terça-feira, 12 de maio de 2020

A Diferença entre a Oferta de Manjares e o Sacrifício Pacífico

(Comentário Levítico 3O SACRIFÍCIO PACÍFICO: A COMUNHÃO)

Havendo assim comparado o sacrifício pacífico com o holocausto, podemos, agora, observar rapidamente a sua relação com a oferta de manjares. Aqui o ponto principal de diferença é este: no sacrifício pacífico havia derramamento de sangue; na oferta de manjares não. Ambos eram ofertas de "cheiro suave"; e, como aprendemos no capítulo 7:12, as duas ofertas estavam intimamente ligadas entre si. Ora, tanto a relação como o contraste são cheios de significado e instrução.

É só em comunhão com Deus que a alma pode deleitar-se na contemplação da humanidade perfeita do Senhor Jesus Cristo. Deus o Espírito Santo deve comunicar, assim como deve dirigir, pela Palavra, a visão mediante a qual podemos contemplar o "Homem Cristo Jesus". Ele podia ter sido revelado "em semelhança da carne do pecado"; podia ter vivido e laborado na terra; podia ter brilhado entre as trevas deste mundo, em todo o fulgor celestial e beleza inerente à Sua Pessoa; podia ter passado rapidamente, como astro brilhante, através do horizonte deste mundo; e durante todo o tempo ter permanecido fora do alcance da visão do pecador.

O homem não poderia sentir o gozo profundo de comunhão com tudo isso, simplesmente porque não haveria base para tal comunhão. No sacrifício pacífico, a base indispensável está inteira e claramente estabelecida. "E porá a sua mão sobre a sua cabeça, e a degolará diante da tenda da congregação: e os filhos de Aarão espargirão o sangue sobre o altar em redor" (versículo 2). Temos aqui o que a oferta de manjares não proporciona, isto é, um fundamento sólido para a comunhão do adorador com toda a plenitude, preciosidade e beleza de Cristo, tanto quanto ele, pela energia do Espírito Santo, é capaz de penetrar. Se estivermos no terreno do "precioso sangue de Cristo", podemos percorrer, com corações tranquilizados e espírito de adoração, por todas as cenas maravilhosas da humanidade do Senhor Jesus Cristo. Se não tivéssemos nada além do aspecto de Cristo que a oferta de manjares apresenta, não teríamos a posição e o fundamento sobre a qual podemos contemplá-lo e assim desfrutar d'Ele. Se não houvesse derramamento de sangue, não haveria qualquer posição nem lugar para o pecador. Mas Levítico 7:12 vincula a oferta de manjares à oferta pacífica e, ao fazê-lo, ensina-nos que, quando nossas almas encontram paz, podemos nos deleitar n'Aquele que "fez a paz" e que é a "nossa Paz".

Mas que fique bem entendido que, embora na oferta pacífica tenhamos derramamento e aspersão de sangue, o pecado não é o pensamento trazido aqui. Quando vemos Cristo na oferta pacífica, Ele não se apresenta diante de nós como o que levou sobre Si nossos pecados, como nos sacrifícios de expiação do pecado e de expiação da culpa; mas (tendo-os já levado sobre Si) como o fundamento de nossa pacífica e feliz comunhão com Deus. Se o pecado estivesse em questão aqui, não se poderia dizer: "Oferta queimada é, de cheiro suave ao Senhor" (Lv. 3:5 comp. com Lv. 4:10-12). Mesmo assim, embora o pensamento aqui não seja o de Cristo levando sobre Si os pecados, há provisão total para quem se considera pecador -- caso contrário, ele não poderia ter parte nenhuma aqui. Para ter comunhão com Deus devemos estar "na luz". E como podemos estar nela? Só com base nesta preciosa declaração. "O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado" (1 Jo 1:7). Quanto mais permanecermos na luz, mais profunda será a nossa compreensão de tudo que seja contrário a essa luz, e mais profundo também será o sentimento do valor desse sangue que nos dá o direito de estarmos na luz. Quanto mais perto andarmos de Deus, mais conheceremos "as riquezas incontáveis de Cristo".
 
C. H. Mackintosh

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