segunda-feira, 29 de junho de 2020

Cristo: O Antítipo

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

O pecado foi removido pelo sangue da vítima, e Jeová disse estas palavras: "Ser-lhe-á perdoado". A vítima havia morrido em lugar dele; e ele vivia em lugar da vítima. Tal era o tipo (a figura, a sombra). E, quanto ao Antítipo (a Pessoa real representada pela figura), quando o olhar da fé descansa sobre Cristo como o sacrifício de expiação, vê-O como Aquele que, havendo tomado uma perfeita vida humana, deu essa vida na cruz, porque o pecado foi ali então ligado por imputação a essa vida. Mas vê-O também como Aquele que, tendo em Si mesmo o poder da vida divina e eterna, saiu por meio dele do sepulcro e agora comunica esta Sua vida de ressurreição — divina e eterna — a todos os que creem no Seu nome. O pecado se foi, porque a vida a que foi ligado se foi. E agora no lugar da vida a que fora ligado o pecado, todos os verdadeiros crentes possuem a vida a que está unida a Justiça. A questão do pecado nunca poderá ser levantada quanto à vida ressuscitada e vitoriosa de Cristo; e é esta a vida que os crentes possuem. Não há outra vida. Tudo fora dela é morte, porque fora dela tudo está sob o poder do pecado. "Aquele que tem o Filho tem a vida"; e aquele que tem a vida tem a justiça também. As duas coisas são inseparáveis, porque Cristo é tanto uma como a outra. Se o juízo e morte de Cristo, na cruz, foram realidades, então a vida e a justiça do crente são realidades. Se a imputação do pecado foi uma realidade para Cristo, a imputação da justiça ao crente é uma realidade. São tão reais uma como a outra, porque se não fosse assim Cristo teria morrido em vão. O verdadeiro e incontestável fundamento de paz é este: que as exigências da natureza de Deus, quanto ao pecado, foram perfeitamente satisfeitas. A morte de Jesus satisfê-las todas e satisfê-las para sempre. Qual é a prova disto para a consciência despertada? O grande fato da ressurreição. Um Cristo ressuscitado proclama plena libertação do crente — a sua perfeita absolvição de toda a demanda possível. "O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação" (Romanos 4:25). Para um crente não saber que o seu pecado foi tirado, e tirado para sempre, é fazer pouco caso do sangue da sua divina oferta de expiação. É negar que se fez perfeita apresentação — a aspersão do sangue sete vezes perante o Senhor.

C. H. Mackintosh

quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Fundamento da Paz do Crente

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Bem, por que razão sentia a alma de um judeu descanso, por algum tempo, depois de haver oferecido o seu sacrifício? Como sabia ele que o pecado especial pelo qual havia trazido o seu sacrifício estava perdoado? Porque Deus havia dito "E ser-lhe-á perdoado". A sua paz de coração, a respeito desse pecado particular, repousava sobre o testemunho do Deus de Israel e o sangue da vítima. Assim agora a paz do crente a respeito de "TODO O PECADO" baseia-se sobre a autoridade da Palavra de Deus e "o precioso sangue de Cristo". Se um judeu pecava e negligenciava em fazer a sua oferta de expiação, tinha de ser "cortado de entre o seu povo"; porém, quando tomava o seu lugar como pecador — quando punha as suas mãos sobre a cabeça da oferta de expiação, então a oferta era "cortada em pedaços", em vez dele, e então ele ficava livre por enquanto. A oferta era tratada como merecia o oferente; e, por isso, não saber que o seu pecado estava perdoado seria fazer de Deus mentiroso e tratar o sangue da oferta de expiação divinamente indicada como nula.

E se isto era verdadeiro quanto àquele que só podia descansar sobre o sangue de um bode, "quanto mais" se aplica àquele que tem o precioso sangue de Cristo para descansar. O crente vê em Cristo Aquele que foi julgado por todo o seu pecado — Aquele que, quando foi pendurado na cruz, suportou todo o fardo do seu pecado — Aquele que, havendo-Se tornado responsável por esse pecado, não poderia estar onde agora está se toda a questão do pecado não tivesse sido liquidada segundo todas as exigências da justiça divina. Cristo tomou de tal forma o lugar do crente na cruz — de tal maneira o crente se identificou com Ele — de tal forma Lhe foi imputado todo o pecado do crente, ali e então, que toda a questão da culpabilidade do crente — todo o pensamento da sua culpa —, toda a ideia de exposição à ira ou ao juízo está eternamente posta de parte*. Tudo foi resolvido na cruz entre a Justiça Divina e a Vítima Imaculada. E agora o crente está tão intimamente identificado com Cristo no trono quanto Cristo Se identificou com ele na cruz. A justiça não tem nenhuma acusação a fazer ao crente, porque não tem acusação alguma a fazer contra Cristo. A questão está assim liquidada, para sempre. Se pudesse apresentar-se uma acusação contra o crente, seria pôr em dúvida a realidade da identificação de Cristo com ele na cruz e a perfeição da obra de Cristo a seu favor. Se quando o adorador da antiguidade regressava a sua casa, depois de haver oferecido a sua expiação, alguém o tivesse acusado do mesmo pecado pelo qual havia sido derramado o sangue da vítima do seu sacrifício, qual teria sido a sua resposta? Só poderia ser esta: "O pecado foi removido pelo sangue da vítima, e Jeová disse estas palavras: 'Ser-lhe-á perdoado'". A vítima havia morrido no lugar dele; e ele vivia no lugar da vítima.

{* Temos um exemplo notavelmente belo na precisão divina das Escrituras em 2 Coríntios 5:21: ""Ele o fez pecado (hamartian epoiesen) por nós, para que nos tornássemos (ginometha) a justiça de Deus nele". O significado do vocábulo "fez" e "tornar" não é, como poderia supor-se, o mesmo em ambas as cláusulas desta passagem. }

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Uma Aplicação Prática para a Adoração

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Comparando o que se fazia do "sangue" com o que se fazia da "carne" ou do corpo do sacrifício, duas grandes ramificações da verdade se apresentam aos nossos olhos, isto é, a adoração e o discipulado. O sangue que era levado ao santuário é o fundamento da primeira. O corpo queimado fora do arraial é a base da segunda. Antes que possamos adorar, em paz de consciência e tranquilidade de coração, temos de saber, com base na autoridade da Palavra e pelo poder do Espírito, que a questão do pecado foi inteiramente resolvida para sempre pelo sangue da oferta divina de expiação — que o Seu sangue foi espargido com perfeição perante o Senhor — que todas as exigências de Deus e todas as nossas necessidades, como pecadores culpados e arruinados, foram satisfeitas para sempre. Este conhecimento dá perfeita paz; e, no gozo desta paz, adoramos a Deus. Quando um israelita da antiguidade oferecia a sua oferta de expiação, a sua consciência ficava em paz, na medida em que esse sacrifício era capaz de dar paz. E verdade é que era somente uma paz -- um descanso -- temporário, sendo o fruto de um sacrifício temporário. Porém, é claro que, qualquer que fosse o tipo de descanso que o sacrifício podia proporcionar, o oferente podia desfrutá-la. Portanto, sendo o nosso sacrifício divino e eterno, o nosso descanso é também divino e eterno. Assim como é o sacrifício, tal é o descanso baseado nele. Um judeu nunca poderia ter uma consciência eternamente purificada, simplesmente porque não tinha um sacrifício eternamente eficaz. Podia, de certo modo, ter a sua consciência purificada por um dia, um mês ou um ano; mas não podia tê-la purificada para sempre. "Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?" (Hb 9:11-14).

Temos aqui a exposição plena e explícita da doutrina. O sangue de bodes e bezerros proporcionava uma redenção temporária; o sangue de Cristo proporciona eterna redenção. A primeira purificava a carne exteriormente; a última purifica interiormente. Aquela purificava a carne por algum tempo; esta purifica a consciência para sempre. A questão toda gira em torno, não do caráter ou condição do ofertante, mas, sim, do valor do sacrifício. A questão não é, de modo algum, se um cristão é melhor do que um judeu, mas se o sangue de Cristo é melhor do que o sangue de um novilho. Seguramente, é melhor. Melhor, até que ponto? Infinitamente melhor. O Filho de Deus comunica toda a dignidade da Sua pessoa divina ao sacrifício que ofereceu; e, se o sangue de um novilho purificava a carne por um ano, "quanto mais o sangue" do Filho de Deus purificará a consciência para sempre? Se aquele tirava algum pecado, quanto mais este tirará todo o pecado? 

C. H. Mackintosh

O Corpo da Vítima é Queimado fora do Arraial

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Havendo assim procurado indicar, em primeiro lugar, o que se fazia com "o sangue", e, em segundo lugar, o que se fazia da "gordura", temos agora de considerar o que se fazia da "carne". "Mas o couro do novilho e toda a sua carne..., todo aquele novilho, levará fora do arraial a um lugar limpo, onde se lança a cinza e o queimará com fogo sobre a lenha; onde se lança a cinza se queimará" (versículos 11,12). Neste fato temos a principal fase da oferta de expiação — aquela que a distingue tanto do holocausto como do sacrifício pacífico. A sua carne não era queimada sobre o altar, como no holocausto; nem tampouco era comida pelo sacerdote ou o adorador, como no sacrifício pacífico. Era queimada inteiramente fora do arraial*. "Porém nenhuma oferta pela expiação de pecado, cujo sangue se traz à tenda da congregação, para expiar no santuário, se comerá; no fogo será queimada" (Levítico 6:30). "E, por isso, também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta" (Hb 3:12).

{* O texto diz respeito unicamente à expiação de pecados em que o sangue era trazido para dentro do santuário. Havia ofertas pelo pecado das quais Arão e seus filhos participavam (veja-se Levítico 6:26-29; Números 18:9-10). }

C. H. Mackintosh

sexta-feira, 12 de junho de 2020

A Gordura da Vítima: Imagem da Excelência de Cristo em sua Morte pelo Pecado

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Contudo, embora o objetivo principal na oferta de expiação do pecado seja mostrar o que Cristo se fez por nós, e não o que Ele era em Si mesmo, há um rito em relação a este símbolo que revela claramente a Sua aceitabilidade pessoal por Jeová. Este rito é estabelecido nas seguintes palavras: "E toda a gordura do novilho da expiação tirará dele: a gordura que cobre a fressura, e toda a gordura que está sobre a fressura, e os dois rins, e a gordura que está sobre eles, que está sobre as tripas, e o redenho de sobre o fígado, com os rins, tirará, como se tira do boi do sacrifício pacífico; e o sacerdote a queimará sobre o altar do holocausto" (versículos 8-10). Assim, a excelência intrínseca de Cristo não é omitida, nem mesmo na oferta de expiação do pecado. A gordura queimada sobre o altar é a expressão adequada da apreciação divina do valor da pessoa de Cristo, qualquer que fosse o lugar que, em perfeita graça, tomasse, em nosso favor ou em nosso lugar; foi feito pecado por nós, e a oferta de expiação é a sombra (a figura) divinamente indicada que O apresenta sob este aspecto. Porém, visto que era o Senhor Jesus Cristo, o eleito de Deus, o Santo, o Seu Filho puro, imaculado e eterno que foi feito pecado, a gordura da oferta de expiação era portanto queimada sobre o altar, como o material adequado para aquele fogo que era a exibição da santidade divina.

Mas até mesmo neste ponto vemos o contraste entre a oferta de expiação e o holocausto. No caso do último, não era apenas a gordura, mas toda a oferta que era queimada sobre o altar, porque representava Cristo sem relação alguma com o pecado. No caso da primeira, não havia nada a queimar sobre o altar senão a gordura, porque se tratava de uma questão de levar o pecado, embora o próprio Cristo tenha sido o que levou o pecado sobre Si. A glória divina da pessoa de Cristo brilha até mesmo por entre as trevas espessas desse madeiro de maldição a que consentiu que O pregassem como maldição por nós. A aversão daquilo com que, no exercício do amor divino, Ele ligou a Sua bendita pessoa, na cruz, não podia evitar que o cheiro suave do Seu valor subisse até ao trono de Deus. Vemos assim a revelação do profundo mistério da face de Deus se ter ocultado daquilo que Cristo se fez, e o modo como o coração de Deus se deleitou no que Cristo era. É isto que dá um encanto peculiar à oferta de expiação. Os raios brilhantes da glória pessoal de Cristo resplandecendo por entre a terrível escuridão do Calvário, o Seu valor pessoal destacando-se nas próprias profundidades da Sua humilhação, o deleite de Deus n'Aquele de quem havia ocultado a Sua face, em justificação da Sua justiça inflexível, tudo isto é mostrado no fato de a gordura da oferta de expiação do pecado ser queimada sobre o altar.

C. H. Mackintosh

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Outros Aspectos da Diferença entre o Holocausto e a Expiação do Pecado

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Bem, quanto mais compararmos todos os pormenores do holocausto e da oferta de expiação do pecado, tanto mais claramente compreenderemos a verdade do que tem sido acentuado a respeito do ato de impor as mãos e dos seus resultados, em ambos os casos.

No capítulo primeiro deste volume notamos o fato que "os filhos de Arão" são introduzidos no holocausto, mas não na oferta de expiação do pecado. Como sacerdotes, tinham o privilégio de permanecer em redor do altar e de contemplar a chama de um sacrifício aceitável subindo para o Senhor. Porém, na oferta de expiação do pecado, em seu aspecto primário, tratava-se de uma questão de julgamento solene do pecado, e não de adoração ou admiração sacerdotal; e, portanto, os filhos de Arão não aparecem. É como pecadores convictos que temos de tratar em relação a Cristo como o Antítipo da oferta de expiação do pecado. É como sacerdotes em adoração, vestidos com as vestes da salvação, que contemplamos Cristo como o Antítipo do holocausto.

Demais, o leitor poderá notar que o holocausto era "esfolado", enquanto que a oferta de expiação do pecado não o era. O holocausto era "partido em pedaços", mas a oferta de expiação do pecado não o era. A "fressura e as pernas" no holocausto eram "lavadas com água", cujo ato era inteiramente omitido na oferta de expiação do pecado. Finalmente, o holocausto era queimado em cima do altar; a oferta de expiação do pecado era queimada fora do arraial. São pontos de grande diferença provenientes do caráter distinto das oferendas. Sabemos que não há nada na Palavra de Deus sem o seu significado específico; e todo o estudioso inteligente e atento das Escrituras notará estes pontos de diferença; e, notando-os, procurará, naturalmente, determinar sua verdadeira importância. Pode haver ignorância quanto ao seu valor; mão não deveria haver indiferença a seu respeito. Em qualquer parte das páginas inspiradas, sobretudo uma tão rica como aquela que temos perante nós, omitir um simples ponto seria desonrar o Autor Divino e privar as nossas próprias almas de muito proveito. Deveríamo-nos debruçar sobre o mais simples pormenor, seja para louvar a Deus pela sabedoria nelas revelada por Ele, seja para confessar a nossa própria ignorância deles. Desprezá-los, com espírito de indiferença, é supor que o Espírito Santo tomou o incômodo de escrever coisas que não julgamos dignas de intentar compreender. Nenhum cristão reto deveria supor tal coisa. Se o Espírito, escrevendo sobre a ordenação da oferta de expiação do pecado, omitiu os diversos ritos a que nos referimos — ritos que ocupam um lugar proeminente na ordenação do holocausto — deve haver seguramente alguma razão para isso e qualquer propósito importante em o fazer. Devemos procurar compreender estes pontos; e, sem dúvida, eles resultam do propósito especial da mente divina em cada oferta. A oferta de expiação do pecado mostra aquele aspecto da obra de Cristo em que O vemos tomando judicialmente o lugar que nos pertencia moralmente. Por esta razão, não podemos procurar essa expressão intensa daquilo que Ele era em todos os motivos secretos de ação, patenteados no ato simbólico de "esfolar" o holocausto. Tampouco podia existir essa ampla exibição do que Ele era, não apenas como um todo, mas nos mais minuciosos traços do Seu caráter, conforme se vê no ato de partir o holocausto "em pedaços". Nem, ainda, podia haver aquela manifestação do que Ele era pessoal, prática e intrinsecamente, como se mostra no ato significativo de lavar a fressura e as pernas do holocausto com água.

Todas estas coisas pertenciam à fase de nosso bendito Senhor como Antítipo do holocausto, e só a essa, porque nela vêmo-Lo oferecendo-Se à vista, ao coração, e ao altar de Jeová, sem imputação de pecado, de ira ou de juízo. Na oferta de expiação do pecado, pelo contrário, em vez da ideia proeminente daquilo que Cristo é, temos o que é o pecado. Em vez da preciosidade de Jesus, encontramos a odiosidade do pecado. No holocausto, visto que é Cristo oferecendo-se a Si mesmo a Deus e sendo aceito por Ele, vemos que se faz tudo para mostrar o que Ele era em todos os aspectos. Na oferta de expiação do pecado, visto tratar-se do pecado julgado por Deus, dá-se um caso precisamente oposto. Tudo isto é tão claro que não exige esforço da mente para o compreender. Deriva naturalmente do caráter distinto dessa figura.

C. H. Mackintosh

domingo, 7 de junho de 2020

A Imposição das Mãos: Identificação com a Vítima

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Vamos considerar agora o ato típico da imposição das mãos. Este ato era comum tanto ao holocausto como à oferta de expiação do pecado; porém, no caso do primeiro identificava o ofertante com a oferta sem mancha; no caso do segundo implicava a transferência do pecado do ofertante para a cabeça da oferenda. Era assim no tipo; e, quando consideramos o Antítipo (Cristo), aprendemos uma lição da natureza mais consoladora e edificante — uma verdade que, se fosse mais bem compreendida e plenamente realizada, proporcionaria uma paz muito mais constante do que aquela que geralmente se goza.

Qual é, pois, a doutrina exposta no ato da imposição das mãos? É esta: Cristo "foi feito pecado por nós para que nós fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Coríntios 5:21). Ele tomou a nossa posição com todas as suas conseqüências para que nós pudéssemos ter a d'Ele com todas as suas consequências. Foi tratado como pecado sobre a cruz para que nós pudéssemos ser tratados como justiça na presença da santidade infinita. Foi retirado da presença de Deus porque levou o pecado sobre Si, por imputação, para que nós pudéssemos ser recebidos na casa de Deus e em Seu seio, porque, por imputação, temos uma perfeita justiça. Teve de suportar a ocultação do semblante de Deus para que nós pudéssemos gozar da luz desse semblante. Teve de passar três horas de trevas para que nós pudéssemos andar na luz eterna. Foi desamparado por Deus por um tempo, para que nós pudéssemos gozar a Sua presença para sempre. Tudo que nos era imposto, como pecadores arruinados, foi posto sobre Si para que tudo que Lhe era devido, como Realizador da redenção, pudesse ser nosso. Tudo foi contra Si quando foi pendurado no madeiro de maldição para que nada pudesse haver contra nós. Identificou-se conosco, na realidade da morte e do juízo, para que nós pudéssemos ser identificados Consigo, na realidade da vida e justiça. Bebeu o cálice da ira — o cálice do terror — para que nós pudéssemos beber o cálice da salvação — o cálice do favor infinito. Foi tratado conforme os nossos méritos para que nós pudéssemos ser tratados segundo os d'Ele.

Tal é a maravilhosa verdade ilustrada pelo ato cerimonial da imposição das mãos. Depois de o adorador ter posto a sua mão sobre a cabeça do holocausto, já não se tratava da questão do que ele era ou do que merecia: tornava-se inteiramente uma questão do que a oferta era segundo o juízo do Senhor. Se a oferta era sem mancha, o ofertante era-o também; se a oferta era aceite também o era o ofertante. Estavam perfeitamente identificados. O ato de impor as mãos constituía-os em um só aos olhos de Deus. Ele via o ofertante por meio da oferta. Era assim no caso do holocausto. Mas na oferta de expiação do pecado, quando o ofertante tinha posto a sua mão sobre a cabeça da oferta, tornava-se uma questão de saber o que o ofertante era e o que ele merecia. A oferta era tratada segundo os méritos do ofertante. Eram perfeitamente identificados. O ato de impor as mãos constituía-os em um, no juízo de Deus. O pecado do ofertante era tratado na oferta de expiação do pecado; a pessoa do ofertante era aceite no holocausto. Isto fazia uma grande diferença. Por isso, embora o ato de impor as mãos fosse comum às duas figuras, e, além disso, fosse expressivo, em ambos os casos de identificação, todavia as consequências eram tão diferentes quanto o podiam ser. O justo tratado como injusto; o injusto aceito no justo. "... Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus" (1 Pedro 3:18). Esta é a doutrina. Os nossos pecados levaram Cristo à cruz; mas Ele leva-nos a Deus. E se Ele nos leva a Deus é por Sua própria aceitabilidade como ressuscitado de entre os mortos, havendo tirado os nossos pecados, segundo a perfeição da Sua obra. Ele levou os nossos pecados para longe do santuário de Deus a fim de nos poder trazer perto, até mesmo ao lugar santíssimo, em inteira confiança de coração, tendo a consciência purificada de toda a mancha de pecado pelo Seu precioso sangue.

C. H. Mackintosh

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Comparação do Holocausto com o Sacrifício pelo Pecado -- Parte 2

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Quando consideramos, em primeiro lugar, o holocausto, notamos que era uma oferta voluntária. "... a oferecerá de sua própria vontade perante o Senhor"*. Ora, o vocábulo "própria" não é mencionado na expiação pelo pecado. É precisamente o que poderíamos esperar. A omissão está de perfeito acordo com o alvo específico do Espírito Santo no holocausto, que é apresentá-lo como uma oferta voluntária. Era a comida e bebida de Cristo fazer a vontade de Deus, qualquer que pudesse ser essa vontade. Nunca pensou em inquirir quais eram os ingredientes do cálice que Seu Pai ia pôr em Suas mãos. Bastava-Lhe saber que o Pai o havia preparado. Assim acontecia com o Senhor Jesus simbolizado no holocausto. Porém, na oferta de expiação do pecado temos uma linha de verdade completamente diferente. Este símbolo apresenta Cristo aos nossos pensamentos, não como Aquele que realiza voluntariamente a vontade de Deus, mas como Aquele que levou sobre Si essa coisa terrível chamada "pecado", e como o Sofredor de todas as suas consequências aterradoras, das quais a mais aterradora, para Si, consistiu em que Deus ocultasse d'Ele o Seu rosto. Por isso, a palavra "própria" não estaria de acordo com o objetivo do Espírito na oferta de expiação pelo pecado. Esta expressão estaria tão deslocada neste símbolo como está divinamente em seu lugar no holocausto. O seu emprego e a sua omissão são igualmente divinos; e mostram, tanto uma como a outra, a precisão perfeita e divina dos tipos de Levítico.
{* Alguns podem encontrar dificuldade no fato de a palavra "própria" se referir ao adorador e não ao sacrifício; mas isto não pode de modo algum afetar a doutrina exposta no texto, que é fundada no fato de que uma palavra empregada no holocausto é omitida na oferta de expiação pelo pecado. O contraste subsiste, quer pensemos no ofertante ou na oferta. }

Ora, o ponto de contraste que temos estado a considerar explica, ou, antes, harmoniza, duas expressões empregadas por nosso Senhor. Em uma ocasião diz: "... não beberei eu o cálice que o Pai me deu?" E, todavia, diz também: "Meu Pai, se é possível passe de mim este cálice". A primeira destas expressões era o perfeito cumprimento das palavras com que havia começado a Sua carreira, a saber: "Eis aqui venho para fazer, ó Deus, a tua vontade"; e é, além disso, a elocução de Cristo como o holocausto. A última, por outro lado, é a exclamação de Cristo quando contemplava o lugar que estava prestar a ocupar como sacrifício pelo pecado. O que esse lugar era e o que Lhe estava reservado, tomando-o, é o que veremos no prosseguimento do nosso estudo; é contudo interessante e instrutivo encontrar toda a doutrina dos dois sacrifícios encerrada, com efeito, no fato de uma simples palavra ser introduzida em um e omitida no outro. Se encontramos no holocausto a prontidão com que Cristo Se ofereceu a Si mesmo para o cumprimento da vontade de Deus, na expiação do pecado vemos com que profunda abnegação tomou todas as consequências do pecado do homem e como chegou à distância longínqua da posição do homem no que se referia a Deus. Deleitava-se em fazer a vontade de Deus; estremecia ante a ideia de perder, por um momento, a luz do Seu bendito rosto. Nenhum sacrifício podia tê-lo simbolizado debaixo destes dois aspectos ao mesmo tempo. Precisávamos de uma figura que no-Lo apresentasse como Aquele que se comprazia em fazer a vontade de Deus; e necessitávamos de uma figura que no-Lo mostrasse como Aquele cuja natureza santa retrocedia ante as consequências do pecado imputado. Bendito seja Deus, temos tanto uma como a outra. O holocausto mostra-nos uma, a oferta de expiação dá-nos a outra. Pelo que quanto mais aprofundamos o afeto do coração de Cristo a Deus, mais compreendemos o Seu horror ao pecado; e vice-versa. Cada um destes símbolos põe em relevo o outro; e o emprego da palavra "própria" em um e não no outro fixa a importância especial de cada um.

Mas, pode perguntar-se, não era da vontade de Deus que Cristo Se oferecesse em sacrifício de expiação pelo pecado? E, se assim é, como podia hesitar em cumprir essa vontade? Seguramente o conselho de Deus tinha determinado que Cristo sofresse. Além disso era o prazer de Cristo fazer a vontade de Deus. Porém, como devemos compreender a expressão, "Se é possível passe de mim este cálice"? Não é a exclamação de Cristo? E não existe uma figura expressa d'Aquele que a proferiu? Certamente. Haveria uma lacuna grave entre as figuras da dispensação Moisaica se não houvesse uma para refletir o Senhor Jesus na atitude exata em que essa expressão O apresenta. Contudo, o holocausto não O apresenta assim. Não há uma só circunstância em relação com essa oferta que corresponda a uma tal linguagem. Só a oferta de expiação do pecado oferece a figura apropriada ao Senhor Jesus como Aquele que exalou esses acentos de intensa agonia, porque só nela encontramos as circunstâncias que evocaram tais acentos das profundezas da Sua alma imaculada. A sombra terrível da cruz, com a sua ignomínia, a sua maldição e a sua exclusão da luz da face de Deus, passava pelo Seu espírito e Ele não podia sequer contemplá-la sem exclamar: "Se é possível passe de mim este cálice". Porém, logo após ter pronunciado estas palavras, Sua profunda submissão se mostra nestas palavras: "faça-se a tua vontade". Que "cálice" amargoso deve ter sido para arrancar de um coração perfeitamente submisso as palavras "passe de mim"! Que perfeita submissão deve ter havido para, em presença do cálice amargoso, o coração ter exclamado "faça-se a tua vontade"!

C. H. Mackintosh

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Comparação do Holocausto com o Sacrifício pelo Pecado -- Parte 1

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Vamos prosseguir agora com a comparação entre o sacrifício pelo pecado e o holocausto, em cujo confronto encontraremos dois aspectos de Cristo muito diferentes. Porém, embora os aspectos sejam diferentes, é um só e o mesmo Cristo; e, por isso, em ambos os casos, o sacrifício era "sem mancha". Isto é fácil de compreender. Não importa sob que aspecto contemplamos o Senhor Jesus Cristo, Ele é sempre o mesmo Ser perfeito, imaculado e santo. É verdade que, em Sua abundante graça, teve de curvar-Se para tomar sobre Si o pecado do Seu povo; mas foi como um Cristo perfeito, puro, que o fez; e seria nada menos do que perversidade diabólica alguém valer-se da profundidade da Sua humilhação para manchar a glória pessoal d'Aquele que assim se humilhou. A excelência intrínseca, a pureza inalterável e a glória divina do nosso bendito Senhor aparecem no sacrifício pelo pecado tão claramente como no holocausto. Seja em que relação for que Ele se apresente, em qualquer ocupação ou obra que execute, ou posição que ocupe, as Suas glórias pessoais brilham em todo o esplendor divino.

Esta verdade de um só e o mesmo Cristo, quer seja no holocausto ou no sacrifício pelo pecado, vê-se não apenas no fato de que, em ambos os casos, a oferta era "sem mancha", como também na "lei da expiação do pecado", na qual lemos: "Esta é a lei da expiação do pecado no lugar onde se degola o holocausto, se degolará a oferta pela expiação do pecado perante o Senhor; coisa santíssima é" (Levítico 6:25). Os dois tipos indicam um e o mesmo grande Antítipo, embora o apresentem sob aspectos diferentes da Sua obra. No holocausto vemos Cristo correspondendo aos afetos divinos; na expiação do pecado vemo-Lo satisfazendo as profundidades da necessidade humana. Aquele apresenta-O como Aquele que cumpre a vontade de Deus; este como Aquele que levou o pecado do homem. No primeiro aprendemos qual é o elevado preço do sacrifício; no último o que é a aversão de Deus ao pecado. Isto basta quanto às duas ofertas, em geral. Um exame minucioso dos pormenores não fará mais do que confirmar a mente na verdade desta asserção.

C. H. Mackintosh

quarta-feira, 3 de junho de 2020

A Exigência da Santidade Divina ante a Ignorância do Crente

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Nada pode demonstrar tão claramente a incapacidade do homem para tratar do pecado como o fato de existir aquilo que é descrito como "pecado por ignorância". Como poderia ele tratar daquilo que não conhece? Como poderia ele dispor daquilo que nunca entrou nos limites da sua consciência? Seria impossível. A ignorância em que o homem está acerca do pecado é prova da sua absoluta incapacidade para o tirar. Se não o conhece, que pode fazer acerca dele? Nada. É tão impotente como ignorante. E isto não é tudo. O fato de haver "pecado por ignorância" demonstra claramente a incerteza que deve acompanhar toda a solução humana para a questão do pecado, a qual não pode aplicar-se a noções mais elevadas do que aquelas que podem resultar da mais refinada consciência humana. Nunca poderá haver paz duradoura sobre este fundamento. Existirá sempre a compreensão dolorosa de que ainda há alguma coisa errada por baixo dos panos. Se o coração não for conduzido a um estado de repouso permanente pelo testemunho da Escritura de que os direitos inflexíveis da justiça divina foram satisfeitos, haverá, necessariamente, uma sensação de mal-estar, e uma tal sensação representa um obstáculo à nossa adoração, à nossa comunhão e ao nosso testemunho. Se eu me sentir inquieto a respeito da solução da questão do pecado, não posso adorar; não posso gozar de comunhão com Deus nem com o Seu povo; nem tampouco posso ser uma testemunha inteligente ou apta de Cristo. O coração tem de estar tranquilo, perante Deus, quanto à perfeita remissão do pecado, antes de podermos "adorar em espírito e verdade". Se houver culpa sobre a consciência, deve haver terror no coração; e, seguramente, um coração cheio de terror não pode ser um coração feliz e adorador. É somente de um coração cheio desse doce e santo descanso que proporcionou o sangue de Cristo que pode subir adoração verdadeira e aceitável ao Pai. O mesmo princípio é verdadeiro a respeito da nossa comunhão com o povo de Deus, e o nosso serviço e testemunho entre os homens. Tudo deve descansar sobre o fundamento da paz estabelecida; e esta paz descansa sobre o fundamento de uma consciência perfeitamente purificada; e esta consciência purificada descansa sobre o fundamento da perfeita remissão de todos os nossos pecados, quer sejam pecados do nosso conhecimento ou pecados por ignorância.

C. H. Mackintosh

segunda-feira, 1 de junho de 2020

O Pecado por Ignorância

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Havendo assim dito o bastante quanto às três categorias de sacrifício pelo pecado, vamos proceder ao exame, pormenorizado dos princípios desenvolvidos na primeira classe. Fazendo-o, poderemos formar, até certo ponto, uma ideia exata dos princípios de todos os demais. Desejo contudo, ao entrar na comparação direta antes referida, chamar a atenção do leitor para um ponto notável que é revelado no segundo verso deste capítulo. "Quando uma alma pecar, por ignorância". Isto apresenta uma verdade de profunda bem-aventurança em relação com a expiação do Senhor Jesus Cristo. Ao contemplarmos essa expiação, vemos infinitamente mais do que a simples satisfação das exigências da consciência, ainda que essa consciência tivesse atingido o ponto mais alto de polida sensibilidade. Temos o privilégio de ver nela o que satisfaz plenamente todas as exigências da santidade divina, da justiça divina e da majestade divina. A santidade da habitação de Deus e o fundamento da Sua união com o Seu povo nunca poderiam ser regulamentadas pelo padrão da consciência do homem, por muito elevado que esse padrão pudesse ser. Há muitas coisas que a consciência do homem omitiria — muitas coisas que poderiam escapar à percepção do homem —, muitas coisas que o seu coração poderia considerar lícitas, mas que Deus não poderia tolerar; e que, como consequência, interfeririam na aproximação do homem de Deus, impedi-lo-ia de render adoração e prejudicaria seu relacionamento com Deus. Pelo que, se a expiação de Cristo fizesse apenas provisão para os pecados que estão ao alcance da compreensão do homem, nós estaríamos muito aquém do verdadeiro fundamento da paz. Precisamos compreender que o pecado foi expiado segundo a avaliação que Deus fez dele — que as exigências do Seu trono foram perfeitamente cumpridas —, o pecado, tal qual é visto à luz da Sua inflexível santidade, foi divinamente julgado. É isto que dá paz segura à alma. Fez-se perfeita expiação tanto pelos pecados de ignorância do crente como pelos seus pecados conhecidos. O sacrifício de Cristo é o fundamento do seu relacionamento e comunhão com Deus, segundo a apreciação divina das Suas exigências.

Um conhecimento claro deste fato é de incalculável valor. A não ser que se lance mão deste aspecto da expiação, não pode haver paz firme, nem poderá haver compreensão moral da extensão e plenitude da obra de Cristo ou da verdadeira natureza do relacionamento baseado nela. Deus sabia o que era necessário para que o homem pudesse estar na Sua presença sem o mais simples temor; e fez para isso ampla provisão na cruz. A comunhão entre Deus e o homem seria inteiramente impossível se o pecado não tivesse sido liquidado segundo os pensamentos de Deus sobre ele; porque, embora a consciência do homem pudesse ficar satisfeita, levantar-se-ia sempre a pergunta: Deus ficou satisfeito? Se esta pergunta não pudesse ser respondida afirmativamente, a comunhão nunca poderia subsistir*. O pensamento de que nos pormenores da vida se manifestam coisas que a santidade divina não pode tolerar incomodaria continuamente o coração. Decerto, podemos fazer essas coisas "por ignorância"; porém isto não poderia alterar o questão diante de Deus, visto que tudo é do Seu conhecimento. Por isso, haveria constante receio, dúvida e temor. Todas estas coisas são divinamente atendidas pelo fato de que o pecado foi expiado, não segundo a nossa "ignorância", mas conforme o conhecimento de Deus. Esta certeza dá grande descanso ao coração e à consciência. Todas as exigências de Deus foram satisfeitas pela Sua própria obra. Ele Próprio fez a provisão; e, portanto, quanto mais refinada se torna a consciência do crente, sob a ação combinada da Palavra e do Espírito de Deus — quanto mais ele cresce no conhecimento divinamente adaptado a tudo o que convém moralmente ao santuário —, tanto mais sensível ele se torna a tudo que é incompatível com a presença divina, e mais vigorosa, clara e profunda será a sua compreensão do valor infinito daquele sacrifício pelo pecado que não só ultrapassa os limites da consciência humana, mas satisfaz também, em perfeição absoluta, todas as exigências da santidade divina.

{* Desejo lembrar que o ponto saliente no texto é simplesmente expiação. O leitor cristão sabe muito bem, sem dúvida, que a posse da "natureza divina" é essencial à comunhão com Deus. Eu preciso não só de um direito de me aproximar de Deus, mas também de uma natureza para desfrutar d'Ele. A alma que "crê no Filho unigênito de Deus" tem tanto um como a outra (veja-se João 1:12-13; 3:36; 5:24; 20:31; 1 João 5:11-13).}

C. H. Mackintosh

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