sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O Verdadeiro Lugar de Adoração (Parte 1)

Nesta carta eu me proponho a indagar: Onde é o lugar de adoração do cristão? Devo apenas lembrá-lo de que a expressão "lugar de adoração" é muito usada, e embora eu admita plenamente que o seu significado seja simplesmente o lugar onde crentes e outras pessoas se congregam aos domingos, ainda assim é da maior importância não utilizarmos, nas coisas divinas, palavras que possam criar uma impressão errada ou dar um falso significado da verdade de Deus. Nosso único recurso, portanto, é buscarmos nas Escrituras a resposta para nossa pergunta.

Sendo assim, deixe-me dirigir sua atenção para a seguinte passagem: "Tendo pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa". (Hebreus 10.19-22) De uma forma geral, vemos nesta passagem três pontos principais: o sangue de Jesus, o véu rasgado e o Sumo Sacerdote (literalmente, o Grande Sacerdote) sobre a casa de Deus. É sobre o fundamento destas três coisas que somos exortados a nos aproximar de Deus para adoração. Se examinarmos um pouco o significado de cada uma delas, encontraremos a resposta à nossa pergunta.

A Eficácia do Sangue de Jesus


Em primeiro lugar, temos ousadia para entrar no santuário pelo sangue de Jesus. Se você acompanhar o raciocínio do apóstolo, verá que fica evidente que o sangue de Jesus é apresentado em contraste com o "sangue dos touros e dos bodes" (Hebreus 10.4). Na verdade, o assunto principal de toda a primeira parte do capítulo é a eficácia do sangue de Jesus em contraste com a ineficácia do sangue de touros e bodes. O fato de os sacrifícios do Antigo Testamento terem sido oferecidos continuamente, ano após ano, é apresentado como prova de que os adoradores nunca eram realmente purificados até o ponto de não terem mais consciência dos pecados; pois na repetição dos sacrifícios havia, ano após ano, uma contínua lembrança dos pecados (Hebreus 10.1-3). E a razão disto era que "é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados" (Hebreus 10.4). Por esta razão, os inúmeros sacrifícios, dos mais variados tipos, não faziam mais do que demonstrar sua completa ineficácia, embora tivessem sido ordenados por Deus tendo em vista o Único Sacrifício que era dessa forma anunciado.

Após demonstrar isto, o apóstolo traz à tona, no mais claro contraste, o valor do sacrifício de Cristo (leia cuidadosamente Hebreus, do versículo 5 ao 14); e para resumir e deixar tudo estabelecido em uma única sentença declara: "Porque com uma só oblação (ou oferenda) aperfeiçoou para sempre os que são santificados". (vers. 14) As oferendas ou sacrifícios sob a lei nunca tornavam perfeitos os adoradores, mas com uma só oferenda Cristo nos tornou perfeitos para sempre. Esta verdade é tão vasta e abrangente, que é necessário meditar sobre ela mais e mais, a fim de assimilá-la, ainda que em parte. Pois ela implica, não somente que eu agora não tenho mais consciência de pecados - se me encontro sob o valor do sacrifício de Cristo - mas também que eu nunca mais preciso ter qualquer consciência de pecados no aspecto aqui apresentado; que por meio da eficácia daquele sangue precioso tenho agora o direito, e terei sempre esse direito, de entrar na presença de Deus. Em resumo, que nada poderá jamais me privar do lugar que me foi dado, na maior proximidade da Sua presença, pois por uma oblação ou oferenda Ele aperfeiçoou para sempre aqueles que são santificados. Por meio daquele sacrifício eu recebi uma credencial de acesso perpétuo à presença de Deus.

O Véu Rasgado


O segundo ponto é o véu rasgado. O sangue de Cristo nos deu o direito da aproximação; e em seguida temos, "pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne". (Hebreus 10.20) Vemos aqui, mais uma vez, um contraste com a velha dispensação, pois lemos no capítulo 9 de Hebreus: "Mas no segundo (isto é, no santo dos santos, além do véu) só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo: dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo". (Hebreus 9.7-9) O povo estava, portanto, totalmente excluído, e isto porque, como já vimos, não era possível que o sangue de touros e bodes tirasse os pecados.

Por conseguinte a morte era certa, pelo juízo de Deus, para todo aquele, exceto o sumo sacerdote, que se aventurasse a entrar além daquele terrível véu (Levítico 16.1,2; Números 15, 16). Mas tão logo foi consumado o sacrifício de Cristo na cruz, o véu foi rasgado de alto a baixo (Mateus 27.51), pois por meio de Sua morte Ele glorificou a Deus em cada atributo do Seu caráter concernente à questão do pecado, e por aquela única oferta aperfeiçoou para sempre aqueles que são santificados. Daquele momento em diante o véu estava rasgado para significar que o caminho para o santo dos santos estava aberto a partir de então. Pois Aquele que rasgou o véu para nos dar entrada, igualmente tirou o pecado que nos excluía, e é agora privilégio de cada crente, firmado na eficácia do sacrifício de Cristo, entrar sempre no santo dos santos, tendo toda liberdade de fazê-lo pelo sangue de Jesus.

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