sábado, 11 de abril de 2020

A Flor de Farinha Amassada com Azeite -- Parte 2

(Comentário Levítico 2 A OFERTA DE MANJARES: CRISTO NA SUA HUMANIDADE)

Neste ponto, quero advertir solenemente o leitor que nunca poderá ser escrupuloso demais em referência à verdade essencial da Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Se houver qualquer erro quanto a isso, não pode haver segurança quanto a nada mais. Tudo que não tiver esta verdade por base não pode receber a sanção de Deus. A Pessoa de Cristo é o centro vivo e divino ao redor do qual o Espírito Santo exerce todas as Suas operações. Deixe escapar a verdade a este respeito e, à semelhança de um barco que parte as amarras e é levado sem leme ou bússola sobre a turbulenta imensidade líquida, você correrá o perigo iminente de se despedaçar contra as rochas do arianismo, da infidelidade ou do ateísmo. Questione a eterna Filiação de Cristo; questione Sua divindade ou Sua humanidade incontaminada, e você terá aberto as comportas para uma corrente desoladora de erro mortal. Que ninguém imagine, nem por um momento, que isto é apenas um assunto para ser discutido por teólogos — uma questão de curiosidade — um mistério oculto — um ponto sobre o qual podemos legalmente discordar. Não; é uma verdade vital e fundamental, para ser retida na energia do Espírito Santo e mantida a todo o custo — na verdade, para ser confessada em todas as circunstâncias, sejam quais forem as conseqüências.

O que nós precisamos é simplesmente receber em nossos corações, pela graça do Espírito Santo, a revelação que o Pai faz do Filho, e, então, as nossas almas serão eficazmente preservadas das ciladas do inimigo, seja qual for a forma que elas tomarem. O inimigo pode cobrir capciosamente as armadilhas do arianismo ou socinianismo com a grama e as folhas de um atrativo e plausível sistema de interpretação; mas o coração devoto descobre imediatamente o que esse sistema pretende fazer d'Aquele bendito Senhor a quem tudo deve, e onde ele pretende colocá-Lo, e, assim, não encontramos dificuldade em o mandar de volta ao lugar de onde tal sistema manifestamente veio. Podemos muito bem dispensar as teorias humanas; mas não podemos deixar de lado Cristo — o Cristo de Deus; o Cristo das afeições de Deus; o Cristo dos desígnios de Deus; o Cristo da Palavra de Deus.

O Senhor Jesus Cristo, o Filho eterno de Deus, uma Pessoa distinta da Trindade gloriosa, Deus manifestado em carne, Deus sobre todas as coisas, bendito eternamente, tomou um corpo que era inerente e divinamente puro, santo e sem possibilidade de contrair mancha — absolutamente isento de toda a semente ou princípio de pecado e mortalidade. A humanidade de Cristo era tal que Ele podia a todo o momento, tanto quanto Lhe dizia pessoalmente respeito, voltar para o céu, de onde tinha vindo, e ao qual pertencia. Dizendo isto, não me refiro aos desígnios eternos do amor redentor ou do amor inalterável do coração de Jesus — o Seu amor por Deus, o Seu amor pelos eleitos de Deus ou da obra que era necessária para ratificar o concerto eterno de Deus com a semente de Abraão e com toda a criação. As próprias palavras de Cristo ensinam-nos que "convinha que padecesse e ressuscitasse ao terceiro dia" (Lc 24:46). Era necessário que sofresse para a perfeita manifestação e pleno cumprimento do grande mistério da redenção. Era Seu gracioso propósito "trazer muitos filhos à glória". Não queria "ficar só", e, portanto, Ele, como "o grão de trigo", devia "cair na terra e morrer". Quanto melhor compreendermos a verdade da Sua Pessoa, tanto melhor compreenderemos a graça da Sua obra.

C. H. Mackintosh

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