terça-feira, 6 de novembro de 2018

O Sangue sobre as Ombreiras e na Verga das Casas

(Comentário Êxodo 12)

"E tomarão do sangue e pô-lo-ão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães asmos; com ervas amargosas a comerão.
Não comereis dele nada cru, nem cozido em água, senão assado ao fogo; a cabeça com os pés e com a fressura" (versículos 7-9).

O cordeiro da páscoa é-nos apresentado sob dois aspectos, a saber: como fundamento da paz e como centro de unidade. O sangue na verga das portas assegurava a paz de Israel: "...vendo eu sangue, passarei por cima de vós" (versículo 13). Nada mais era necessário, senão a aspersão do sangue, para se desfrutar paz em relação com o anjo destruidor. A morte devia fazer a sua obra em todas as casas do Egito. "Aos homens está ordenado morrerem uma vez" (Hebreus 9:27). Porém, Deus, em Sua grande misericórdia, encontrou um substituto imaculado para Israel, sobre o qual foi executada a sentença de morte. Assim, as exigências de Deus e a necessidade de Israel foram cumpridas por uma e mesma coisa, a saber: o sangue do cordeiro. O sangue fora das portas era prova de que tudo estava perfeita e divinamente arrumado; e, portanto, dentro reinava perfeita paz. Uma sombra de dúvida no coração dum israelita teria sido uma desonra para o fundamento divino da paz—o sangue da expiação.

É verdade que cada um daqueles que se achavam dentro de casa, em cuja porta o sangue havia sido posto, deveria sentir, necessariamente, que se tivesse de receber a justa retribuição dos seus pecados, a espada do anjo destruidor cairia irremediavelmente sobre si; porém o cordeiro havia sofrido em seu lugar. Este era o fundamento sólido da sua paz. O juízo que lhe competia caíra sobre uma vítima designada por Deus e, crendo isto, podia comer em paz dentro de casa. Uma dúvida sequer teria feito do Senhor mentiroso; pois Ele havia dito: "vendo eu sangue, passarei por cima de vós". Isto era suficiente. Não era uma questão de mérito pessoal. O ego nada tinha a ver com o assunto. Todos os que se achavam protegidos pelo sangue estavam salvos. Não estavam apenas num estado de salvos, mas salvos. Não esperavam nem oravam para ser salvos, sabiam que isso era um fato assegurado, em virtude da autoridade daquela palavra que permanecerá de geração em geração. Demais, não se achavam em parte salvos e em parte expostos ao juízo: estavam completamente salvos. O sangue do cordeiro e a palavra do senhor constituíam o fundamento da paz de Israel naquela noite terrível em que os primogênitos do Egito foram abatidos. Se um simples cabelo da cabeça de um israelita pudesse ser tocado, isso teria anulado a palavra do Senhor e declarado nulo o sangue do cordeiro. É da máxima importância ter-se um conhecimento claro daquilo que constitui o fundamento da paz do crente na presença de Deus. São associadas tantas coisas à obra consumada de Cristo, que as almas se vêem envolvidas na confusão e incerteza quanto à sua aceitação. Não discernem o caráter absoluto da redenção pelo sangue de Cristo na sua aplicação a si mesmas. Parece que ignoram que o perdão dos seus pecados descansa sobre o simples fato de se ter efetuado perfeita expiação: um fato comprovado, à vista de todos os entes inteligentes criados, pela ressurreição de entre os mortos do Substituto do pecador. Sabem que não existe outro meio de salvação senão pelo sangue da cruz, porém demônios sabem isto também, e de nada lhes aproveita. O que necessitamos saber é que estamos salvos. O israelita sabia não somente que havia segurança no sangue, mas que estava em segurança. E em segurança por quê? Era devido a alguma coisa que havia feito, ou sentido, ou pensado? - De modo nenhum; mas, sim porque Deus havia dito: "vendo eu sangue passarei por cima de vós". O israelita descansava sobre o testemunho de Deus; acreditava naquilo que Deus havia dito, porque Deus o havia dito: "esse confirmou que Deus é verdadeiro."

C. H. Mackintosh

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