segunda-feira, 13 de abril de 2020

A Flor de Farinha Amassada com Azeite -- Parte 3

(Comentário Levítico 2 A OFERTA DE MANJARES: CRISTO NA SUA HUMANIDADE)

Quando o apóstolo fala de Cristo como havendo sido consagrado pelas aflições, considera-O como "o príncipe da nossa salvação" (Hebreus 2:10); e não como o Filho eterno, que, pelo que diz respeito à Sua própria Pessoa e natureza, era divinamente perfeito sem que fosse possível acrescentar alguma coisa ao que Ele era. Assim, também, quando o próprio Senhor diz: "Eis que eu expulso demônios, e efetuo curas hoje e amanhã, e no terceiro dia sou consumado" (Lucas 13:22) refere-Se ao fato de ser consumado no poder da ressurreição como o Consumador de toda a obra da redenção. Tanto quanto Lhe dizia respeito, Ele podia dizer, até mesmo ao sair do Jardim do Getsêmane: "Ou pensas tu que eu não poderia, agora, orar a meu Pai e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?" (Mateus 26:53,54).

É bom que a alma seja esclarecida acerca disto — é bom ter uma compreensão divina da harmonia que existe entre aquelas passagens das Escrituras que apresentam Cristo na dignidade essencial da Sua pessoa e pureza da Sua natureza e aquelas que O apresentam em relação com o Seu povo e cumprindo a grande obra da redenção. Por vezes encontramos estes dois aspectos ligados na mesma passagem, como em Hebreus 5:8 a 9, "Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem". Devemos contudo lembrar que nenhuma dessas relações em que Cristo entrou voluntariamente, quer como expressão do amor divino para com o mundo perdido, quer como o Servo dos desígnios divinos, podia de modo algum interferir com a pureza essencial, a excelência e a glória da Sua Pessoa. "O Espírito Santo desceu sobre a virgem", e a virtude do Altíssimo "cobriu-a com a Sua sombra; pelo que também o santo que dela nasceu foi chamado Filho de Deus". Magnífica revelação do profundo mistério da humanidade pura e perfeita de Cristo, o grande Antítipo da "flor de farinha amassada com azeite"!

Deixai-me observar que entre a humanidade como se vê no Senhor Jesus Cristo e a humanidade em nós não pode haver união. Aquilo que é puro nunca pode ligar-se àquilo que é impuro. Aquilo que é incorruptível nunca pode unir-se ao que é corruptível. O espiritual e o carnal — o celestial e o terrestre — nunca podem combinar-se. Portanto, segue-se que a encarnação não foi, como alguns têm tentado ensinar-nos, Cristo tomando a nossa natureza decaída em união consigo mesmo. Se tivesse feito isto, a morte da cruz não teria sido necessária. Ele não necessitaria, nesse caso, "angustiar-se" até que se cumprisse o batismo — não haveria necessidade do grão de trigo "cair na terra e morrer". Isto é um ponto de grande importância. A mente espiritual deve ponderar atentamente este fato. Cristo não podia, de modo algum, tomar a natureza humana pecaminosa em união consigo. Ouçam o que o anjo disse a José no primeiro capítulo do evangelho de Mateus. "José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo". Veja-se como a sensibilidade natural de José, assim como a piedosa ignorância de Maria, dão ocasião a uma revelação mais completa do santo mistério da humanidade de Cristo, e como contribuem também para proteger essa humanidade contra todos os ataques blasfemos do inimigo!

C. H. Mackintosh

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