sexta-feira, 17 de abril de 2020

A Flor de Farinha Sobre a Qual "Deitarás Azeite"

(Comentário Levítico 2 A OFERTA DE MANJARES: CRISTO NA SUA HUMANIDADE)

Havendo procurado assim descrever a verdade simbolizada pela "flor de farinha amassada com azeite", podemos considerar outro ponto de grande interesse na expressão "e sobre ela deitarás azeite". Nisto temos uma figura da unção do Senhor Jesus Cristo pelo Espírito Santo. O corpo do Senhor Jesus não foi apenas preparado misteriosamente pelo Espírito Santo, como foi ungido, como vaso santo e puro, para o serviço pelo mesmo poder. "E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele, em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se uma voz do céu que dizia: Tu és o meu Filho amado; em ti me tenho comprazido" (Lucas 3:21-22).

O fato de o Senhor Jesus ter sido ungido pelo Espírito Santo antes da Sua entrada no ministério público é de imensa importância prática para todo aquele que deseja realmente ser um verdadeiro e efetivo servo de Deus. Embora concebido quanto à Sua humanidade pelo Espírito Santo; posto que na Sua Própria Pessoa fosse "Deus manifestado em carne"; apesar da plenitude da Divindade habitar corporalmente n'Ele; contudo, é bom notar que, quando se manifesta como homem, para fazer a vontade de Deus na terra, qualquer que fosse essa vontade, quer pregando o evangelho, ou ensinando nas sinagogas, quer curando os enfermos ou purificando os leprosos, quer expulsando os demônios, alimentando os famintos ou ressuscitando os mortos, fez tudo pelo Espírito Santo. O vaso santo e celestial em que aprouve ao Deus Filho aparecer no mundo foi formado, ungido e dirigido pelo Espírito Santo.

Que profunda e santa lição para nós! Uma lição tão necessária como salutar! Quão propensos somos a correr sem sermos enviados! Quão propensos a atuar na energia da carne! Quanto daquilo que se parece com ministério não passa de atividade inquieta e profana de uma natureza que nunca foi medida nem julgada na presença divina! Na realidade, nós precisamos contemplar atentamente a nossa divina "oferta de manjares" para compreendermos melhor o significado da "flor de farinha amassada com azeite". Precisamos meditar profundamente sobre o próprio Cristo, que, apesar de possuir, na Sua própria pessoa, poder divino, contudo, fez toda a Sua obra, operou todos os Seus milagres, e, finalmente, "ofereceu-se a si mesmo imaculado a Deus" pelo Espírito eterno (Hebreus 9:14). Ele podia dizer: "Eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus" (Mateus 12:28).

Nada tem qualquer valor senão aquilo que é realizado pelo poder do Espírito Santo. Um homem pode escrever; porém se a sua pena não for guiada e usada pelo Espírito Santo, as suas linhas não produzirão resultados permanentes. Um homem pode falar; mas se os lábios não forem ungidos pelo Espírito Santo, as suas palavras não criarão raízes. Isto merece a nossa solene consideração, e, se for devidamente ponderado, levar-nos-á a muita vigilância sobre nós próprios e a uma dependência sincera do Espírito Santo. O que precisamos é despojarmo-nos inteiramente do ego, a fim de haver lugar para o Espírito agir por nosso intermédio. É impossível que um homem cheio de si mesmo possa ser o vaso do Espírito Santo. Um tal homem deve primeiro despojar-se de si mesmo, e então o Espírito Santo pode usá-lo. Quando contemplamos a Pessoa e o ministério do Senhor Jesus, vemos como em todas as cenas e circunstâncias, atua pelo poder direto do Espírito Santo. Havendo tomado o Seu lugar, como homem, no mundo, mostrou que o homem deve viver não somente da Palavra, mas atuar pelo Espírito de Deus. Ainda que, como homem, a Sua vontade fosse perfeita — os Seus pensamentos, as Suas palavras e as Suas obras eram em tudo perfeitas —, contudo, não atuava senão pela direta autoridade da Palavra e pelo poder do Espírito Santo. Oh! se nisto, como em tudo mais, nós pudéssemos seguir mais de perto e fielmente as Suas pisadas! Então o nosso ministério seria verdadeiramente eficaz, o nosso testemunho mais fecundo e toda a nossa vida para a glória de Deus.

C. H. Mackintosh

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