sexta-feira, 6 de março de 2020

A Posição do Senhor no Tabernáculo

(Comentário Levítico 1 - O HOLOCAUSTO)
 
Antes de entrarmos em pormenores sobre este capítulo, há duas coisas que requerem toda a nossa atenção, a saber: primeiro, a posição de Jeová; e segundo, a ordem em que são apresentados os sacrifícios.

"E chamou o SENHOR a Moisés e falou com ele da tenda da congregação." Tal foi a posição de onde o Senhor fez as comunicações narradas neste livro. Havia falado do Monte Sinai, e a Sua posição ali imprimiu um caráter particular de comunicação. Do monte ardente saiu "o fogo da lei" (Dt 33:2). Porém, aqui o Senhor fala "da tenda da congregação". Era uma posição muito diferente. Vimos esse tabernáculo concluído no final do livro precedente. "Levantou também o pátio ao redor do tabernáculo e do altar e pendurou a coberta da porta do pátio. Assim, Moisés acabou a obra. Então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo,... porquanto a nuvem do SENHOR estava de dia sobre o tabernáculo, e o fogo estava de noite sobre ele, perante os olhos de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas". (Êx 40:33-38).

O tabernáculo era o lugar onde Deus habitava em graça. Podia estabelecer ali a Sua habitação, porque estava rodeado de todos os lados por aquilo que representava brilhantemente o fundamento das Suas relações com o povo. Se tivesse vindo ao meio deles na plena manifestação do caráter revelado no Monte Sinai, só podia ser para consumi-los num momento como "povo de dura cerviz" (Êx 33:5). Porém, retirou-se para dentro do véu — figura da carne de Cristo (Hb 10:20) e tomou o Seu lugar sobre o propiciatório, onde o sangue da expiação, e não a "dureza de cerviz" de Israel, se apresentava à Sua vista e satisfazia as exigências da Sua natureza. O sangue que era levado ao santuário pelo sumo sacerdote era figura do sangue precioso que purifica de todo o pecado; e, embora Israel, segundo a carne, não discernisse nada disto, esse sangue, contudo, justificava o fato de Deus habitar no meio deles -- "santificava-os quanto à purificação da carne" (Hb 9:13).

Tal é, pois, a posição do Senhor (Jeová) no Livro de Levítico, posição esta que deve ser tida em consideração se se quiser ter um conhecimento exato das revelações que este livro encerra. Nessas revelações encontramos inflexível santidade unida à mais pura graça. Deus é santo, seja qual for o lugar de onde fala. É santo no monte Sinai e santo no propiciatório; porém, no primeiro caso a Sua santidade estava ligada a "um fogo consumidor", enquanto que no segundo estava ligada a paciente graça. Ora, a união da perfeita santidade com a graça perfeita é o que caracteriza a redenção que há em Cristo Jesus, redenção que é, de diversas maneiras, tipificada no livro de Levítico. É preciso que Deus seja santo, ainda que seja na condenação eterna dos pecadores impenitentes; porém a revelação plena da Sua santidade na salvação dos pecadores faz ressoar no céu um coro de louvor. "Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens" (Lc 2:14). Esta doxologia não podia ter sido entoada em relação com "o fogo da lei". Sem dúvida, havia "glória nas alturas", mas não havia "paz na terra" nem "boa vontade para com os homens", porquanto a lei era a declaração do que os homens deviam ser, antes que Deus pudesse ter prazer neles. Mas quando "o Filho" ocupou o Seu lugar como homem na terra, o céu pôde exprimir todo o Seu prazer n'Aquele cuja Pessoa e obra podiam combinar, da maneira mais perfeita, a glória divina com a bem-aventurança humana.

C. H. Mackintosh

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