quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Frutos Amargos

(Comentário Gênesis 28)

Vamos seguir agora Jacó nos seus passos depois de ter deixado a casa de seu pai, para o vermos como vagabundo solitário na terra. E aqui que os principais desígnios de Deus a seu respeito começam a manifestar-se. Jacó começa agora a compreender, em certa medida, os frutos amargos do seu procedimento para com Esaú. Enquanto que, ao mesmo tempo, Deus é visto elevando-Se acima de toda a fraqueza e loucura do Seu servo e manifestando a Sua graça soberana e profunda sabedoria na forma como trata com ele.

Deus cumprirá o Seu propósito, não importa quais sejam os instrumentos usados para esse fim, mas se um filho Seu, em impaciência de espírito, e incredulidade de coração, se desliga das Suas mãos, deve esperar muito exercício doloroso e disciplina aflitiva. Foi assim com Jacó: não teria que fugir para Harã se tivesse permitido que Deus atuasse por ele. Deus teria certamente tratado com Esaú, e feito com que ele encontrasse o seu lugar e a sua parte; e Jacó poderia ter gozado aquela doce paz que nada pode conceder salvo inteira sujeição em todas as coisas aos desígnios de Deus.

E aqui está onde a fraqueza dos nossos corações é constantemente manifestada. Não permanecemos inativos nas mãos de Deus; queremos atuar e, por meio da nossa atuação, impedimos a manifestação da graça e poder de Deus em nosso favor. "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus" (Sl 46:10), é um preceito ao qual nada senão o poder da graça divina pode habilitar alguém a obedecer. "Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor. Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplicas, com ação de graças" (Fp 4:5-6).

Qual será logo o resultado de atuar assim? "E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus" (Fp 4:7).

Contudo, Deus domina graciosamente a nossa loucura e fraqueza, não obstante termos de colher os frutos dos nossos métodos impacientes, Ele serve-Se deles para nos ensinar ainda maiores lições da Sua graça e perfeita sabedoria. Isto, ao mesmo tempo que não justifica a incredulidade e a impaciência, mostra, maravilhosamente, a bondade do nosso Deus, e conforta o coração até mesmo quando passamos por circunstâncias dolorosas por causa das nossas faltas. Deus está acima de tudo; e, além disso, é Sua prerrogativa tirar bem do mal; dar comida do comedor é doçura do forte; e por isso, embora seja verdade que Jacó foi obrigado a exilar-se da casa de seu pai em consequência do seu próprio ato impaciente e enganoso, é igualmente verdade que ele nunca poderia ter aprendido o significado de "Betel" se tivesse ficado em casa. Deste modo os dois lados do quadro são fortemente marcados em cada acontecimento da história de Jacó. Foi quando ele foi expulso, pela sua própria loucura, da casa de Isaque, que foi levado a provar, em certa medida, a bem-aventurança e solenidade da "casa de Deus".

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