamente identificados. O ato de impor as mãos constituía-os em um só aos olhos de Deus. Ele via o ofertante por meio da oferta. Era assim no caso do holocausto. Mas na oferta de expiação do pecado, quando o ofertante tinha posto a sua mão sobre a cabeça da oferta, tornava-se uma questão de saber o que o ofertante era e o que ele merecia. A oferta era tratada segundo os méritos do ofertante. Eram perfeitamente identificados. O ato de impor as mãos constituía-os em um, no juízo de Deus. O pecado do ofertante era tratado na oferta de expiação do pecado; a pessoa do ofertante era aceite no holocausto. Isto fazia uma grande diferença. Por isso, embora o ato de impor as mãos fosse comum às duas figuras, e, além disso, fosse expressivo, em ambos os casos de identificação, todavia as consequências eram tão diferentes quanto o podiam ser. O justo tratado como injusto; o injusto aceito no justo. "... Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus" (1 Pedro 3:18). Esta é a doutrina. Os nossos pecados levaram Cristo à cruz; mas Ele leva-nos a Deus. E se Ele nos leva a Deus é por Sua própria aceitabilidade como ressuscitado de entre os mortos, havendo tirado os nossos pecados, segundo a perfeição da Sua obra. Ele levou os nossos pecados para longe do santuário de Deus a fim de nos poder trazer perto, até mesmo ao lugar santíssimo, em inteira confiança de coração, tendo a consciência purificada de toda a mancha de pecado pelo Seu precioso sangue.

C. H. Mackintosh

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