segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O Temor de Jacó


(Comentário Gênesis 28)

Deus revela-se a Jacó em graça infinita; contudo tão depressa Jacó acorda do sono, vemo-lo mostrando o seu verdadeiro caráter, e dando provas de quão pouco conhecia, praticamente, d'Aquele bendito Senhor que acabava de Se revelar dum modo tão maravilhoso ao seu coração: "...temeu e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a Casa de Deus; e esta é a porta dos céus".


O seu coração não estava tranquilo na presença de Deus; nem tão-pouco o pode estar qualquer coração até ser inteiramente esvaziado e quebrantado. Deus agrada-Se, bendito seja o Seu nome, dum coração quebrantado e um coração quebrantado sente-se ditoso na Sua presença. Porém o coração de Jacó ainda não estava nestas condições; nem tão-pouco tinha ele ainda aprendido a descansar, como uma criança, no amor perfeito d'Aquele que podia dizer: "Amei a Jacó".

"O perfeito amor lança fora o temor" (1 João 4:18); porém onde esse amor não é conhecido e inteiramente posto em prática, haverá sempre uma medida de ansiedade e perturbação. A casa de Deus e a presença de Deus não são terríveis para a alma que conhece o amor de Deus manifestado no sacrifício de Cristo.

Uma tal alma é antes levada a dizer: "SENHOR, eu tenho amado a habitação da tua casa e o lugar onde permanece a tua glória" (Sl 26:8). E, também, "Uma coisa pedi ao SENHOR e a buscarei: que possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR e aprender no seu templo" (Sl 27:4). "Quão amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! A minha alma está anelante e desfalece pelos átrios do SENHOR" (Sl 84:1-2). Quando o coração está firmado no conhecimento de Deus, amará certamente a Sua casa, qualquer que possa ser o caráter dessa casa, quer seja Betel, ou o templo de Jerusalém, ou a Igreja agora composta de todos os verdadeiros crentes, "edificados juntamente para morada de Deus em Espírito" (Ef 2:22). Todavia, o conhecimento de Jacó, tanto de Deus como da Sua casa, era muito superficial, neste ponto da sua história.

Teremos outra vez ocasião de tratar de alguns princípios ligados com Betel; e concluiremos agora a nossa meditação deste capítulo com uma breve observação do contrato de Jacó com Deus, tão próprio dele, e tão comprovativo da verdade da afirmação do seu pouco conhecimento do caráter divino. "E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR será o meu Deus; e esta pedra, que tenho posto por coluna, será Casa de Deus; e, de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo" (versículos 20 e 22). Observe-se "se Deus for comigo". Ora, o Senhor havia acabado de dizer, enfaticamente: "...estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra". E contudo o pobre coração de Jacó não pode ir além de um "se", nem tão-pouco nos seus pensamentos de Deus pode elevar-se acima de "pão para comer, e vestidos para vestir". Tais eram os pensamentos do homem que acabava de ter a visão magnificente da escada cujo topo tocava nos céus, com o Senhor em cima dela, e prometendo-lhe uma semente inumerável e uma possessão eterna. Jacó era evidentemente incapaz de entender a realidade e plenitude dos pensamentos de Deus. Julgou Deus por si próprio, e deste modo falhou completamente em compreendê-Lo. Numa palavra, Jacó não havia ainda chegado ao fim de si próprio; e por isso não havia começado realmente com Deus.

C. H. Mackintosh. Fonte: http://www.scribd.com/doc/105168410/Notas-Sobre-o-Pentateuco-Genesis-C-H-Mackintosh

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