sexta-feira, 26 de abril de 2013

Cristianismo Prático

(Comentário Romanos 12)

CHEGAMOS agora à justiça prática, o estado e o andar daqueles que foram feitos recipientes da graça de Deus, daqueles que foram tomados em soberano e livre favor, e justificados de todas as coisas; sem nenhuma condenação em Cristo. É por esta mesma compaixão de Deus que estes preceitos lhes são endereçados. "Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." (Rm 12.1) Certamente é preciso um pouco de exercício da razão, no que diz respeito ao nosso corpo, para sujeitá-lo a um culto racional ou inteligente. Estamos "esperando a adoção, a saber,a redenção do nosso corpo". (Rm 8.23) Ele está para ser conformado ao Seu corpo glorioso. Estamos para levar a imagem do que é celestial. Mesmo no que diz respeito ao nosso corpo, logo deveremos vê-Lo e ser como Ele é. (Veja Filipenses 3.20,21; 1 Coríntios 15.48; 1 João 3.2.)

Portanto, estando cientes de tudo isso, podemos sujeitar nosso corpo desde já, para que pertença a Ele, para ser usado em santa separação, por Ele e para Ele. Que privilégio! Mas isto não será possível se estivermos conformados com este mundo -- um mundo em inimizade contra Ele. E, assim como fomos renovados em espírito, "transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Rm 12.2)

Se Deus nos salvou, em pura misericórdia e compaixão, busquemos, então, de modo inteligente, procurar conhecer Sua vontade, experimentando qual é essa vontade. Isto irá exigir inteligência espiritual quanto ao tempo ou dispensação em que nos encontramos. A boa, agradável, e perfeita vontade de Deus quanto a isso só pode ser conhecida e experimentada em humildade de espírito e em completa dependência.

"Porque pela graça, que me é dada." (Rm 12.3) Que necessidade constante há de uma consciência do livre favor que nos foi individualmente demonstrado, e concedido a cada um de nós! É isto o que nos capacita a termos um conceito humilde acerca de nós mesmos, e a pensarmos com temperança, ou pensarmos com sabedoria, conforme a medida de fé que Deus repartiu a cada um.

Assim como houve, na dispensação passada, uma nação na carne, e uma aliança de mandamentos adequada àquela dispensação, "assim nós, que somos muitos, somos um só corpo EM CRISTO, mas individualmente somos membros uns dos outros". (Rm 12.4,5) Que contraste é isto com Israel; e devemos ter entendimento disto, ou não poderemos provar a agradável vontade de Deus para conosco neste momento. No passado, ninguém poderia estar em Cristo. Jesus devia morrer, e ressuscitar de entre os mortos, ou então permanecer só; mas somos agora um corpo em Cristo. E esta verdade deve reger toda a nossa obediência a Cristo. Devemos agir em união, como acontece com os vários membros do corpo humano, pois somos um só corpo em Cristo. Aqui não se trata tanto da doutrina do um só corpo, mas da prática de todos os membros desse corpo.

Devemos estar sempre lembrando que, "tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada". (Rm 12.6) Com certeza, qualquer que seja o serviço exercido no um só corpo em Cristo, é tudo pura graça, tudo livre favor. Tendo esta bendita consciência do livre favor de Deus, sejamos diligentes no serviço, qualquer que seja ele -- seja profecia, ministério, ensino, exortação ou o presidir. Que tudo seja feito com alegria. Estes preceitos são tão claros que não há necessidade de explicação, além de vermos que tudo deve ser feito em referência ao um só corpo em Cristo. Todavia, cada um destes preceitos é da maior importância, e só pode ser guardado andando-se no Espírito, pois, na verdade, estes são frutos do Espírito. Poderia a carne, que continua em nós, cumprir o "apegai-vos ao bem", ou o "preferindo-vos em honra uns aos outros", ou ainda o "abençoai aos que vos perseguem"? (Rm 12.10-14) De modo nenhum; ela irá sempre oprimir aquilo que é nascido do Espírito. "Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes." (Rm 12.16) Isto é exatamente o oposto das maneiras deste mundo.

Quão prontos somos a esquecer este bendito ensino dos versículos 17 ao 19. Quão pronta está a carne para pagar mal com mal. E quão triste é quando a indolência toma o lugar da busca pelas coisas honestas perante todos os homens. Sim, se não tiver cuidado, o cristão pode cair em quase todas as formas de desonestidade universalmente praticadas no mundo. E acaso uma transação enganosa e desonesta não tem o mesmo caráter de um assalto? Estas são palavras que deveriam estar penduradas na parede de cada escritório, oficina e estabelecimento: "PROCURAI AS COISAS HONESTAS PERANTE TODOS OS HOMENS". Oh, que tenhamos mais fé e uma obediência resoluta nas coisas comuns do dia-a-dia. Estamos convencidos de que a falta de cuidado nestas coisas, quando não se trata de algo pior ainda do que o descuido, é a causa de muita de nossa fraqueza. E quão pronta está a carne de cada um de nós para se vingar! Mas estas são as palavras do Espírito: "Não vos vingueis a vós mesmos, amados". (Rm 12.19)

Será que Ele, cujo nome tão precioso levamos, vingou-Se a Si próprio? O dia da vingança e do juízo que cairá sobre um mundo ímpio ainda virá, mas não é certo que somos seguidores dAquele que curou a orelha de Seu inimigo? Oh, que possamos ser mais semelhantes a Ele! Que ternas palavras são estas: "se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer: se tiver sede, dá-lhe de beber". (Rm 12.20) Onde, além das Sagradas Escrituras da verdade, poderíamos encontrar palavras assim? Deixe o homem entregue a si mesmo; irá ele agir assim? Não, não; estes são os preciosos frutos do Espírito. Possam eles abundar em nós cada vez mais.

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