sábado, 26 de janeiro de 2013

Esaú Menospreza o Direito da Primogenitura

(Comentário Gênesis 25)

No fim deste capítulo são-nos apresentados princípios de natureza muito solene e prática. O caráter e as ações de Jacó aparecerão, se o Senhor permitir, de uma maneira mais clara perante nós; contudo, desejo apenas focar, de passagem, a conduta de Esaú, quanto ao direito de primogenitura e tudo que com ele se acha ligado. O coração natural não dá valor às coisas de Deus. Para ele as promessas de Deus são coisas vagas, sem valor e impotentes, simplesmente porque não conhece Deus. E por isso que as coisas temporais exercem tanto peso e influência na opinião do homem. O homem dá apreço a tudo que pode ver, porque é governado por vista, e não por fé: o presente é tudo para si; o futuro apenas uma coisa sem influência — um caso da mais simples incerteza.

Assim aconteceu com Esaú. Escutai o seu argumento falaz: "Eis que estou a ponto de morrer, e para que me servirá logo a primogenitura?". Que maneira estranha de raciocinar! O presente está escorregando debaixo dos meus pés, portanto eu desprezo e prescindo inteiramente do futuro! O tempo está-se desvanecendo da minha vista; portanto abandono todo o interesse pela eternidade! Assim Esaú desprezou "o seu direito de primogenitura" (Hb 12:16). Assim Israel desprezou "a terra aprazível" (Sl 106:24); assim eles desprezaram Cristo (Zc 11:13). E foi assim que os que foram convidados para as bodas desprezam o convite (Mt 22:5). O homem não tem lugar no seu coração para as coisas de Deus. O presente é tudo para ele. Um prato de caldo é melhor do que o direito a Canaã. Por isso, a mesmíssima razão que levou Esaú a menosprezar a primogenitura era a mesma porque ele deveria tê-la agarrado com mais força. Quanto mais vejo a vaidade temporária do presente, tanto mais me agarrarei ao futuro de Deus. E assim segundo o juízo da fé. "Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando a apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça" (2 Pe 3:11-13).

Estes são os pensamentos de Deus, e, portanto, os pensamentos da fé. As coisas que se veem perecerão. Devemos nós, então, desprezar as invisíveis? De modo nenhum. O presente passa rapidamente. Qual é logo o nosso recurso? "Aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus". Este é o juízo da mente restaurada; e todo e qualquer outro juízo é apenas "profano, como Esaú, que por um manjar vendeu o seu direito de primogenitura" (Hb 12:16). Que o Senhor nos mantenha julgando as coisas como Ele as julga. Isto só pode ser feito pela fé.

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