segunda-feira, 29 de julho de 2019

O Ouro e o Cobre

(Comentário Êxodo 27 - O ALTAR DE COBRE E O ÁTRIO)

Quero fazer aqui uma observação sobre o significado do "ouro" e do "cobre" nos utensílios do tabernáculo. O "ouro" é símbolo da justiça divina, ou da natureza divina no "Homem Jesus Cristo". "Cobre" é o símbolo da justiça, pedindo o julgamento do pecado, como no altar de cobre; ou o julgamento da impureza, como na pia de cobre. Isto explica a razão por que dentro da tenda do tabernáculo tudo era ouro — a arca, o propiciatório, a mesa, o castiçal e o altar do incenso. Todas estas coisas eram os símbolos da natureza divina e da excelência pessoal inerente do Senhor Jesus Cristo. Por outro lado, fora da tenda do tabernáculo tudo era cobre — o altar de cobre e os seus utensílios, a pia e a sua base.

É preciso que as exigências da justiça, quanto ao pecado e à impureza, sejam divinamente satisfeitas antes que possa haver alguma alegria pelos preciosos mistérios da Pessoa de Cristo, tais como nos são revelados no interior do santuário de Deus. É quando posso ver todo o pecado e impureza perfeitamente julgados e lavados que posso, como sacerdote, aproximar-me e adorar no santuário, e gozar a plena manifestação da formosura e perfeição do Deus Homem, Cristo Jesus.

O leitor poderá, com muito proveito, prosseguir com a aplicação deste pensamento em pormenor, não apenas no estudo do tabernáculo e o templo, mas também em várias passagens da Palavra de Deus; por exemplo, no capítulo 1 de Apocalipse, Cristo aparece "cingido pelos peitos com um cinto de ouro" e tendo os Seus "pés semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha". O "cinto de ouro" é o símbolo da Sua justiça intrínseca. Os pés semelhantes a latão reluzente" são a expressão do juízo inflexível sobre o mal -- o Senhor não pode tolerar o mal, antes pelo contrário, tem de esmagá-lo debaixo dos Seus pés.

Tal é o Cristo com Quem temos de tratar. Julga o pecado, mas salva o pecador. A fé vê o pecado reduzido a cinzas no altar de cobre; vê toda a impureza lavada na pia de cobre; e, finalmente, goza de Cristo, tal como é revelado, no secreto da presença divina, pela luz e poder do Espírito Santo. A fé acha-O no altar de ouro, em todo o valor da Sua intercessão. Alimenta-se d'Ele à mesa pura. Reconhece-O na arca e no propiciatório como Aquele que responde a todas as exigências da justiça divina, e, ao mesmo tempo, satisfaz todas as necessidades humanas. Contempla-O no véu, com todas as suas figuras místicas. Vê escrito o Seu nome precioso em todas as coisas. Oh, que os nossos corações estejam sempre prontos a apreciar e louvar este Cristo incomparável e glorioso!

Nada pode ser de tanta importância como o conhecimento claro da doutrina do altar de cobre; quero dizer, como é ensinada por meio dele. É devido à falta de clareza sobre este ponto que muitas almas se lamentam toda a vida. A questão da sua culpa nunca foi clara e completamente liquidada no altar de cobre. Nunca chegaram a perceber pela fé que o Próprio Deus liquidou para sempre, na cruz, a questão dos seus pecados. Buscam paz para as suas consciências atribuladas na regeneração e a sua evidência — os frutos do Espírito, a sua disposição, sentimentos e experiência —, coisas muito boas e valiosas em si, mas que não formam o fundamento da paz. É o conhecimento daquilo que Deus tem feito no altar de cobre que enche a alma de paz. As cinzas no altar contam-me a história de que TUDO ESTÁ CUMPRIDO. Os pecados do crente foram todos tirados pela própria mão do amor redentor. "Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós, para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Coríntios 5:21). Todo o pecado deve ser julgado, porém os pecados do crente já foram julgados na cruz; por isso ele está perfeitamente justificado. Supor que pode existir qualquer coisa contra o crente, mesmo o mais fraco, é negar toda a obra da cruz. Os pecados e as iniquidades do crente foram todos tirados pelo Próprio Deus, e portanto foram perfeitamente quitados. Desapareceram com a vida que o Cordeiro de Deus derramou na morte.

Certifique-se o leitor de que o seu coração está inteiramente fundado na paz que Jesus fez pelo sangue da sua cruz.

C. H. Mackintosh

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