Tal é a doutrina das Sagradas Escrituras quanto à questão importante da condição da natureza. Porém, como é que o crente é feito participante da natureza divina? - Essa mudança admirável depende inteiramente da grande verdade que "JESUS MORREU E RESSUSCITOU" (1 Ts 4:14). Este bendito Senhor deixou o seio do amor eterno, o trono da glória, as mansões de luz imarcescível, veio a este mundo de dores e pecado, tomou sobre Si a forma da carne do pecado, e, depois de haver manifestado e glorificado perfeitamente Deus em todos os atos da Sua vida bendita no mundo, morreu na cruz sob peso de todas as transgressões do Seu povo. E deste modo satisfez tudo que era ou podia ser contra nós. Ele engrandeceu e honrou a lei (Is 42:21); e, fazendo-o, tornou-Se maldição sendo pendurado no madeiro. Todos os direitos divinos foram satisfeitos, todos os inimigos reduzidos ao silêncio e os obstáculos foram todos derrubados. "A misericórdia e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram" (Sl 85:10). A justiça divina foi satisfeita, e o amor infinito pode derramar-se, com todas as virtudes mitigantes e refrigerantes, no coração quebrantado do pecador; enquanto que, ao mesmo tempo, o caudal purificador e expiador, que brotou do lado ferido do Cristo crucificado, satisfaz perfeitamente todos os desejos ardentes da consciência culpada e convencida de pecado.
O Senhor Jesus tomou o nosso lugar na cruz: foi o nosso substituto. Ele morreu, "o justo pelos injustos" (I Pe 3:18); foi feito "pecado por nós" (2 Co 5:21); morreu em lugar do pecador; foi sepultado e ressuscitou, havendo cumprido tudo. Por isso nada há absolutamente contra o crente: ele está unido a Cristo e encontra-se na mesma condição de justiça "porque, qual ele é, somos nós também neste mundo" (1 Jo 4:17).
Eis aqui o que dá paz inabalável à consciência. Se já não estamos numa condição de culpa, mas de justificação; se Deus nos vê em Cristo e como a Cristo, então a nossa parte é uma paz perfeita. "Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5:l).
O sangue do Cordeiro cancelou toda a culpa do crente, riscou o seu grande débito e deu-lhe uma folha perfeitamente em branco, na presença daquela santidade que não pode ver o mal (He 1:13).
Porém, o crente não só achou paz com Deus, como foi feito filho de Deus; e como tal pode gozar a doçura da comunhão com o Pai e o Filho, no poder do Espírito Santo.
O Crente é Filho de Deus
A cruz deve ser encarada debaixo de dois modos diferentes: em primeiro lugar, satisfaz os direitos de Deus; e em segundo lugar é a expressão do amor de Deus. Se considerarmos os nossos pecados em ligação com os direitos de Deus como Juiz, acharemos na cruz a plena liquidação desses direitos. Deus, como Juiz, ficou satisfeito e glorificado na cruz. Porém há mais do que isto. Deus tem afetos bem como direitos; e na cruz do Senhor Jesus Cristo todos esses afetos são, de um modo tocante e agradável, anunciados aos ouvidos do pecador; enquanto que ao mesmo tempo, ele é feito participante de uma nova natureza, a qual é capaz de gozar esses afetos e de ter comunhão com o coração donde eles emanam. "Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus" (1 Pe 3:18). Desta forma não somente somos introduzidos numa nova condição, como trazidos a uma Pessoa, o Próprio Deus, e somos dotados de uma natureza que pode achar as suas delícias n'Ele. "E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação" (Rm 5:11).
C. H. Mackintosh. Fonte: http://pt.scribd.com/doc/171983396/2-Notas-Sobre-o-Pentateuco-Exodo-C-H-Mackintosh
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