quarta-feira, 3 de abril de 2013

A Má Consciência de Jacó

(Comentário Gênesis 32)

"E foi também Jacó o seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus". Apesar de tudo, a graça de Deus ainda segue Jacó. Nada pode alterar o amor de Deus. Quem Ele ama, e como ama, ama-o até ao fim. O Seu amor é como Ele Próprio, "o mesmo ontem, e hoje, e eternamente" (Hb. 13:8). Contudo, o pouco efeito que "o exército de Deus" produziu em Jacó pode ser visto pelos seus atos descritos neste capítulo. "E enviou Jacó mensageiros diante da sua face a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, território de Edom." Jacó sente-se evidentemente inquieto a respeito de Esaú, e com razão: havia-o tratado mal, e a sua consciência não estava tranquila. Contudo em vez de confiar em Deus sem reservas, ele entrega-se outra vez aos seus próprios planos, de modo a impedir a ira de Esaú. Procura entender-se com Esaú, em vez de apoiar-se em Deus.

"E ordenou-lhes, dizendo: Assim direis a meu senhor Esaú: Assim diz Jacó, teu servo. Como peregrino morei com Labão e me detive lá até agora." Tudo isto indica uma alma muito afastada do seu centro em Deus. "Meu senhor", e "teu servo", não é a linguagem própria de um irmão ou de alguém cônscio da dignidade da presença de Deus; mas era a linguagem de Jacó, e de Jacó, também, com uma má consciência.

"E os mensageiros tornaram a Jacó, dizendo: Fomos a teu irmão Esaú; e também ele vem a encontrar-te, e quatrocentos varões com ele. Então, Jacó temeu muito e angustiou-se." Mas o que faz ele primeiramente?- Confia em Deus? Não, começa a atuar:

"... repartiu em dois bandos o povo que com ele estava, e as ovelhas, e as vacas, e os camelos. Porque dizia: Se Esaú vier a um bando, e o ferir, o outro bando escapará." O primeiro pensamento de Jacó era sempre um plano, e ele não é mais que um verdadeiro exemplo do pobre coração humano. Verdade é que depois de ter feito o seu plano ele volta-se para Deus, e pede-Lhe libertação; mas tão depressa acaba de orar, recomeça os seus planos. Bom, orar e fazer planos nunca dará resultado. Se eu fizer planos, estou confiando, mais ou menos, nos meus planos; mas quando oro, devo descansar unicamente em Deus. Por isso, as duas coisas são inteiramente incompatíveis: destroem-se virtualmente uma à outra. Quando a minha vista está ocupada com a minha própria administração das coisas não estou preparado para ver Deus atuar por mim; e nesse caso, a oração não é a expressão da minha necessidade, mas apenas o cumprimento supersticioso de alguma coisa que julgo deve ser feita, ou pode ser o pedido a Deus para santificar os meus planos. Isto nunca dará resultado. O princípio não é pedir a Deus para santificar e abençoar os meus planos, mas pedir-Lhe para o fazer Ele Próprio (1).

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(1) Sem dúvida, quando a fé deixa Deus atuar, Ele empregará os Seus meios; porém isto é uma coisa totalmente diferente de Ele aceitar e abençoar os planos e preparativos da incredulidade e impaciência. Esta distinção não é suficientemente compreendida.
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