quinta-feira, 19 de março de 2020

A Identificação do Adorador com o Holocausto

(Comentário Levítico 1 - O HOLOCAUSTO)

"E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito por ele, para a sua expiação." O ato da imposição das mãos exprimia completa identificação. Por este ato significativo, o oferente e a oferta tornavam-se um; e esta unidade, no caso do holocausto, assegurava ao oferente que a sua oferta era aceita. A aplicação disso a Cristo e ao crente realça uma verdade das mais preciosas, uma das mais largamente desenvolvidas no Novo Testamento, a saber: a identificação eterna do crente com Cristo e a sua aceitação em Cristo: "Qual ele é, somos nós também neste mundo." "No que é verdadeiro estamos." (1 Jo 4:17; 5:20). Nada menos do que isto seria de proveito para nós. O homem que não está em Cristo está nos seus pecados. Não há terreno neutro ou intermediário. Ou havemos de estar em Cristo ou fora d'Ele. Não se pode estar parcialmente em Cristo. Ainda que seja apenas a espessura de um cabelo que se interponha entre você e Cristo, você está num verdadeiro estado de ira e condenação. Pelo contrário, se você está n'Ele, então é "qual ele é" diante de Deus, e assim é considerado como estando na presença da santidade infinita. Tal é o ensino claro da Palavra de Deus. "Estais perfeitos nele", sois "membros do seu corpo", da Sua carne e dos Seus ossos, "agradáveis" a Deus "no amado", porque "o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito" (1 Coríntios 6:17; Efésios 1:6; 5:20, Colossenses 2:10). Ora, não é possível que a Cabeça esteja num grau de aceitação e os membros noutro. Não; a Cabeça e os membros são um. Deus considera-os um; e, portanto, são um. Esta verdade é, ao mesmo tempo, o fundamento da mais elevada confiança e da mais profunda humildade. Dá-nos a mais completa segurança "para que no dia do juízo tenhamos confiança" (1 João 4:17), visto que não é possível haver qualquer acusação contra Aquele com quem estamos unidos. Dá-nos uma profunda impressão da nossa própria nulidade, visto que a nossa união com Cristo é baseada na morte da velha natureza e na abolição total de todos os seus direitos e pretensões.

Visto que, portanto, a Cabeça e os membros são considerados na mesma posição de infinito favor e aceitação perante Deus, é evidente que todos os membros têm uma mesma aceitação, uma mesma salvação, a mesma vida e uma mesma justiça. Não há graus diferentes na justificação. O recém-nascido em Cristo e o crente de cinquenta anos estão no mesmo plano de justificação. Um está em Cristo, e o outro também; e assim como estar em Cristo é a única base de vida, também o é de justificação. Não há duas espécies de vida nem duas espécies de justificação. Não há dúvida que existem diversos graus de desfrute desta justificação — vários graus no conhecimento da sua plenitude e extensão — vários graus na capacidade de mostrar o seu poder sobre o coração e a vida; e estas coisas são frequentemente confundidas com a própria justificação, a qual, sendo divina, é, necessariamente, eterna, absoluta, invariável, e não pode ser afetada pela flutuação dos sentimentos ou experiências humanas.

Mas, além disso, não há progresso na justificação. O crente não está mais justificado hoje do que estava ontem; nem estará mais justificado amanhã do que está hoje. Sim, a alma que "está em Cristo Jesus" está tão completamente justificada como se estivesse diante do trono de Deus. O crente é "perfeito em Cristo". É "como" Cristo. Está, sobre a própria autoridade de Cristo, "todo limpo" (João 13:10). Que mais poderia esperar ser deste lado da glória? Pode fazer e fará — se andar no Espírito — progresso na percepção e no desfrutar dessa gloriosa realidade; mas, quanto à própria justificação, no momento em que, pelo poder do Espírito Santo, creu no evangelho, passou de um estado positivo de injustiça e condenação para um estado positivo de justiça e aceitação. Tudo isso se baseia na perfeição divina da obra de Cristo, assim como no caso do holocausto, em que a aceitação do adorador era baseada na aceitação da oferta. Não era uma questão de saber o que ele era, mas simplesmente do que era o sacrifício. "Para que seja aceito por ele, para a sua expiação."

C. H. Mackintosh

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