quinta-feira, 9 de julho de 2020

Saiamos a Ele fora do Arraial -- Parte 1

(Comentário Levítico 4 - 5:13OS SACRIFÍCIOS QUE NÃO SÃO DE CHEIRO SUAVE)

Consideremos agora o que era feito da "carne" ou "corpo" do sacrifício, no qual, como já foi acentuado, encontramos o verdadeiro fundamento do discipulado. "Todo aquele novilho, levará fora do arraial, a um lugar limpo, onde se lança a cinza, e o queimará com fogo" (Levítico 4:12). Este ato deve ser encarado sob um duplo aspecto: primeiro, como expressão do lugar que o Senhor Jesus tomou por nós, levando sobre Si o pecado; depois, como expressão do lugar para onde foi lançado por um mundo que O havia rejeitado. É para este último ponto que pretendo chamar a atenção do leitor.

O uso que o apóstolo faz em Hebreus 13:13 do fato de Cristo haver padecido "fora da porta" é profundamente prático. "Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério (rejeição)". Se os sofrimentos de Cristo nos têm assegurado uma entrada no céu, o lugar onde Ele sofreu representa a nossa rejeição pela terra. A sua morte tem-nos proporcionado uma cidade nas alturas; o lugar onde Ele morreu priva-nos de uma cidade aqui. Ele "padeceu fora da porta", e, fazendo-o, pôs de lado Jerusalém como centro das operações divinas. Não existe aquilo que poderíamos chamar de um lugar consagrado na Terra. Cristo tomou o Seu lugar, como o Sofredor, fora dos limites da religião deste mundo — da sua política e tudo que lhe pertence. O mundo aborreceu-O e lançou-O fora. Portanto, a Escritura diz "Saiamos". Este é o lema quanto a tudo que os homens levantem como "arraial" não obstante o que esse arraial possa ser. Se os homens levantarem uma "cidade santa" devemos procurar um Cristo rejeitado "fora da porta". Se os homens levantarem um arraial religioso, qualquer que seja o nome que se lhe queira dar, "saiamos" dele a fim de encontrarmos o Cristo rejeitado. Não é que a cega superstição não possa escavar as ruínas de Jerusalém para nelas encontrar as relíquias de Cristo. Certamente que o fará e já o tem feito. Fingirá ter encontrado e honrado o sítio da Sua cruz e do Seu sepulcro. A cobiça da natureza, aproveitando-se da superstição da natureza, também tem levado a efeito durante séculos um mercado lucrativo, com o astuto pretexto de prestar honra aos chamados lugares sagrados da antiguidade. Porém um simples raio de luz da lâmpada da Revelação celestial é suficiente para nos autorizar a dizer que é preciso sair de todas estas coisas a fim de encontrar e desfrutar da comunhão com um Cristo rejeitado.

C. H. Mackintosh

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