(Comentário Êxodo 20)
Depois de tudo que temos visto, há um interesse particular para o homem espiritual observar a posição relativa de Deus e o pecador no fim deste memorável capítulo. "Então, disse o Senhor a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel:... Um altar de terra me farás e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, e as tuas ofertas pacíficas e as tuas ovelhas, e as tuas vacas; em todo lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, VIREI A TI E TE ABENÇOAREI. E, se me fizeres um altar de pedras, não o farás de pedras lavradas; se sobre ele levantares o teu buril, profaná-lo-ás. Não subirás também por degraus ao meu altar, para que a tua nudez não seja descoberta diante deles" (versículos 22 á 26).
Não vemos nesta passagem o homem na posição de fazer obras, mas na de um adorador: e isto no fim do capítulo 20 do Êxodo. Este fato ensina-nos claramente que o ambiente de Sinai não é aquele que Deus quer que o pecador respire — o monte de Sinai não é o lugar próprio para o encontro de Deus com o homem: "... em todo o lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome virei a ti e te abençoarei". Como esse lugar onde Jeová faz celebrar a memória do Seu nome, e onde vem para abençoar o Seu povo em adoração, é diferente dos terrores do monte fumegante! Mas, além disso, pode encontrar-Se com o pecador num altar sem pedras lavradas ou degraus—um lugar de culto cuja construção não necessita da arte do homem ou esforço humano para dele se aproximar. As pedras lavradas por mão do homem só podiam manchar o altar e os degraus só podiam descobrir a "nudez" humana. Que símbolo admirável do lugar onde Deus encontra agora o pecador, a própria Pessoa e obra de Seu Filho, Jesus Cristo, em Quem todas as exigências da lei e da justiça e da consciência são perfeitamente cumpridas! Em todos os tempos e em todos os lugares, o homem tem estado sempre pronto, de um modo ou de outro, a levantar os seus instrumentos na construção do seu altar ou para se aproximar dele pelos degraus de sua própria invenção. Porém, o resultado dessas tentativas tem sido a contaminação e a nudez... "todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; e todos nós caímos como a folha, e as nossas culpas, como um vento, nos arrebatam" (Isaías 64:6). Quem se atreveria a aproximar-se de Deus com um vestuário de "trapo da imundície?" Ou quem poderá adorá-Lo na sua "nudeza"? Que maior absurdo poderia haver do que pensar em chegar à presença de Deus de um modo que necessariamente inclui contaminação ou nudeza? E contudo sucede assim sempre que o esforço humano é empregado para abrir o caminho para Deus. Não somente esse esforço é desnecessário como está marcado com a contaminação e a nudez. Deus veio tão perto do pecador, até mesmo à profundidade da sua ruína, que não há necessidade de ele levantar o instrumento da legalidade ou de subir os degraus da justiça própria — fazê-lo é apenas expor a sua imundícia e a sua nudez.
São estes os princípios com que o Espírito Santo termina esta parte notável deste livro inspirado. Que Deus os inscreva em nossos corações de forma a podermos compreender claramente a diferença essencial entre a LEI e a GRAÇA.
C. H. Mackintosh
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