terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Não Fazer Provisão de Maná para o Dia de Amanhã

(Comentário Êxodo 16)

Não acontecia assim [como no vaso de maná que ficava dentro da arca] quando o homem o acumulava para si. Então os sintomas de corrupção depressa se manifestavam. Não podemos fazer provisões, se compreendermos a verdade e realidade da nossa posição. É nosso privilégio apropriarmo-nos, dia a dia, da preciosidade de Cristo, como Aquele que desceu do céu para dar vida ao mundo. Porém, se alguém, esquecendo-se disto, entesoura para o dia de amanhã, isto é, se reserva verdade além das suas necessidades, em vez de a converter em proveito da renovação das suas forças, a verdade certamente corromper-se-á. Eis uma lição salutar para nós. É uma cosia muito séria aprender a verdade; porque não existe um princípio que professamos ter aprendido que não teremos que provar na prática. Deus não nos quer teóricos. Trememos muitas vezes ao ouvir como algumas pessoas, quando oram, fazem ardentes votos de consagração, temendo que, quando chegar a hora da provação, não tenham o poder espiritual necessário para executar o que os seus lábios têm pronunciado.

Existe o grande perigo do intelecto ultrapassar a consciência e os afetos do coração. É por isso que muitos parecem fazer, logo ao princípio, um rápido progresso, até um certo ponto; mas então param de repente e parece retrocederem. Como um israelita que apanhasse mais maná do que precisava para o sustento do dia. Podia parecer muito mais diligente que os outros, fazendo reserva do alimento celestial; contudo cada partícula a mais das necessidades do dia não só era inútil, mas muito pior do que inútil, visto que "criava bichos". É assim com o cristão: deve usar o que tem—deve alimentar-se de Cristo como necessidade premente e essa necessidade manifesta-se no seu serviço. O caráter e os caminhos de Deus e a preciosidade e beleza de Cristo, assim como as vivas profundidades das Escrituras são somente reveladas à fé e às necessidades presentes da alma. É na medida em que usamos o que recebemos que mais nos será dado. A vida do crente tem de ser prática; e é nisto que muitos de nós fracassamos. Acontece frequentemente que aqueles que progrediam mais depressa em teoria são os mais vagarosos nos elementos práticos e experimentais, porque se trata mais de um trabalho intelectual que do coração e da consciência. Nunca devemos esquecer que o Cristianismo não é um conjunto de opiniões, um sistema de dogmas ou um determinado número de pontos de vista. É uma realidade viva por excelência—uma coisa pessoal, prática, poderosa, anunciando-se a si própria em todas as circunstâncias e cenas da vida diária, espalhando a sua influência santa sobre o caráter e a vida do indivíduo e transmitindo as suas disposições celestiais a todas as relações a que o cristão possa ser chamado por Deus a cumprir.

Em resumo, é o resultado de se estar associado e ocupado com Cristo. Tal é o cristianismo. Pode haver ideias corretas e princípios sãos e pontos de vista claros sem se ter a menor comunhão com Jesus; porém um credo ortodoxo sem Cristo não é mais que uma coisa fria, estéril e morta.

Que o leitor cristão se certifique de que não só está salvo por Cristo como vive, também, d'Ele. De fazer d'Ele a sua porção diária, buscá-Lo "de manhã" e a "Ele só". Quando qualquer coisa despertar a sua atenção, durante o dia, deve fazer esta interrogação: "Contribuirá isto para que Cristo venha ao meu coração? Será isto um meio de aumentar o meu afeto por Ele ou de me aproximar mais da Sua Pessoal Se a resposta for negativa deve rejeitar o que quer que for imediatamente: sim, rejeitar, ainda mesmo que o objetivo que chama a sua atenção seja o mais agradável à vista e se presente com o mais respeitável aspecto. Se o seu propósito for avançar e fazer progresso na vida divina, então deve cultivar a sua familiaridade pessoal com Cristo; só então poderá reclamar do seu coração o cumprimento fiel desta lealdade. Deve fazer de Cristo o seu alimento diário. Deve juntar o maná que desce sobre o orvalho e alimentar-se dele com o apetite provocado pela companhia diligente com Deus através do deserto. Que a graça de Deus o fortifique abundantemente, por meio do Espírito Santo (1).

(1) O leitor tirará muito proveito com a meditação do capítulo 6 do Evangelho de João, em relação com o assunto do maná. Estando perto a páscoa, Jesus alimenta a multidão, e depois retira-se para um monte, para estar só. Dali vem em auxílio dos Seus, que se acham aflitos sobre as águas do lago. Depois disto revela a doutrina da Sua Pessoa e da sua Obra, e declara que dará a Sua carne pela vida do mundo e que ninguém pode ter vida se não comer a Sua carne e beber o Seu sangue. Finalmente fala de Si Mesmo como subindo para onde estava primeiro e do poder vivificador do Espírito Santo. É, na verdade rico e abundante em verdade espiritual para conforto e edificação da alma. revela a doutrina da Sua Pessoa e da sua Obra, e declara que dará a Sua carne pela vida do mundo e que ninguém pode ter vida se não comer a Sua carne e beber o Seu sangue. Finalmente fala de Si Mesmo como subindo para onde estava primeiro e do poder vivificador do Espírito Santo. É, na verdade rico e abundante em verdade espiritual para conforto e edificação da alma.

C. H. Mackintosh

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