domingo, 25 de novembro de 2018

Quem Podia Comer a Páscoa?

(Comentário Êxodo 12)

Terminaremos os nossos comentários sobre esta parte do capítulo passando por alto os versículos 43 a 49. Estes versículos ensinam-nos que, embora fosse privilégio de todo o verdadeiro israelita comer a páscoa, nenhum estrangeiro incircunciso podia participar dela. "Nenhum filho de estrangeiro comerá dela... toda a congregação de Israel o fará". A circuncisão era necessária antes que a páscoa pudesse ser comida. Por outras palavras: é preciso que a sentença de morte seja lavrada sobre a natureza antes de nos podermos nutrir de Cristo inteligentemente, quer seja como o fundamento de paz ou o centro de união. A circuncisão tem o seu antítipo na cruz.

Só os varões eram circuncidados. A mulher era representada no varão. Assim, na cruz, Cristo representou a Sua Igreja, e, por isso, a Igreja está crucificada com Cristo; contudo, vive pela vida de Cristo, conhecida e manifestada na terra pelo poder do Espírito Santo. "Porém, se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser celebrar a Páscoa ao Senhor, seja-lhe circuncidado todo o macho, e então, chegará a celebrá-la, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela" (versículo 48). "Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus" (Romanos 8:8).

A ordenação da circuncisão formava a grande linha de demarcação entre o Israel de Deus e todas as nações que havia à face da terra; e a cruz do Senhor Jesus Cristo forma a linha da demarcação entre a Igreja e o mundo. Fosse qual fosse a posição que um homem ocupava ou as vantagens que tivesse não podia ter parte em Israel até que se submetesse à operação do corte da sua carne. Um mendigo circuncidado estava mais perto de Deus que um rei incircunciso. Assim também agora não pode haver participação nos gozos dos remidos de Deus, senão pela cruz de nosso Senhor Jesus Cristo; e essa cruz abate todas as pretensões, derriba todas as distinções e une todos os remidos numa congregação santa de adoradores lavados pelo sangue. A cruz forma uma barreira tão elevada e uma defesa de tal modo impenetrável que nem um sequer átomo da terra ou da velha natureza pode atravessá-la para se misturar com "a nova criação". "E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo" (2 Coríntios 5:18).

Porém, na instituição da páscoa não só foi sustentado o princípio de separação entre Israel e os estranhos, como a unidade de Israel foi também claramente posta em vigor. "Numa casa se comerá; não levarás daquela carne fora da casa, nem dela quebrareis osso" (versículo 46). Existe nesta passagem uma figura tão formosa quanto o podia ser de "um corpo e um Espírito" (Efésios 4:4). A Igreja de Deus é uma só. Deus contempla-a como tal, sustém-na como tal, e manifestá-la-á como tal à vista de anjos, homens e demônios, apesar de tudo quanto se tem feito para pôr obstáculos a essa unidade santa. Bendito seja Deus, a unidade da Sua Igreja está tão bem guardada como o é a sua justificação, aceitação e segurança eterna. "Ele guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra" (Salmos 34:20). "Nenhum dos seus ossos será quebrado" (João 19:36). Apesar da rudeza e zelo da soldadesca romana, e não obstante todas a influências hostis que têm estado em operação, através dos séculos, o corpo de Cristo é um só e a sua unidade nunca poderá ser quebrada. "HÁ UM SÓ CORPO E UM SÓ ESPÍRITO" (Efésios 4:4); e isto, além disso, aqui, no mundo. Feliz daqueles que têm recebido fé para reconhecer esta preciosa verdade e fidelidade para a porem em prática, nestes últimos dias, não obstante as dificuldades quase insuperáveis que acompanham a sua profissão e prática! Creio que Deus reconhecerá e honrará os tais.

Que o Senhor nos guarde do espírito da incredulidade que nos induziria a julgar por vista, em vez de julgarmos à luz da Sua Palavra imutável!

C. H. Mackintosh

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