quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Fundamento da Paz do Crente

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Bem, por que razão sentia a alma de um judeu descanso, por algum tempo, depois de haver oferecido o seu sacrifício? Como sabia ele que o pecado especial pelo qual havia trazido o seu sacrifício estava perdoado? Porque Deus havia dito "E ser-lhe-á perdoado". A sua paz de coração, a respeito desse pecado particular, repousava sobre o testemunho do Deus de Israel e o sangue da vítima. Assim agora a paz do crente a respeito de "TODO O PECADO" baseia-se sobre a autoridade da Palavra de Deus e "o precioso sangue de Cristo". Se um judeu pecava e negligenciava em fazer a sua oferta de expiação, tinha de ser "cortado de entre o seu povo"; porém, quando tomava o seu lugar como pecador — quando punha as suas mãos sobre a cabeça da oferta de expiação, então a oferta era "cortada em pedaços", em vez dele, e então ele ficava livre por enquanto. A oferta era tratada como merecia o oferente; e, por isso, não saber que o seu pecado estava perdoado seria fazer de Deus mentiroso e tratar o sangue da oferta de expiação divinamente indicada como nula.

E se isto era verdadeiro quanto àquele que só podia descansar sobre o sangue de um bode, "quanto mais" se aplica àquele que tem o precioso sangue de Cristo para descansar. O crente vê em Cristo Aquele que foi julgado por todo o seu pecado — Aquele que, quando foi pendurado na cruz, suportou todo o fardo do seu pecado — Aquele que, havendo-Se tornado responsável por esse pecado, não poderia estar onde agora está se toda a questão do pecado não tivesse sido liquidada segundo todas as exigências da justiça divina. Cristo tomou de tal forma o lugar do crente na cruz — de tal maneira o crente se identificou com Ele — de tal forma Lhe foi imputado todo o pecado do crente, ali e então, que toda a questão da culpabilidade do crente — todo o pensamento da sua culpa —, toda a ideia de exposição à ira ou ao juízo está eternamente posta de parte*. Tudo foi resolvido na cruz entre a Justiça Divina e a Vítima Imaculada. E agora o crente está tão intimamente identificado com Cristo no trono quanto Cristo Se identificou com ele na cruz. A justiça não tem nenhuma acusação a fazer ao crente, porque não tem acusação alguma a fazer contra Cristo. A questão está assim liquidada, para sempre. Se pudesse apresentar-se uma acusação contra o crente, seria pôr em dúvida a realidade da identificação de Cristo com ele na cruz e a perfeição da obra de Cristo a seu favor. Se quando o adorador da antiguidade regressava a sua casa, depois de haver oferecido a sua expiação, alguém o tivesse acusado do mesmo pecado pelo qual havia sido derramado o sangue da vítima do seu sacrifício, qual teria sido a sua resposta? Só poderia ser esta: "O pecado foi removido pelo sangue da vítima, e Jeová disse estas palavras: 'Ser-lhe-á perdoado'". A vítima havia morrido no lugar dele; e ele vivia no lugar da vítima.

{* Temos um exemplo notavelmente belo na precisão divina das Escrituras em 2 Coríntios 5:21: ""Ele o fez pecado (hamartian epoiesen) por nós, para que nos tornássemos (ginometha) a justiça de Deus nele". O significado do vocábulo "fez" e "tornar" não é, como poderia supor-se, o mesmo em ambas as cláusulas desta passagem. }

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