quinta-feira, 23 de abril de 2020

O Fermento

(Comentário Levítico 2 A OFERTA DE MANJARES: CRISTO NA SUA HUMANIDADE)

Havendo assim considerado os ingredientes que compunham a oferta de manjares, referiremos agora os que eram excluídos dela.

Destes, o primeiro era "o fermento". "Nenhuma oferta de manjares, que oferecerdes ao Senhor, se fará com fermento". Por todo o volume inspirado, sem uma única exceção, o fermento é o símbolo do mal. No capítulo 23 de Levítico, que examinaremos na devida altura, vemos que o fermento era permitido nos dois pães que eram oferecidos no dia de Pentecostes (versículo 17); porém, da oferta de manjares, o fermento era cuidadosamente excluído. Não devia haver nada que azedasse, nada que fizesse expandir a massa, nada expressivo do mal naquilo que simbolizava "o Homem Cristo Jesus". N'Ele não podia haver nada com o gosto de azedume da natureza, nada turvo, nada suscetível de fazer inchar. Tudo era puro, sólido e genuíno. A Sua palavra podia, por vezes, ferir; mas nunca era ácida. O Seu estilo nunca se elevou acima das ocasiões. O Seu comportamento mostrou sempre a profunda realidade de quem andava na presença imediata de Deus.

Nós que professamos o nome de Jesus, sabemos muito bem como, infelizmente, o fermento se mostra em todas as suas propriedades e efeitos. Só houve uma porção pura de fruto humano — uma única oferta de manjares perfeitamente sem levedura; e, bendito seja Deus, essa é nossa porção para nos alimentarmos dela no santuário da presença divina, em comunhão com Deus. Nenhum exercício espiritual pode realmente edificar melhor e dar maior refrigério à mente renovada do que firmarmo-nos sobre a perfeição incontaminável da humanidade de Cristo — para contemplar a vida e o mistério d'Aquele que foi absoluta e essencialmente sem levedura. Em toda a origem dos Seus pensamentos, afeições, desejos e imaginação não havia a mínima partícula de fermento. Ele foi o Homem perfeito, sem pecado e imaculado. E quanto mais, no poder do Espírito, nos aprofundarmos em tudo isto, tanto mais profunda será a nossa experiência da graça que levou este perfeito Senhor a tomar sobre Si todas as conseqüências dos pecados do Seu povo, como fez quando foi pendurado na cruz. Porém, este pensamento pertence inteiramente ao sacrifício de nosso bendito Senhor, simbolizado na expiação do pecado. Na oferta de manjares, o pecado não está em questão. Não se trata de uma figura da expiação do pecado por um substituto, mas de um Homem real, perfeito, imaculado, concebido e ungido pelo Espírito Santo, possuindo uma natureza sem fermento e vivendo uma vida isenta de levedura no mundo; exalando sempre perante Deus a fragrância da Sua excelência pessoal e mantendo entre os homens um comportamento caracterizado pela "graça temperada com sal".

C. H. Mackintosh

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