quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Como a Páscoa Deveria Ser Comida

(Comentário Êxodo 12)

Veremos agora em pormenor os princípios que nos são apresentados na festa da páscoa. A assembleia de Israel, sob o sangue, tinha de ser organizada pelo Senhor de uma maneira digna de Si Próprio. Quanto à sua segurança contra o juízo, como vimos já, nada era necessário senão o sangue; mas quanto à comunhão que resultava desta segurança eram necessárias outras coisas, que não podiam ser descuradas com impunidade.

E, portanto, lemos, em primeiro lugar: "E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães asmos; com ervas amargosas a comerão. Não comereis dele nada cru, nem cozido em água, senão assado ao fogo" (versículos 8 a 9). O cordeiro em torno do qual a congregação estava reunida, e com o qual fazia festa, era um cordeiro assado — um cordeiro que tinha sido submetido à ação do fogo. Vemos neste pormenor "Cristo a nossa páscoa" expondo-Se a Si Mesmo à ação do fogo da santidade e da justiça de Deus, que acharam n'Ele um objeto perfeito. Ele pôde dizer: "Provaste o meu coração; visitaste-me de noite; examinaste-me e nada achaste; o que pensei, a minha boca não transgredirá" (SI 17:3).Tudo n'Ele era perfeito. O fogo provou-O e não havia impureza. "A cabeça com os pés e com a fressura". Quer dizer, o centro da Sua inteligência; a Sua vida exterior com tudo quanto lhe pertencia — tudo foi submetido à ação do fogo, e tudo foi achado perfeito.

A maneira como o cordeiro devia ser assado é profundamente significativa, como o são em pormenor as ordenações de Deus. Nada deve ser passado por alto, porque está cheio de significação — "não comereis dele nada cru, nem cozido em água". Se o cordeiro tivesse sido comido assim não teria sido a expressão da grande verdade que prefigurava segundo o propósito divino, isto é: que o nosso Cordeiro da páscoa deveria sofrer, na cruz, o fogo da justa ira de Deus; uma verdade, aliás, preciosa para a alma. Não estamos somente sob a proteção eterna do sangue do Cordeiro, como as nossas almas se alimentam pela fé da pessoa do Cordeiro. Muitos de nós enganamo-nos a este respeito. Estamos prontos a contentarmo-nos por estarmos salvos por meio da obra que Cristo cumpriu a nosso favor sem mantermos uma santa comunhão com Ele Próprio. O Seu coração amoroso nunca poderá contentar-se com isto. Ele trouxe-nos para perto de Si para que pudéssemos apreciá-Lo, alimentarmo-nos d'Ele e regozijarmo-nos n'Ele. Cristo apresenta-Se perante nós como Aquele que sofreu o fogo intenso da ira de Deus, a fim de ser, neste caráter maravilhoso de Cordeiro, alimento para as nossas almas redimidas.

(C. H. Mackintosh)

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