Mas devemos prosseguir com o exame dos capítulos que ainda temos à nossa frente. Em capítulo 28 temos as vestes sacerdotais, e no capítulo 29 trata-se dos sacrifícios. Aquelas estão mais em ligação com as necessidades do povo, enquanto que estes se relacionam com os direitos de Deus. As vestes representam as diversas funções e atributos do cargo sacerdotal. O "éfode" era o manto sacerdotal, e estando inseparavelmente ligado às ombreiras e ao peitoral, ensina-nos, claramente, que a força dos ombros do sacerdote e o afeto do seu coração estavam inteiramente consagrados aos interesses daqueles que representava, e a favor dos quais levava o éfode. Estas coisas, que eram simbolizadas em Arão, são realizadas em Cristo. O Seu poder onipotente e amor infinito pertencem-nos eternamente e incontestavelmente. Os ombros que sustêm o universo protegem até o mais fraco e obscuro membro da congregação redimida a preço de sangue. O coração de Jesus bate com afeto imorredouro até mesmo pelo membro menos considerado da assembleia redimida.
Os nomes das doze tribos, gravados sobre pedras preciosas, eram levados tanto sobre os ombros como sobre o peito do sumo sacerdote (vide versículos 9 a 12, 15 a 29).A excelência peculiar de uma pedra preciosa consiste no fato que quanto mais intensa é a luz que sobre ela incide, tanto maior é o seu brilho esplendente. A luz nunca pode obscurecer uma pedra preciosa; apenas aumenta e desenvolve o seu brilho. As doze tribos, tanto uma como outra, a maior como a menor, eram levadas continuamente à presença do Senhor sobre o peito e os ombros de Arão. Eram todas, e cada uma em particular, mantidas na presença divina em todo este resplendor perfeito da formosura inalterável que era próprio da posição em que a graça perfeita do Deus de Israel as havia colocado. O povo era representado diante de Deus pelo sumo sacerdote. Quaisquer que fossem as suas fraquezas, os seus erros, ou faltas, os seus nomes resplandeciam sobre o "peitoral" com imarcescível esplendor. O Senhor havia-lhes dado esse lugar, e quem poderia arrancá-los dali? Jeová tinha-os posto assim, e quem podia pô-los de outra forma? Quem teria podido penetrar no santuário para arrebatar de sobre o coração de Arão o nome de uma das tribos de Israel? Quem teria podido manchar o brilho que rodeava esses nomes no lugar onde Deus os havia colocado? Ninguém. Estavam fora do alcance de todo o inimigo — longe da influência de todo o mal.
Quão animador é para os filhos de Deus, que são provados, tentados, zurzidos e humilhados, pensar que Deus os vê sobre o coração de Jesus! Perante os Seus olhos, eles brilham sempre em todo o fulgor de Cristo, revestidos de toda a graça divina. O mundo não pode vê-los assim; mas Deus vê-os desta maneira, e nisto está toda a diferença. Os homens, ao considerarem os filhos de Deus, vêem apenas as suas imperfeições e defeitos, porque são incapazes de ver qualquer coisa mais; de sorte que o seu juízo é sempre falso e parcial. Não podem ver as jóias brilhantes com os nomes dos remidos gravados pela mão do amor imutável de Deus. É certo que os cristãos deveriam ser cuidadosos em não dar ocasião a que os homens do mundo falem injuriosamente; deviam procurar, fazendo bem, tapar a boca à ignorância dos homens maus (1 Pe 2:15). Se ao menos compreendessem, pelo poder do Espírito Santo, a graça em que brilham sem cessar, aos olhos de Deus, realizariam certamente as características de uma vida de santidade prática, pureza moral e engrandecimento perante os olhos dos homens. Quanto mais compreendermos, pela fé, a verdade objetiva, ou tudo o que somos em Cristo, tanto mais profunda, prática e real será a obra subjetiva em nós, e maior será a manifestação do efeito moral na nossa vida e caráter.
Mas, graças a Deus, não temos que ser julgados pelos homens, mas por Ele Próprio: e misericordiosamente mostra-nos o nosso sumo sacerdote levando o nosso juízo sobre o seu coração diante do Senhor continuamente (versículo 30). Esta segurança dá paz profunda e sólida ao coração—uma paz que nada pode abalar. Podemos ter de confessar e lamentar as nossas faltas e defeitos constantes; a nossa vista pode estar, por vezes, obscurecida de tal maneira por lágrimas de um verdadeiro arrependimento que não possa ver o brilho das pedras preciosas com os nossos nomes gravados, e todavia eles estão nelas. Deus os vê, e isto é suficiente. É glorificado pelo seu brilho; brilho que não é conseguido por nós, mas com que Ele nos dotou. Nada tínhamos senão trevas, tristeza, e deformidades; mas Deus deu-nos brilho, pureza e beleza. A Ele seja dado o louvor pelos séculos dos séculos!
C. H. Mackintosh
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